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DIP: veja como é o diagnóstico

A doença inflamatória pélvica, a DIP, é uma condição muito prevalente entre as mulheres. Ela é causada por microrganismos que infectam as estruturas mais internas do sistema genital feminino: o útero, as tubas uterinas e os ovários. Todas elas são fundamentais para as funções reprodutivas da mulher desde a fertilização até o parto.

Por esse motivo, além da infertilidade, a DIP está comumente relacionada a complicações durante a gravidez. Exemplificando, ela aumenta o risco de abortamento espontâneo, parto prematuro e cesariana. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe!

O que é DIP, causas e prevenção?

A DIP é uma condição desencadeada por infecções no trato genital superior. Devido à presença de microrganismos invasores, inicia-se um processo inflamatório que prejudica a funcionalidade dos órgãos afetados.

Normalmente, a DIP se inicia com a migração de bactérias da vagina para o útero, mas também podem ser causadas por fungos e vírus (mais raramente). As duas principais bactérias relacionadas à DIP são a gonorreia e a clamídia. Ambas são as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) mais prevalentes em todo o mundo. Estima-se que até 1 bilhão de pessoas estejam infectadas por elas a cada ano.

Elas geralmente provocam casos assintomáticos, o que facilita a sua proliferação e dificulta o diagnóstico. No entanto, podem complicar para a doença inflamatória pélvica, que pode trazer repercussões. A principal forma de prevenção da DIP é a utilização de preservativos nas relações sexuais.

O diagnóstico da DIP

O diagnóstico da DIP envolve cinco passos principais:

  • Avaliação das queixas clínicas: é muito importante que você comunique ao médico quaisquer sintomas que tenha notado, mesmo que eles pareçam “simples” ou “pouco relevantes” para você;
  • Identificação de fatores de risco e de histórico sugestivo de DIP;
  • Identificação de alterações no exame físico;
  • Realização de testes laboratoriais (exame de sangue e urina);
  • Realização de exames de imagem, como a ultrassonografia pélvica e a transvaginal.

Em casos raros, os passos acima podem não ser suficientes para esclarecer o diagnóstico. Então, outras investigações podem ser necessárias com métodos diagnósticos mais complexos, como a videolaparoscopia e a biópsia endometrial.

Sintomas da DIP

Na maior parte dos casos, a DIP é diagnosticada clinicamente. Ou seja, não é necessário realizar nenhum exame complementar ou procedimento para confirmar o diagnóstico. Ele é feito com base nas alterações identificadas durante a anamnese (entrevista clínica), na qual você e seu médico conversam sobre suas queixas, sua história sexual, seus hábitos de vida, entre outros pontos.

Apesar disso, a doença inflamatória pélvica é assintomática na maioria das pacientes, o que dificulta o diagnóstico. Quando surgem, os principais sintomas são:

  • Dor pélvica (região inferior do abdômen), que pode ser aguda ou crônica com intensidade leve a incapacitante;
  • Corrimento vaginal anormal, que pode apresentar odor intenso e alteração na coloração;
  • Sangramento uterino anormal, principalmente no período intermenstrual ou durante as relações sexuais;
  • Dispareunia, a dor durante o sexo;
  • Febre;
  • Náuseas e vômitos;
  • Calafrios;
  • Dor durante a micção ou incontinência urinária.

Diante da presença desses sintomas, uma gestante (se for o caso) precisa procurar auxílio médico urgentemente. Afinal, trata-se de uma condição que pode evoluir para complicações gestacionais graves.

Fatores de risco e histórico clínico

Outro passo fundamental é identificar de fatores de risco e de complicações que podem estar ligadas à DIP. Para isso, o seu médico poderá perguntar a respeito da sua vida sexual, assim como da história ginecológica e obstétrica prévia.

Os principais fatores de risco para a DIP são:

  • Ter feito relações sexuais desprotegidas, principalmente no último ano;
  • Ter vida sexual ativa;
  • Ter múltiplos parceiros sexuais no último ano;
  • Ter relações sexuais com pessoas que tiveram múltiplos parceiros recentemente;
  • História prévia de infecções sexualmente transmissíveis;
  • Histórico de DIP. Quanto maior o número de episódios de DIP, maiores são as chances de complicação;
  • Uso regular de ducha íntima. Apesar de vista como uma medida de higiene, ela prejudica a vagina. Ela altera as condições locais e facilita a proliferação de microrganismos causadores de doenças.

