Dra Cristiane Pacheco | WhatsApp

Qual contraceptivo escolher?

Desde que surgiram, os contraceptivos modernos representaram uma grande mudança na sociedade, permitindo um maior planejamento familiar. Atualmente, as mulheres e os homens podem adotar medidas para a prevenção de gestações e escolher o melhor momento para ter seus filhos. No entanto, a escolha da contracepção deve preferencialmente ser feita com o auxílio de um médico.

Afinal, existem inúmeros métodos disponíveis no mercado, mas cada um deles apresenta indicações e contraindicações específicas. Portanto, a escolha depende de uma avaliação da saúde da paciente com uma anamnese completa e um exame físico cuidadoso.

Quer entender melhor esse tema? Acompanhe o nosso post!

Quais são os tipos de contraceptivos que existem?

Antes de falar sobre contracepção, é muito importante entender que a prevenção de gestações indesejadas não é o único objetivo de ter relações sexuais protegidas. Quando não se conhece bem os parceiros e a sua saúde sexual, é muito importante utilizar um método que previna também as doenças sexualmente transmissíveis, como a sífilis, a clamídia e a gonorreia.

Atualmente, a camisinha é o único método que oferece essa proteção global contra diversas DSTs e as gestações. Nada impede que a camisinha seja utilizada com outros métodos, reforçando ainda mais a contracepção.

A camisinha é considerada um método contraceptivo de barreira. Em outras palavras, ela impede a gravidez ao criar uma barreira física que impede a progressão dos espermatozoides através do sistema reprodutor feminino.

Outros métodos de barreira são:

  • Diafragma;
  • Esponja contraceptiva.

Existem outros tipos de anticoncepcionais, como:

  • Métodos hormonais — utilizam hormônios para prevenir a gravidez. Eles podem ser administrados de diferentes formas, como os implantes subcutâneos e intrauterinos, os adesivos, as injeções, as pílulas de progesterona e o anel contraceptivo vaginal;
  • DIU intrauterino metálico — é um implante com fragmentos de cobre, que libera íons progressivamente e faz com que as características do muco endometrial/cervical se modifiquem, impedindo a passagem dos espermatozoides ejaculados;
  • Métodos cirúrgicos — são técnicas cirúrgicas que interrompem os canais de trânsito dos gametas sexuais.

Como escolher o melhor contraceptivo?

Na consulta médica de planejamento familiar, o ginecologista vai seguir os seguintes passos:

  • Conhecê-la melhor, criando uma relação de respeito e empatia;
  • Entender se você já tem alguma preferência por algum método e se já teve efeitos colaterais com alguma medicação anteriormente;
  • Explicar que a escolha de um método contraceptivo envolve diversos fatores e que a tomada de decisão é sempre compartilhada com você. Para isso, ele falará sobre as principais opções, seus benefícios e seus riscos;
  • Conversar um pouco sobre seu comportamento no dia a dia. A escolha do método contraceptivo depende, por exemplo, da capacidade de cada paciente de aderir ao tratamento.

Ele vai buscar entender alguns pontos da sua saúde geral que importantes para a escolha da contracepção, como:

  • História pregressa ou familiar de algum distúrbio da coagulação, de tromboembolismos e acidentes vasculares cerebrais;
  • Uso de outras medicações;
  • Comorbidades ginecológicas;
  • Passado reprodutivo e obstétrico.

Comportamento

Esse é um ponto muito importante para a escolha de um método de contracepção. Algumas mulheres têm muita dificuldade em tomar medicações regularmente, — relatam esquecimentos frequentes de doses.

Nesses casos, os métodos com ação prolongada são mais indicados. Esse é o caso de:

  • dispositivos uterinos, que têm ação de 3 a 10 anos, sem necessidade de reaplicação;
  • implantes subcutâneos, que são colocados sob a pele e liberam uma quantidade pequena de hormônios inibidores. Eles podem durar até 5 anos;
  • injeções hormonais, que são aplicadas a cada mês ou trimestre.

O comportamento sexual também influencia a escolha. Caso a mulher não tenha um parceiro fixo no qual confie, a camisinha deve ser sempre utilizada em associação aos outros métodos contraceptivos. Afinal, ela é a única capaz de evitar doenças sexualmente transmissíveis.

