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Diabetes gestacional: diagnóstico e conduta

Por Dra. Cristiane Pacheco

A diabetes gestacional é uma condição que surge exclusivamente durante a gravidez, resultante das alterações metabólicas que ocorrem no corpo da gestante por volta da 24ª semana de gestação.

Embora temporária, essa forma de diabetes exige atenção especial, pois pode trazer complicações tanto para a mãe quanto para o bebê. Além disso, mulheres diagnosticadas com diabetes gestacional estão em maior risco de desenvolver diabetes mellitus crônica no futuro.

Quer saber mais sobre o diagnóstico e o tratamento da diabetes gestacional? Acompanhe até o final!

O que é diabetes gestacional?

A diabetes gestacional é um tipo de diabetes mellitus. Existem diversos tipos de diabetes mellitus:

  • Gestacional: é a diabetes mellitus restrita ao contexto da gestação, ocorrendo devido às mudanças hormonais e sistêmicas necessárias para adaptar o corpo ao crescimento de um bebê. Geralmente, os níveis de glicemia retornam ao normal após o parto, durante o puerpério. No entanto, é importante enfatizar que gestantes com diabetes gestacional apresentam maior risco de desenvolver diabetes mellitus crônica ao longo da vida;
  • Crônica: é a diabetes mellitus desenvolvida ao longo da vida e que não tem cura definitiva. Ou seja, ela não é temporária, como é o caso da diabetes mellitus gestacional. Uma mulher pode ser diagnosticada com diabetes mellitus crônica durante a gestação caso ela apresente níveis de açúcar no sangue muito elevados.

Como é feito o diagnóstico de diabetes gestacional?

Um dos exames mais importantes do pré-natal é a glicemia de jejum. Ele é indicado desde a primeira consulta de pré-natal da gestante e tem o objetivo de medir os níveis de açúcar no sangue, a glicemia. Esse cuidado é fundamental, pois a diabetes mellitus é um dos principais fatores de risco de complicações para a mãe e para o bebê.

Como vimos, as gestantes podem ser diagnosticadas com dois tipos diferentes de diabetes mellitus: a gestacional e a não gestacional. A diabetes mellitus não gestacional é diagnosticada quando a glicemia de jejum apresenta um valor igual ou superior a 126mg/dL em qualquer momento da gestação. O diagnóstico da diabetes gestacional tem um fluxo mais complexo e não há um protocolo unificado de como realizá-lo. A seguir, apresentaremos o fluxo mais comumente indicado.

Como vimos, antes da 24ª semana de gestação, acompanhamos os níveis de açúcar da paciente com a glicemia de jejum. Caso ela esteja entre 92 mg/dL e 125 mg/dL, isso significa que a paciente apresenta um risco maior de desenvolvimento de diabetes gestacional. Então, é necessário repetir a glicemia de jejum após a 24ª semana. Se os valores estiverem novamente dentro dessa faixa, diagnostica-se a diabetes mellitus gestacional.

Caso a paciente tenha glicemias inferiores a 92 mg/dL antes da 24ª semana, é feita a investigação com um outro tipo de exame, o teste oral de tolerância à glicose. Nele, a gestante realiza uma glicemia em jejum. Depois disso, ela toma 75 gramas de glicose concentrada. A glicemia é medida uma e duas horas depois. A diabetes mellitus gestacional é diagnosticada se:

  • Entre 92-125 mg/dL na glicemia de jejum;
  • Igual ou maior a 180 mg/dL na glicemia de 1 hora;
  • Entre 153 e 199 mg/dL na glicemia de 2 horas.

Valores iguais ou maiores do que 200mg/dL na glicemia de 2 horas são interpretados como diabetes mellitus crônica.

Tratamento da diabetes gestacional

A conduta envolve medidas multifatoriais, como:

Dieta

O cuidado com a alimentação é fundamental para atingir um bom controle glicêmico. Alguns estudos apontam que até 85% das mulheres com diabetes gestacional podem atingir valores adequados de glicemia apenas com a restrição das calorias ingeridas diariamente.

  • Manutenção de um consumo moderado de calorias, individualizado de acordo com o índice de massa corporal de cada mulher e com o trimestre de gestação. Em média, recomenda-se um consumo de 1800 a 2200 calorias por dia;
  • Deve-se buscar fracionar a dieta em 6 maior número de refeições, evitando ingestas mais pesadas;
  • A alimentação diária deve conter entre 45% e 50% de carboidratos, principalmente aqueles de absorção lenta, como os presentes em alimentos integrais;
  • 30% a 35% de gorduras;
  • 15% a 20% de proteínas.

O cálculo das necessidades individuais deve ser feito por um profissional de saúde capacitado. Estimá-lo por conta própria pode levar a erros. A fim de atingir valores reduzidos de carboidratos, é importante reduzir o consumo de açúcar. Para isso, podem ser utilizados adoçantes, que são considerados seguros durante a gestação.

Atividades físicas

Exercícios físicos de intensidade leve, como caminhada e hidroginástica, são indicados durante a maioria das gestações, especialmente em mulheres com diabetes mellitus gestacional. Contudo, a liberação para a atividade física deve ser feita por um médico após avaliar se há contraindicações.

Com exceção da caminhada, os exercícios devem ser supervisionados por profissionais habilitados. Recomenda-se que sejam realizados por 30 minutos três vezes na semana. A atividade física é importante, pois reduz a resistência à insulina, o que melhora os níveis de glicemia.

Monitoração glicêmica

Uma parte importante do tratamento é o acompanhamento diário dos níveis de glicemia com fitas. A paciente utilizará o mesmo aparelho de glicemia indicado para diabéticos crônicos. Em sua casa, a paciente medirá a glicemia com o sangue colhido a partir de um pequeno furo na ponta dos dedos. Recomenda-se que essa medida seja feita entre 4 e 7 vezes por dia, que devem incluir:

  • Jejum;
  • Logo após o café da manhã, o almoço e o jantar;
  • Ao final do dia e, quando possível, na madrugada.

Medicamentos

Os medicamentos são prescritos quando as medidas anteriores não forem suficientes para manter níveis adequados de glicemia. Os fármacos mais comumente prescritos são a metformina e a insulina. Entretanto, eles jamais devem ser utilizados por conta própria, pois o uso incorreto pode trazer consequências gravíssimas.

O diagnóstico e o tratamento adequado da diabetes gestacional são fundamentais para garantir a saúde da gestante e do bebê. Desde o controle da alimentação e a prática de atividades físicas até a monitoração constante dos níveis de glicemia, cada etapa do tratamento visa aumentar as chances de uma gestação saudável. Com o devido acompanhamento pré-natal, a maioria das mulheres pode controlar a glicemia e ter uma gestação sem intercorrências.

Quer saber mais sobre a diabetes gestacional? Toque aqui!

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