Alterações no exame físico da DIP

O exame físico ginecológico abrange a inspeção, palpação e aferição de sinais vitais com especial foco no sistema reprodutor feminino. No caso da DIP, serão investigadas alterações na região da pelve, tais quais a dor, o aumento da sensibilidade e o inchaço na região. Durante o exame vaginal, também podem ser identificadas alterações nas secreções e lesões típicas de ISTs.

Exames complementares

Os exames complementares mais indicados são:

Testes laboratoriais

Os exames de sangue e urina nos ajudam a confirmar ou descartar a presença dos agentes causadores das ISTs e de outras infecções geniturinárias.

Exames de imagem: ultrassonografia pélvica

A partir dela, podemos notar sinais indiretos de infecções no trato genital superior, como a presença de aderências, líquido nas tubas uterinas (hidrossalpinge) e abscessos (“bolsas de pus”).

Tratamento da doença inflamatória pélvica

O tratamento envolve o uso de antibióticos no período indicado pelo médico. Ele é feito imediatamente após o diagnóstico. Apesar de serem muito efetivos para eliminar a infecção, não atuam na reversão das complicações.

Então, se elas já existirem, pode ser necessário utilizar outras estratégias, como a reprodução assistida (para infertilidade) e as cirurgias para drenagem de abscessos ou destruição das aderências.

Portanto, a melhor forma de evitar as complicações e formas graves da DIP é a prevenção, que é feita com o uso de preservativos nas relações sexuais. Quando a infecção já está em curso, o tratamento precoce é fundamental.

Quer saber mais sobre a DIP e seu tratamento? Confira nosso post sobre o tema!

O que é PTGI?

PTGI é uma abreviação para patologias do trato genital inferior, as quais representam doenças que atingem a vulva, a vagina e o colo do útero da mulher. Essas estruturas estão em maior contato com o mundo exterior e entram em contato com a genitália das parcerias durante as relações sexuais.

Por esse motivo, estão mais vulneráveis a quadros infecciosos, especialmente as lesões causadas pelo papilomavírus humano, o HPV. As infecções por esse vírus geralmente são benignas e autolimitadas (se curam espontaneamente).

No entanto, alguns tipos de HPV têm uma maior capacidade de sobreviver no organismo feminino. Com isso, podem causar alterações nas células, as quais aumentam o risco de desenvolvimento de tumores malignos. Quer entender melhor esse tema? Acompanhe nosso post!

O que é PTGI?

É um grupo de condições que têm algumas características específicas:

  • Acometem os órgãos do trato genital feminino inferior, que inclui a vulva, a vagina e o colo do útero;
  • Apesar de terem outras causas, geralmente são relacionados às infecções por HPV;
  • Podem evoluir para lesões pré-malignas e malignas.

Neoplasias intraepiteliais cervicais

São o tipo mais comum de PGTI e estão relacionadas ao câncer de colo de útero, uma das principais causas de óbito precoce em mulheres.

A NIC começa como uma displasia, que pode ser de baixo ou alto grau:

  • as displasias de baixo grau são lesões com poucas alterações em relação ao tecido saudável. No entanto, já apresentam disfunções celulares e um comportamento mais proliferativo. Se não tratadas, podem evoluir para displasias mais graves;
  • a displasia de alto grau é considerada uma lesão pré-maligna, isto é, com risco significativo de evolução para o câncer. Essa transformação comumente demora vários anos, mas, em pacientes imunocomprometidas, pode levar apenas alguns meses.

As NIC são mais frequentes em pacientes entre 25 e 35 anos, mas podem se manifestar em qualquer fase da vida. Elas são identificadas por meio das consultas ginecológicas preventivas, que incluem a realização do exame citopatológico do colo do útero (o Papanicolau). Caso alguma alteração seja identificada nela, a paciente pode ser encaminhada para um exame mais específico, a colposcopia.