Histórico de saúde

Como dissemos, existem determinadas condições médicas que levam à contraindicação de determinados métodos. Por exemplo, em pacientes com risco mais elevado de eventos tromboembólicos, alguns medicamentos hormonais devem ser evitados, pois aumentam o risco de formação de coágulos.

Da mesma forma, podemos aproveitar o efeito de determinado fármaco anticoncepcional para ajudar no tratamento de uma doença concomitante. Por exemplo, tem-se visto um benefício significativo no uso de DIU Mirena em pacientes com endometriose. Então, caso tenha essa condição e não deseje engravidar em curto prazo, essa medicação traria um benefício duplo.

Histórico obstétrico e reprodutivo

Os métodos cirúrgicos, por lei, somente podem ser empregados caso o indivíduo tenha 2 filhos vivos atualmente ou mais de 25 anos. Então, isso serve tanto para o homem (vasectomia) quanto para a mulher (laqueadura).

Portanto, a escolha de um contraceptivo é complexa e deve preferencialmente ser acompanhada por um médico experiente. Dessa forma, garantimos uma avaliação completa da sua saúde e dos seus objetivos reprodutivos. Isso pode prevenir complicações, falhas e efeitos adversos que eventualmente surgem no processo.

Quer saber mais sobre os contraceptivos e quais podem ser utilizados por cada paciente? Confira este texto sobre o tema!

Vacinação da gestante

A vacinação da gestante é muito importante e não pode ser abandonada durante a gestação, embora haja particularidades. Portanto, elas somente devem ser tomadas sob orientação médica dentro do acompanhamento de pré-natal.

Afinal, existem alguns tipos de vacina que são contraindicadas durante a gestação. Da mesma forma, há imunizantes que são prioritários para esse grupo.

Quer entender melhor? Acompanhe nosso post!

Segurança da vacinação da gestante

Para compreender a segurança da vacinação durante a gestação, é muito importante que você saiba quais são os tipos de vacina, que são:

  • Inativadas — são vacinas com microrganismos mortos ou fragmentos deles. Elas têm a capacidade de serem reconhecidos pelo sistema imunológico, mesmo que não contenham nenhum patógeno vivo;
  • Vacinas com o microrganismo vivo enfraquecido (atenuado) — são vacinas produzidas com microrganismos ainda vivos, mas eles passam por diversos processos que reduzem bastante a capacidade de se multiplicar. Com isso, em pessoas saudáveis, eles são combatidos com eficácia pelo sistema imunológico com nenhum risco de causar infecção. No entanto, como as mulheres grávidas ficam com a imunidade alterada e o feto ainda está em formação, esse tipo de vacina não é segura para elas.

Portanto, as vacinas inativas testadas em gestantes são muito seguras para elas e não oferecem nenhum risco adicional. Pelo contrário, protegem a mãe e o bebê contra infecções muito comuns e que estão relacionadas a complicações graves.

As vacinas podem afetar o feto?

Como explicamos, apenas as vacinas de microrganismo vivo atenuado são uma preocupação maior. Nos demais casos, é importante saber se a segurança da vacina foi avaliada em gestantes durante os estudos de desenvolvimento do imunizante. Essa é uma informação que seu médico conhece.

As vacinas consideradas seguras nas pesquisas não causam nenhuma complicação grave para a mãe e o feto. Na realidade, o risco é muito maior se elas não forem tomadas. Afinal, haverá uma vulnerabilidade do seu organismo e do bebê contra infecções que trazem consequências severas.

Recentemente, criou-se um mito popular de que as vacinas podem causar autismo em crianças. No entanto, dezenas de estudos sérios já foram feitos em todo o mundo. Eles não apontaram nenhuma associação das vacinas com um maior risco de autismo.

As pesquisas que mostram uma associação com autismo geralmente não apresentam uma qualidade técnica adequada. Então, suas conclusões não podem ser levadas em consideração. Em relação às vacinas indicadas para as gestantes, uma absoluta maioria da comunidade de ginecologistas e obstetras as considera extremamente seguras para a mãe e o feto em curto, médio e longo prazos.