Neoplasia intraepitelial vagina (NIVA)

A NIVA é a displasia da vagina, que pode ser classificada de acordo com a gravidade em:

  • Leve;
  • Moderada;
  • Grave.

Sem tratamento adequado e oportuno, pode evoluir para o câncer vaginal. Apesar de ser mais raro, ele pode trazer diversas complicações para a mulher.

O principal fator de risco para esse tipo de tumor maligno é a história prévia de câncer cervical ou vulvar. Além disso, é mais frequente após os 40 anos e antes dos 60 anos de idade. Portanto, atinge um perfil diferente de pacientes, que já estarão na pré-menopausa ou na menopausa. Por isso e por outros motivos, é muito importante manter o acompanhamento ginecológico mesmo após o fim da vida reprodutiva.

Neoplasia intraepitelial vulvar (NIV)

A vulva é a genitália externa feminina, uma estrutura complexa formada por:

  • Púbis;
  • Grandes e pequenos lábios;
  • Clitóris;
  • Períneo.

A displasia vulvar de baixo grau não é considerada uma NIV. Entretanto, a displasia vulvar de alto grau, visto que pode evoluir para o câncer da vulva. Existem dois tipos de NIV:

  • A NIV usual, que está ligada a infecções por HPV, ao tabagismo e à imunossupressão;
  • A NIV diferenciada, a qual está relacionada ao líquen escleroso, uma condição autoimune crônica caracterizada pelo aparecimento de manchas brancas e finas na genitália.

Impacto na vida da mulher e prevenção das PGTI

A dor nas relações sexuais e os outros sintomas podem reduzir a funcionalidade da paciente e reduzir seu bem-estar das pacientes. Além disso, as PGTI podem trazer um aumento nos riscos de abortamento e parto prematuro. Também podem comprometer a evolução do parto normal devido, por exemplo, ao sangramento das lesões ou à estenose (estreitamento) cervical.

Se forem necessárias intervenções mais extensas para o tratamento das lesões na vagina e no colo do útero, podem surgir sequelas que impedem a fertilização natural.

Em casos graves, as displasias podem evoluir para neoplasias malignas (câncer) que invadem outros tecidos ou para metástases. Nesse caso, a terapia pode ser bastante agressiva e as chances de cura são menores.

A prevenção das PGTI envolve medidas como:

  • Tomar a vacina contra o HPV;
  • Utilizar preservativos nas relações sexuais;
  • Bons hábitos de vida, como não fumar e ter uma alimentação saudável;
  • Passar periodicamente por avaliações ginecológicas, que incluem o exame da genitália e a realização do Papanicolau, o preventivo do colo do útero.

Além disso, ao sinal de qualquer sintoma ou alteração que chame a sua atenção, não deixe de se consultar com o médico de sua confiança o quanto antes. Não é preciso esperar as consultas de rotina.

Sintomas da PGTI

Os quadros geralmente são assintomáticos. Em alguns casos, podem surgir sintomas, como:

  • Sangramento uterino no período entre as menstruações;
  • Dor pélvica;
  • Dor nas relações sexuais;
  • Sangramento pós menopausa;
  • Alterações no corrimento vaginal, como presença de sangue;
  • Alterações na coloração, na textura ou da espessura da pele da vulva;
  • Persistência de lesões por vários dias e semanas, como rachaduras e ulcerações na vulva;
  • Sensação de queimação, coceira ou comichão no trato genital interior.

O tratamento das PGTI pode incluir a terapia tópica, a ablação a laser e a excisão (retirada) cirúrgica. Nos estágios iniciais, elas são bastante eficazes. No caso de evolução para o câncer, podem ser necessárias a quimioterapia, a radioterapia e operações mais invasivas.

Quer saber mais sobre as PGTI? Confira nosso artigo sobre o tema!

HPV: sintomas

O papilomavírus humano é um microrganismo causador de diversas doenças na pele e nas mucosas do nosso corpo. Ele é mais conhecido popularmente como HPV, um nome muito frequente nas campanhas de saúde da mulher. Afinal, as infecções por alguns tipos de HPV são os principais fatores de risco para o câncer do colo de útero, uma das principais doenças que levam ao óbito precoce no sexo feminino.