Vacinação na gestação

As vacinas da gestante são aquelas que foram testadas nesse grupo e não apresentam vírus vivo atenuado. Além disso, é muito importante vacinar a gestante apenas para condições que são uma preocupação significativa para a saúde da mãe e do bebê (antes e depois do nascimento). Elas são:

  • Tríplice bacteriana (dTPa ou dT) para todas as gestantes;
  • Hepatite B em três doses para gestantes não vacinadas ou suscetíveis. A hepatite B é uma doença muito prevalente no ambiente hospitalar e gora dele, pois é provocada por um vírus muito resistente;
  • Influenza em dose única anual. Apesar de geralmente leve em pessoas saudáveis, a gripe por influenza está associada a complicações gestacionais, como abortamento e nascimento prematuro.

A tríplice bacteriana protege contra três doenças muito perigosas para a gestação:

  • Coqueluche, que é uma das principais causas de morte neonatal e em bebês até 6 meses de idade;
  • Tétano. Essa doença já foi uma das principais causas de morte neonatal. A bactéria pode estar presente no ambiente, em instrumentos cirúrgicos e em diversos locais que a mãe e o bebê têm contato durantes e após o parto. Ela tem levada letalidade;
  • Difteria, uma doença relacionada a casos de obstrução respiratória grave, levando frequentemente o bebê ao óbito.

O calendário de vacinação na gestação é muito complexo e depende da avaliação de diversas variáveis, como a identificação da idade gestacional. Por isso, é muito importante que você procure um médico para o acompanhamento pré-natal, o qual indicará quais vacinas tomar e em qual momento da gravidez elas precisarão ser aplicadas.

As vacinas contraindicadas para as gestantes são aquelas fabricadas com microrganismo vivo atenuado. As principais são:

  • Tríplice viral;
  • BCG;
  • HPV;
  • Varicela;
  • Dengue.

Há vacinas que devem ser aplicadas em situações excepcionais, como surtos, epidemias e exposição conhecida. Nesse grupo, enquadram-se as vacinas contra:

  • Pneumococos;
  • Haemophilus influenzae;
  • Meningococos;
  • Hepatite A;
  • Febre amarela;
  • Poliomielite;
  • Raiva.

Como os anticorpos da mãe são transmitidos pela placenta e pelo leite materno, eles protegem o bebê durante vários meses após o nascimento. Então, uma mãe vacinada durante a gestação está cuidando do seu filho antes, durante e depois do parto. Portanto, a vacinação da gestante é uma medida de amor e cuidado.

Quer saber mais sobre o puerpério, o período pós-parto? Confira nosso texto completo sobre esse tema!

Placenta prévia: o que é?

A placenta é a principal estrutura de conexão do organismo do feto com o corpo da mãe. Nesse local, ocorrem as principais trocas entre eles, fazendo com que o oxigênio e os nutrientes cheguem adequadamente ao bebê.

Ela ainda tem a importante função de ser um filtro contra diversos resíduos e substâncias que podem comprometer o desenvolvimento fetal. Existem condições que podem afetar essa estrutura, como a placenta prévia, trazendo cuidados adicionais para o acompanhamento de uma gravidez.

Quer entender melhor? Acompanhe o nosso post até o final!

O que é a placenta e sua função?

A placenta começa a se formar nas primeiras semanas de gestação. Nos primeiros dias após a formação do feto, suas células começam a se multiplicar e se diferenciar. Com isso, surge uma camada chamada de trofoblasto, que evoluirá para formar a placenta, o saco vitelino e outros anexos embrionários importantes para a evolução da gestação.

Quando o embrião chega ao útero, as células originadas dessa camada começam a se infiltrar no endométrio, a camada de revestimento da cavidade uterina. A partir disso, o processo de formação da placenta se inicia:

  • Na segunda semana após a fertilização, o trofoblasto começa a se diferenciar ainda mais e formar vilosidades, pequenas saliências, no endométrio rico em vasos sanguíneos;
  • Na terceira semana, essas vilosidades se conectam com os vasos sanguíneos do endométrio para fazer essa ponte entre a circulação sanguínea da mãe e com a do bebê.

Assim, surge a placenta, que é essencial para o desenvolvimento adequado da gestação. Geralmente, ela se implanta na parte superior ou lateral do útero e se conecta ao bebê, que está envolto pelo líquido amniótico abrigado dentro do saco embrionário. A placenta se conecta ao bebê pelo cordão umbilical, onde estão vasos que levam sangue para dentro e para fora do feto.