Existem mais de 100 tipos de HPV identificados até hoje. A maior parte deles causa lesões benignas, como verrugas genitais. No entanto, uma pequena parte do grupo causa alterações malignas nos tecidos que infectam, sendo chamadas de cepas oncogênicas (“geradoras de câncer”).

Por esse motivo, a prevenção da transmissão e da infecção pelo HPV é uma medida fundamental para a saúde da mulher. Ela pode ser feita com o uso de preservativos e a administração das vacinas contra os tipos mais comuns ou perigosos de HPV.

Além disso, a prevenção do câncer do colo de útero, que ocorre após a infecção, também é muito importante. Ela é realizada por meio do exame citopatológico periódico do colo uterino a partir dos 25 anos, o papanicolau. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe este post!

O que é o HPV?

O HPV é um grupo de vírus que se adaptou para infectar a pele e as mucosas dos seres humanos. Ele é transmitido principalmente com o contato prolongado pele a pele.

Em geral, causam infecções assintomáticas que se resolvem espontaneamente devido à ação do nosso sistema imunológico. No entanto, em algumas mulheres, podem persistir e levar ao surgimento de lesões visíveis (como as verrugas genitais) ou microscópicas.

Alguns tipos de HPV podem causar alterações genéticas nas células infectadas, fazendo com que elas comecem a se proliferar de forma anormal. Inicialmente, essas lesões são microscópicas. Ou seja, estas últimas não podem ser vistas a olho nu e apresentam um maior risco de serem malignas.

Sintomas das infecções pelo HPV

As infecções pelo HPV são geralmente assintomáticas. Porém, em alguns casos, os seguintes sintomas podem surgir:

  • pequenas lesões caracterizadas pela alteração da cor na região ou maior facilidade para sangrar;
  • verrugas isoladas;
  • múltiplas verrugas que se parecem com uma couve-flor.

No entanto, na maior parte dos casos, as lesões são microscópicas. Portanto, não podem ser identificadas a olho nu.

Portanto, a melhor forma de identificar a presença do vírus é a coleta de material do colo uterino. Desse modo, podem ser realizados exames que ajudam a identificar a presença do vírus ou das alterações que podem levar ao câncer de colo de útero.

Apesar de ainda não ser muito utilizado na rotina clínica brasileira, a presença do HPV pode ser identificada com exames que avaliam a presença do material genético do vírus no material coletado.

No entanto, o exame mais importante para a saúde da mulher não avalia diretamente a presença do vírus, mas a presença das alterações celulares que ele pode causar, é o papanicolau.

Nele, durante o exame especular, o ginecologista colhe o material do colo do útero e identifica se há alguma alteração significativa. De acordo com a gravidade, as modificações podem ser classificadas em:

  • Displasias de baixo grau, as quais são lesões benignas e com um número baixo de alterações. No entanto, podem evoluir para a segui;
  • Displasias de alto grau, que são consideradas pré-malignas, podendo evoluir para o câncer;
  • Carcinomas, o tumor maligno do colo de útero.

A infecção pelo HPV pode ser prevenida com a vacinação e o uso de preservativos nas relações sexuais.

Sintomas do câncer de colo de útero

Além disso, é muito importante que a mulher esteja atenta aos sintomas do câncer do colo de útero, que é a principal complicação da infecção pelo HPV. Ele também é geralmente assintomático nos estágios iniciais, nos quais há maior chance de cura. Por isso, é importantíssimo não esperar os sintomas surgirem. É melhor fazer o exame periódico de acordo com a frequência indicada por seu médico.

Os principais sintomas do câncer de colo de útero são:

  • Sangramento uterino anormal, principalmente o escape de sangue no período intermenstrual;
  • Sangramento uterino pós-menopausa;
  • Dor pélvica;
  • Emagrecimento sem causa;
  • Fadiga e cansaço excessivos.

Contudo, o surgimento dos sintomas está associado a casos mais avançados, em que já há a invasão de outros órgãos. Com isso, o tratamento é mais desafiador e as chances de cura, menores.