No entanto, pode ocorrer diversos tipos de defeitos de implantação. Um dos mais comuns e preocupantes é a placenta prévia, que ocorre quando essa estrutura se forma total ou parcialmente na superfície do colo uterino.

O que é o colo do útero, onde fica e sua função?

O colo uterino é uma estrutura de transição do útero para a vagina. Ele é uma continuidade da parede uterina, mas apresenta funções específicas. Por meio do canal cervical, ele faz a conexão a parte superior e a inferior do sistema reprodutor feminina.

Através do canal cervical, passa a menstruação da mulher a cada ciclo. Além disso, durante o trabalho de parto, o colo uterino se dilata para a passagem do bebê. Por isso, quando a placenta cobre essa região, ocorrem complicações para o parto e para a gestação como um todo.

O que é placenta prévia?

A placenta prévia pode ser dividida em três formas principais:

  • Marginal, em que a placenta está próxima ao colo uterino, mas não cobre o seu orifício interno;
  • Parcial — há uma obstrução parcial dessa abertura do colo uterino;
  • Total — há uma obstrução completa da abertura do colo uterino, sendo a forma mais complicada da placenta prévia.

Causas de placenta prévia

A ciência médica ainda não identificou completamente os mecanismos de formação de uma placenta prévia. Contudo acredita-se que o principal fator sejam as alterações na fisiologia e na dinâmica uterina. Com isso, não há:

  • uma sinalização adequada para as células do feto de onde elas devem se implantar;
  • uma movimentação uterina inadequada, o que faz com que as fases de desenvolvimento embrionário não estejam adequadamente sincronizadas com a movimentação do feto dentro do útero;
  • falha da vascularização da placenta nas regiões de crescimento normal, o que faz com que o embrião se implante no colo uterino.

Isso ocorre principalmente diante dos seguintes fatores de risco:

  • Anormalidades uterinas;
  • Mulheres com múltiplas gestações anteriores;
  • Presença de cicatrizes uterinas provocadas por cirurgias, incluindo a cesariana. Esse é um dos motivos que o parto cesariano deve ser evitado quando não há uma indicação médica que o justifique;
  • Gemelaridade, a gravidez múltipla;
  • Placenta prévia em uma gravidez anterior;
  • Mulheres acima dos 35 anos;
  • Hábitos como tabagismo e alcoolismo, os quais comprometem a saúde vascular da mulher.

Consequências da placenta prévia

A principal complicação da placenta prévia é a hemorragia gestacional, isto é, o sangramento anormal através do colo do útero. Ele é visualizado na vagina e leva a muita ansiedade nas mulheres, pois é associado popularmente com os abortamentos.

Em geral, o sangramento da placenta prévia ocorre no último semestre de gestação. Por esse motivo, está associado a partos prematuros e complicações mais tardias. No entanto, pode ocorrer precocemente e levar ao abortamento (expulsão ou morte do feto antes da vigésima quarta semana de gestação.

O principal tratamento para a placenta prévia é o repouso absoluto da gestante. Com o tempo, a placenta poderá se deslocar e adotar uma localização mais saudável para a gravidez. Mesmo que isso não ocorra, o repouso ajuda a prevenir as complicações. Além disso, o pré-natal será mais próximo, com consultas mais frequentes e realização de exames adicionais.

Quando o sangramento ocorre, o seu gerenciamento dependerá do volume de sangue, das características da gestação, da saúde materno-fetal. Inevitavelmente, a persistência da placenta prévia demanda a realização de uma cesariana.

As medidas buscarão adiá-la para um momento que seja mais saudável para a mãe e o bebê (depois da 36ª semana). Diante de um sangramento intenso, a transfusão de sangue poderá ser necessária. Porém, quando há hemorragias intensas persistentes, a principal conduta é a cesariana de urgência, independentemente da idade gestacional.

Quer saber mais sobre a placenta prévia? Acompanhe nosso texto especial sobre o tema!

Mioma e gestação: existem riscos?

Os miomas são uma das doenças ginecológicas mais comuns entre as mulheres. Eles são encontrados em até 70% das pacientes ao longo da vida, geralmente sendo assintomáticos e não trazendo nenhuma consequência mais grave. Contudo existem alguns tipos de miomas relacionados a um maior risco de abortamentos, partos prematuros e outras complicações gestacionais.