Exames e diagnóstico do HPV e do câncer de colo de útero

Quando os exames preventivos (papanicolau), indicarem a presença de células com características suspeitas. Outros exames são necessários. O primeiro a ser realizado é a colposcopia, que é uma análise mais extensa do colo do útero.

Nele, serão coletadas biópsias que servirão para uma avaliação mais detalhada dos tecidos do colo do útero. A partir disso, podemos classificar o grau da lesão e definir a conduta terapêutica.

Não existe um tratamento específico para as infecções por HPV. Normalmente, quando o vírus é identificado, fazemos o acompanhamento das lesões. Se elas chegarem a estágios mais avançados, são retiradas cirurgicamente. Em pacientes que já desenvolveram o câncer do colo do útero, a quimioterapia e a radioterapia podem ser indicadas para completar a cirurgias.

Quer saber mais sobre o HPV e os riscos que ele causa? Confira nosso artigo sobre o tema!

O que é baby blues? É depressão?

A gravidez é um fenômeno bastante complexo, que traz diversas modificações no organismo e na mente das mulheres. Após o parto, surgem diversos desafios. Por exemplo, o corpo precisa se readaptar ao seu funcionamento normal. Associado a isso, a gestante. Além disso, ela precisa se ajustar à rotina de cuidados com o bebê e à nova dinâmica familiar. Assim, algumas mulheres podem passar por uma condição chamada baby blues, ou disforia puerperal.

O baby blues é caracterizado como um período de instabilidade emocional nas primeiras semanas após o nascimento do bebê. Com ele aparecem sintomas, como a sensação de melancolia, a fadiga e a preocupação excessiva. Essas manifestações duram, no máximo, 6 semanas e, depois disso, tendem a regredir. Caso persistam, a paciente recebe um outro diagnóstico, a depressão pós-parto.

Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe!

O que é baby blues?

O baby blues é uma condição muito prevalente entre as puérperas. Entre 70% e 80% delas apresentam alguma alteração no humor, relatam choro fácil ou sentimentos negativos, como culpa, medo e preocupação. Além disso, os seguintes sintomas também podem fazer parte do quadro:

  • Labilidade emocional, isto é, mudança frequentes de humor;
  • Tristeza;
  • Irritabilidade;
  • Ansiedade;
  • Dificuldades para se concentrar;
  • Dificuldades para dormir.

Essas manifestações geralmente aparecem logo no primeiro mês (usualmente logo na primeira semana) de pós-parto e duram entre 14 e 30 dias. Portanto, trata-se de um transtorno passageiro, que é desencadeado pelas diversas mudanças no corpo, na mente e na rotina da mulher após o fim da gestação. A persistência por mais tempo deve ser avaliada por um médico, pois pode significar outras condições psíquicas.

Esse é um assunto muito importante de ser abordado nas consultas realizadas no puerpério. Assim, seu médico poderá esclarecer suas dúvidas e explicar quais sintomas são esperados e quais merecem uma atenção maior. Afinal, muitas pacientes se sentem culpadas por sentirem emoções negativas nesse momento ou ficam com medo de estarem deprimidas.

Causas da disforia puerperal

Ainda não se sabe qual é a causa exata do baby blues. Na verdade, é muito provável que se trate de uma condição multifatorial que envolve:

  • Mudanças hormonais que ocorrem durante a gestação e no puerpério, o que impacta nos neurônios do cérebro. Com isso, pode ocorrer um desequilíbrio dos neurotransmissores responsáveis pelo humor positivo e pela motivação. Por isso, o quadro tende a melhorar à medida que o organismo se adaptar novamente ao seu funcionamento habitual fora da gravidez;
  • Além disso, o nascimento do bebê traz mudanças muito intensas para a rotina das mães. Por exemplo, o sono fica comprometido devido à necessidade de despertar durante a noite para a alimentação da criança.

Outros fatores podem contribuir para o surgimento e agravamento do baby blues, como a necessidade de retornar às atividades domésticas ou profissionais.

Como diferenciar o baby blues da depressão pós-parto?