Eles são lesões bem prevalentes em mulheres na idade fértil, pois são estrogênio dependentes. Em outras palavras, um dos principais fatores de sua formação e crescimento é a exposição ao principal hormônio feminino, um tipo de estrogênio chamado de estradiol.

Quer entender melhor a relação dos miomas com a gestação? Confira nosso post!

O que são miomas?

Os miomas se originam de células musculares localizadas em uma camada do útero chamada de miométrio. Você se lembra que o útero é formado por três camadas:

  • Endométrio — é o revestimento da cavidade uterina, formado por células que crescem sob o estímulo do estrogênio e se maturam sob a ação da progesterona. É no endométrio que o embrião se implanta e cria estruturas (vasos sanguíneos da placenta) para sobreviver durante a gestação;
  • Miométrio — é a camada intermediária, a parede do útero, sendo formada por células musculares e tecido de sustentação. As células musculares têm a capacidade de se contrair gerando os movimentos do útero importantes para o trabalho de parto. As cólicas menstruais e a dor do parto ocorrem devido à contração do miométrio;
  • Perimétrio — o perimétrio tem duas camadas, a serosa e adventícia. A serosa é a que está colada ao útero, protegendo-o contra o atrito com outros órgãos e facilitando sua movimentação.

Quando provocam sintomas, os miomas estão associados a quadros leves de sangramento uterino anormal e dismenorreia (dor menstrual). A principal complicação dessas lesões é a infertilidade, que ocorre predominantemente em um tipo de miomas, o submucoso.

Mesmo assim, grande parte das mulheres são capazes de engravidar com os miomas. No entanto, em alguns casos, pode haver um aumento do risco de complicações gestacionais, do abortamento ao parto prematuro.

Como é o desenvolvimento da gestação em mulheres com miomas?

A maioria das gestantes não terá nenhuma complicação grave devido à presença dos miomas durante a gravidez. Alguns sintomas poderão ser um pouco mais intensos e frequentes nelas, como as dores.

Além disso, é muito importante entender que os efeitos dos miomas sobre as gestações dependem das características das lesões da mulher. Nesse sentido, os pontos mais importantes são:

  • Volume;
  • Número;
  • Localização (tipo de mioma).

Vamos falar sobre cada um deles a seguir.

Volume

O volume dos miomas tem uma influência significativa, independentemente do local onde eles estão. Os estudos mostram que ele é o principal fator relacionado a maior frequência de complicações gestacionais:

  • Quanto maior a lesão, maior a frequência de dores uterinas durante a gestação;
  • Um tamanho maior do que 3 a 4 centímetro de diâmetro está associado ao aumento de risco de abortamentos, problemas placentários, restrição ao crescimento fetal, hemorragias gestacionais e parto prematuro.

Número de lesões

O número de lesões também está associado a complicações, como o início do trabalho de parto precocemente e o nascimento prematuro. Em relação a outros riscos, ainda não há evidências tão robustas, mas eles podem estar também relacionados com abortamentos de repetição e hemorragias gestacionais.

Localização das lesões

Os miomas podem ser agrupados em três tipos de acordo com a sua localização em relação às camadas do útero:

  • Miomas submucosos — apesar de ainda se originarem do tecido miometrial, os submucosos crescem pressionando o endométrio, a camada de revestimento da cavidade uterina. É nela que o embrião se implanta. Por isso, esse é o tipo de mioma mais associado a complicações gestacionais, provocando um aumento do risco de abortamentos, partos prematuros, descolamento da placenta e hemorragia por parto. Felizmente, são os tipos mais raros;
  • Miomas intramurais — são os miomas mais comuns. Eles crescem em predominantemente dentro dos limites do miométrio. Sua relação com complicações gestacionais ocorre quando crescem excessivamente (mais de 3 a 4 centímetros). Assim, com o crescimento uterino durante a gravidez, eles passam a ter uma maior influência sobre o endométrio e o feto em formação. Os miomas intramurais também podem prejudicar as gestações quando estão em maior número. Afinal, o miométrio é o local onde se originam as contrações uterinas. As lesões podem comprometer a qualidade e a quantidade dos movimentos do útero e provocar partos prematuros, como vimos anteriormente;
  • Miomas subserosos — como todos os miomas, ele se origina do miométrio. Contudo seu crescimento é mais expressivo em direção à camada externa do útero, a serosa. Como crescem fora do útero, tendem a crescer mais, pois não são restritos pelo espaço e pela pressão do miométrio.