Essa é uma dúvida muito comum entre as gestantes e nem sempre a distinção será tão clara a princípio. Afinal, os primeiros sintomas da depressão pós-parto também surgem nas primeiras 4 semanas após o nascimento do bebê.

Ao contrário do baby blues (que melhora após 30 dias), eles persistem se a paciente não for tratada. No entanto, o tempo de duração não é o único critério. Se a paciente tiver algumas manifestações mais graves, a depressão pós-parto pode ser diagnosticada. Alguns exemplos são:

  • Pensamentos suicidas;
  • Impulsos de agressão a si mesma ou ao bebê;
  • Negligência aos cuidados com o bebê;
  • Alterações alimentares (tanto a fome excessiva quanto a perda de apetite);
  • Fadiga e fraqueza;
  • Isolamento social;
  • Falta de interesse por atividades prazerosas;
  • Ataques de pânico;
  • Pensamentos negativos que duram a maior parte do dia na maioria dos dias da semana.

Algumas pacientes ainda relatam que sofrem com esses sintomas desde antes do parto, mas que eles pioraram após o nascimento do bebê. Nesse caso, é possível que um transtorno depressivo maior já estivesse presente e não foi identificado oportunamente. A conduta, entretanto, nessa situação será a mesma da depressão pós-parto, tendo como objetivo recuperar a qualidade de vida da mulher.

Como minimizar os efeitos do baby blues e prevenir a depressão?

O primeiro passo é a aceitação de que a alteração do humor é comum nesse período e, possivelmente, é um problema passageiro. Assim, previne-se o desenvolvimento de um quadro ansioso mais intenso.

Alguns hábitos e atitudes podem melhorar o humor e a falta de motivação, como:

  • Conversar sobre os seus sentimentos com pessoas em quem você confia, como o parceiro, os familiares e os amigos;
  • Comparecer às consultas médicas que acontecem desde a primeira semana de pós-parto até o fim do puerpério. São oportunidades para você se educar sobre os desafios que está enfrentando;
  • Manter uma alimentação rica em nutrientes, em especial o ômega-3, o qual pode melhorar o humor e evitar a depressão;
  • Praticar exercícios leves, preferencialmente ao ar livre, como hidroginástica e yoga, caminhada;
  • Fazer exercícios de atenção plena (mindfulness);
  • Reservar um tempo para atividades de lazer que você gosta;
  • Aceitar e ter a ajuda de outras pessoas para cuidar da casa ou do bebê;
  • Buscar uma maior sincronização com o sono do bebê.

Com essas medidas, você pode prevenir a evolução do baby blues para a depressão pós-parto. Além disso, eles promovem um alívio significativo dos sintomas e uma recuperação mais ágil da qualidade de vida.

Quer saber mais sobre o baby blues? Confira nosso artigo institucional sobre o tema!

Endometriose: diagnóstico

O útero é formado por três camadas principais: o endométrio, o miométrio e o perimétrio. A primeira é a mais interna, revestindo a cavidade uterina. Ela é constituída por diversos tipos de células.

Sob o estímulo do estrogênio, ela se multiplica na primeira fase do ciclo menstrual. Se não houver gestação, ela descama e provoca um sangramento vaginal periódico, a menstruação. Se as células do tecido endometrial se implantarem fora do útero, porém, surge uma doença, a endometriose.

Essa é uma condição muito comum entre as mulheres, podendo acometer até 15% delas ao longo da vida. Entretanto, seu diagnóstico pode ser muito desafiador, visto que há sintomas muito específicos dessa doença. Além disso, os métodos diagnósticos não-invasivos não são muito sensíveis para algumas formas da endometriose, dificultando a identificação das lesões.

Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe nosso post!

O que é a endometriose?

A endometriose é uma doença inflamatória crônica, que se desenvolve quando há a presença de glândulas ou estroma do endométrio em estruturas fora da cavidade uterina, como:

  • Peritônio;
  • Bexiga;
  • Tubas uterinas;
  • Intestino;
  • Ligamentos uterossacros.

A presença desse tecido ectópico (fora do lugar habitual) faz com que o corpo inicie uma reação inflamatória. Assim, podem surgir os sintomas e as complicações da doença.