Assim, podem aumentar a frequência de sintomas comuns nas gestações, como inchaço abdominal, incontinência urinária devido à compressão da bexiga ou constipação intestinal devido à obstrução externa das alças do cólon.

Geralmente, não interferem nas gestações e na fertilidade, exceto quando atingem tamanhos significativos (diâmetro maior do que 4 centímetros).

Para evitar as complicações na gestação e no parto, tem se indicado a retirada dos miomas anteriormente às tentativas de engravidar. Contudo essa decisão é sempre individualizada a cada caso e compartilhada com a mulher, — dentro dos princípios da humanização do parto. A cesariana é indicada em situações excepcionais, como a apresentação inadequada e a falha de progressão do parto. Portanto, mesmo em pacientes com miomas, deve-se preferir o parto normal.

Quer saber mais sobre os miomas uterinos? Confira o nosso texto sobre o tema!

Quando o sangramento uterino é anormal?

As mulheres têm muitas dúvidas relacionadas à menstruação e precisam realmente ficar atentas. Contudo uma maior atenção com o próprio corpo não deve ser transformada em ansiedade. Afinal, existem muitas variações no ciclo menstrual de uma mesma pessoa, além de as diferenças individuais serem comuns.

Portanto, comparações com períodos anteriores ou com outras mulheres devem ser feitas com muito cuidado. Por isso, é muito importante entender o que é um sangramento uterino anormal.

Antigamente, havia vários termos para se referir a alterações na menstruação, como hipermenorreia (sangramento aumentado), hipomenorreia (diminuído) e diversos outros. Nos últimos anos, percebeu-se que esses conceitos são pouco exatos.

Afinal, as doenças ginecológicas podem se expressar de diferentes formas. Então, é melhor que os médicos e as pacientes sejam capazes de identificar quais são as características de um sangramento uterino anormal, — em qualquer idade e nas suas mais diversas manifestações. Quer entender melhor o tema? Acompanhe o nosso post!

O que é o sangramento uterino anormal?

Um sangramento uterino anormal é todo aquele que foge do padrão médio habitual. Nem sempre isso vai significar uma doença, mas a investigação é importante para excluí-las.

Para isso, podem ser utilizados os seguintes parâmetros:

  • Idade da mulher — sangramentos na infância e no pós-menopausa merecem uma atenção maior;
  • Volume — que pode estar aumentado ou reduzido;
  • Momento — sangramento no período entre as menstruações (spotting) ou durante as relações sexuais;
  • Intervalo — aumento ou redução do intervalo entre as menstruações;
  • Duração do período de sangramento — que pode aumentar em algumas situações patológicas;
  • Aparência —aumento da presença de grumos ou coágulos no sangramento;
  • Regularidade — os ciclos geralmente ocorrem sempre dentro de um mesmo intervalo ou variam pouco. Uma maior variação entre os ciclos pode ser vista como anormal. Por exemplo, a mulher menstrual com trinta dias e, depois disso, fica 3 meses sem menstruar. Se esse padrão se repete ao longo do tempo, esse sintoma merece uma investigação.

Portanto, o sangramento uterino anormal pode ocorrer em qualquer idade. Porém é preciso individualizar para cada grupo ou mulher. Por exemplo, nos primeiros anos após a menarca e nos anos anteriores à menstruação, a irregularidade é normal.

Quando podemos considerar um sangramento uterino anormal?

Essa é uma questão complexa. Afinal, é muito difícil distinguir o que é um volume aumentado, por exemplo. Em geral, adota-se como normalidade uma perda sanguínea de 5ml a 80ml por ciclo, mas isso é muito difícil de medir no dia a dia.

Também não há um consenso estabelecido sobre:

  • A duração de um ciclo. Algumas fontes apontam um intervalo mínimo de 24 a 28 dias e máximo de 35 a 38 dias. Outras estabelecem critérios mais frouxos ou rígidos;
  • Da mesma forma, a duração do sangramento também não é um consenso. Em geral, adota-se um corte de 7 a 9 dias como normalidade.

No entanto, em uma parcela importante dos casos, existem mulheres saudáveis com valores fora dessas curvas. Por sua vez, algumas formas de SUA são mais fáceis de identificar, como o spotting e o sangramento durante as relações sexuais.

Então, a avaliação clínica do SUA é essencial e o autodiagnóstico deve ser evitado. O médico buscará analisar cada quadro em relação à comorbidades, uso de medicações, histórico obstétrico e outros dados clínicos importantes.

Além disso, a presença de outros sinais e sintomas é um indicativo de que uma alteração menstrual pode estar ligada a condições ginecológicas. As manifestações mais comuns associada ao SUA são:

  • Dismenorreia — dor menstrual, especialmente quando ela conta com características não habituais;
  • Dor pélvica crônica — dor persistente e não cíclica na região da pelve;
  • Dispareunia — dor durante as relações sexuais;
  • Infertilidade — dificuldade persistente para engravidar;
  • Hirsutismo — Presença de pelos em localizações incomuns para a mulher.

Além disso, a investigação do SUA geralmente é feita com alguns exames médicos, como a ultrassonografia transvaginal e o hemograma.

Em alguns casos, a paciente não apresenta nenhum sintoma, além do SUA. No entanto, ao realizar exames rotineiros, como o hemograma, ela recebe o diagnóstico de anemia. Uma das principais causas de anemia em mulheres é o sangramento uterino anormal.

Causas de sangramento uterino anormal

A Federação Internacional de Ginecologistas e Obstetras criou um acrônimo para ajudar na identificação das principais doenças relacionadas ao sangramento uterino anormal. É o PALM-COIEN:

  • PALM — A primeira parte descreve questões estruturais;
  • COEI abrange condições não estruturais, como as causas hormonais;
  • N é uma categoria guarda-chuva para os casos que não podem ser classificados nos quadros anteriores.

Veja agora o que significa cada letra:

  • P — Pólipo;
  • A — Adenomiose;
  • L — Leiomioma (miomas uterinos);
  • M — Malignas;
  • C — Coagulopatia;
  • O — Ovulatória (como a síndrome dos ovários policísticos);
  • E — Endometrial;
  • I — Iatrogênica (causas relacionadas a intervenções médicas, como uso de medicamentos, incluindo anticoagulantes, ou tratamento clínicos que podem resultar em SUA);
  • N — Não classificado de outra forma.

Dessas, os pólipos, a adenomiose, os miomas uterinos e as causas ovulatórias representam grande parte dos diagnósticos finais do SUA.

A mulher deve procurar um médico sempre que notar ou se preocupar com as alterações das características menstruais. Afinal, as consultas não têm apenas o objetivo de diagnosticar doenças, mas também para tranquilizar e tirar dúvidas. Alguns tipos de sangramento uterino anormal também são mais preocupantes, como aqueles que ocorrem em mulheres no pós-menopausa, os quais podem estar relacionados a neoplasias.

Quer saber mais sobre o sangramento uterino anormal? Confira nosso artigo institucional sobre o tema!

Endometriose e gravidez: riscos e cuidados

A endometriose é uma doença inflamatória crônica, desencadeada pelo implante de glândulas e estroma do endométrio fora do útero. Com isso, podem surgir sintomas e complicações que impactam significativamente a qualidade de vida da mulher, como a infertilidade, a dor pélvica crônica e a dismenorreia (dor menstrual).

A dificuldade para engravidar é uma queixa presente em uma parcela significativa das pacientes com endometriose. Os estudos mostram que cerca de um terço das pacientes com queixa de infertilidade são diagnosticadas posteriormente com endometriose.

Além disso, outras pesquisas mostraram que pode haver uma relação da endometriose com complicações gestacionais, como o abortamento de repetição. Devido a esse impacto na função reprodutiva, a endometriose pode influenciar seus planos de maternidade.

Por isso, é muito importante conhecer melhor a doença. Ficou interessada? Acompanhe nosso post até o final!

Endometriose e dificuldades de engravidar (infertilidade)

A infertilidade é caracterizada pela dificuldade de um casal engravidar pela fertilização natural (relações sexuais no período fértil da mulher) por 1 a 2 anos. Esse período pode ser abreviado para seis meses caso a mulher já tenha mais de 35 anos.