Quais são os sintomas da endometriose?

O diagnóstico da maioria das doenças se inicia com a identificação dos sintomas. Em alguns casos, a própria paciente chega aos consultórios com uma queixa que pode estar relacionada à endometriose. Em outros, as alterações são descobertas com perguntas direcionadas do médico quando ele busca entender a saúde ginecológica e geral da paciente.

As principais manifestações da endometriose são:

  • Dor pélvica crônica, que é uma sensação de desconforto, cólicas, queimação ou pontada na região da pelve, durante mais de 6 meses;
  • Dismenorreia, que é a dor durante o período menstrual;
  • Dificuldade para engravidar (infertilidade) por mais de 1 ano em mulheres com menos de 35 anos e por mais de 6 meses em mulheres acima dessa faixa etária;
  • Dispareunia, a dor nas relações sexuais. Na endometriose, geralmente, ela é de profundidade e piora à medida que o pênis entra mais na vagina;
  • Disfunções urinárias cíclicas (durante o período menstrual). Elas podem se manifestar como incontinência urinária, dor na micção, presença de sangue na urina, entre outros;
  • Disfunções intestinais cíclicas, como dor ao evacuar e presença de sangue nas fezes.

A identificação dos sintomas é a base do diagnóstico da endometriose. A partir deles, iniciamos uma investigação com exames complementares, como ultrassonografias e ressonâncias magnéticas.

No entanto, há também casos assintomáticos de endometriose. Ou seja, a paciente não nota nenhuma alteração que pode estar relacionada à doença. Nesses casos, ela pode ser descoberta quando a paciente faz algum exame de imagem ou uma cirurgia pélvica para outra condição, como os cistos ovarinos e os miomas uterinos.

Tratamento e diagnóstico da endometriose

Quando há suspeita de endometriose, o primeiro exame a ser requisitado geralmente é a ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal. Ela é muito parecida com as ultrassonografias ginecológicas que a mulher faz ao longo da vida para acompanhamento da saúde.

No entanto, para aumentar as chances de identificação de lesões mais difíceis de visualizar, é feito o preparo de colo. Ele visa a eliminar as fezes e os gases do intestino para que eles não comprometam a qualidade do sinal do ultrassom.

Outro exame inicial possível é a ressonância magnética, que é mais cara e complexa do que a ultrassonografia. Então, ela geralmente não é requisitada a princípio, mas apenas quando é necessário complementar a ultrassonografia.

No entanto, os exames de imagem têm algumas limitações:

  • A precisão deles é menor para alguns tipos de endometriose, como a forma peritoneal superficial. Então, um exame negativo não significa ausência dessa doença;
  • Apenas com os exames de imagem, não é possível ter certeza de que uma lesão é composta por células endometriais. Então, eles podem confirmar o diagnóstico.

Com isso, apenas a visualização direta das lesões e/ou a análise microscópica delas é capaz de estabelecer um diagnóstico de certeza. Para isso, a paciente precisaria passar por uma cirurgia, preferencialmente feita com técnicas minimamente invasivas.

No entanto, em muitos casos, o tratamento pode ser feito sem a confirmação do diagnóstico. Diante de uma grande probabilidade de a paciente ter endometriose (tendo em vista os sintomas e/ou os exames de imagem), podemos iniciar a terapia.

De acordo com os desejos e o quadro da paciente, ela pode ser feita com medicamentos (clínica) ou com a cirurgia. Em boa parte dos casos, o tratamento clínico é indicado. Se ele for efetivo, não há necessidade de se confirmar o diagnóstico.

Se a cirurgia for necessária para a paciente, a confirmação do diagnóstico ocorrerá simultaneamente ao tratamento da paciente. Em outras palavras, a confirmação do diagnóstico da endometriose geralmente é necessária somente se houver indicação ao tratamento cirúrgico. Nos demais casos, o tratamento individualizado pode envolver a terapia clínica com medicamentos hormonais e as técnicas de reprodução assistida, por exemplo.

Quer saber mais sobre o tratamento da endometriose e as causas da doença? Confira este artigo sobre o tema!