É muito importante entender que a infertilidade não é causada apenas pela mulher. Existe esse estigma. Contudo, as estatísticas mostram que os casos de infertilidade em casais são proporcionalmente semelhantes em ambos os sexos.

Na maior parte das situações, a dificuldade para engravidar ocorre devido a fatores presentes tanto no homem quanto na mulher. Em outros casos, sequer são identificados fatores em algum dos membros do casal, — é a infertilidade sem causa aparente.

Dentro dos casos de infertilidade feminina, de 30% a 50% deles podem estar relacionados à endometriose. Essa doença pode causar um estado inflamatório permanente na região da pelve. Na tentativa de eliminar células endometriais fora do útero, o corpo envia células de defesa que buscam destruir o tecido ectópico. Entretanto, esse ataque não distingue tecidos saudáveis dos implantes de endometriose.

Com isso, surgem mecanismos que podem levar à infertilidade:

  • O estado inflamatório prolongado faz com que o endométrio normal (na cavidade uterina) se torne menos receptivo aos espermatozoides e ao embrião;
  • Ele também altera a dinâmica funcional dos órgãos reprodutivos, reduzindo o potencial de fertilidade;
  • Ele também pode atingir o ovário, levando a uma redução precoce e progressiva da reserva ovariana;
  • Por fim, à medida que a doença não é tratada, o corpo inicia um processo de cicatrização intenso, substituindo tecidos funcionais por fibras colágenas. Assim, começam a se formar aderências que obstruem e comprometem os órgãos internos do sistema reprodutor feminino. Com o envelhecimento das aderências, elas se tornam mais rígidas e prejudicam ainda mais a fertilidade, além de ficarem mais difíceis de tratar.

Classificação da endometriose

Portanto, a endometriose compromete a fertilidade de forma multifatoriais por meio de disfunções estruturais e fisiológicas.

Atualmente, a principal classificação da endometriose leva em consideração o seu potencial na redução da fertilidade feminina. Ela foi feita pela Associação Americana de Medicina Reprodutiva:

  • Estágio I, endometriose mínima: implantes isolados e sem aderências significativas;
  • Estágio II, endometriose leve: implantes superficiais, menores do que 5 cm e sem aderências significativas;
  • Estágio III, endometriose moderada: presença de endometriomas, de múltiplos implantes, além de aderências nas tubas uterinas e ovários mais evidentes;
  • Estágio IV, endometriose grave: múltiplos implantes, superficiais e profundos, endometriomas, além de aderências densas e firmes.

Endometriose e gestação

Recentemente, diversos estudos sobre a relação da endometriose com complicações gestacionais foram analisados. Eles encontraram que a doença pode estar associada a um maior risco de:

Em alguns estudos, foram apontados ainda uma maior chance de gestações ectópicas, especialmente nas tubas uterinas. Contudo as evidências atuais descartam uma influência da endometriose no desenvolvimento de hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia.

Endometriose no parto e pós-parto.

A endometriose também parece estar associada a alguns desfechos negativos no parto e no pós-parto, aumentando o risco de:

  • Partos cesarianos;
  • Recém-nascidos pequenos para a idade gestacional.

Como já explicamos em outros artigos, os partos cesarianos devem ser reservados para situações excepcionais. Afinal, eles trazem um maior risco de complicações durante e após o parto, além de não terem alguns benefícios importantes dos partos normais. Então, o aumento do risco de um parto cesariano deve ser visto como uma complicação.

Recém-nascidos pequenos para a idade gestacional também são uma preocupação importante. Eles estão mais vulneráveis à hipotermia neonatal, à morte súbita, a problemas do neurodesenvolvimento e a infecções.

Portanto, devido a essa relação da endometriose com a infertilidade e as complicações gestacionais, é preciso ter um novo olhar para a condição e o impacto que ela pode ter na vida reprodutiva de uma mulher.

Apesar de a reprodução assistida ajudar a melhorar o prognóstico reprodutivo nesses casos, ainda há outras complicações que podem surgir nas mulheres que conseguem engravidar. Um acompanhamento obstétrico humanizado, — e, portanto, individualizado —, no pré-natal, no parto e no pós-parto é essencial para essas mulheres.

Quer saber mais sobre a endometriose e seu tratamento? Confira este nosso artigo sobre o tema!