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Exames de rotina de cada trimestre: 1º, 2º e 3º

Por Dra. Cristiane Pacheco

Durante a gravidez são realizados diferentes exames para acompanhar o desenvolvimento do bebê e a saúde da mãe. Esse acompanhamento é conhecido como pré-natal e é feito pelo médico obstetra desde a gestação ao período pós-parto, o puerpério.

Seria importante iniciar o pré-natal antes mesmo da concepção, avaliar progressivamente a saúde da futura mãe e antecipar possíveis complicações que possam ocorrer no período gestacional e no parto.

Quando a gravidez é planejada, além da avaliação materna é possível fazer uma investigação da saúde do pai também. Por outro lado, se não acontecer de forma planejada, o pré-natal deve iniciar no momento que a gravidez for confirmada.

Além da realização de exames, o pré-natal tem como objetivo o acolhimento da futura mãe. Afinal, a gravidez é um período de mudanças físicas e emocionais, que cada mulher vivencia de uma maneira.

São transformações que podem gerar dúvidas ou angústias, por exemplo, da mesma forma que é importante a orientação sobre as modificações que ocorrem no corpo, interna e externamente, e o conhecimento de todas as fases da gestação.

Conheça os exames de rotina realizados a cada trimestre

1º trimestre

Alguns exames rotineiramente solicitados no primeiro trimestre podem ter sido realizados ainda durante a consulta de preconcepção. Nesse caso, o obstetra orienta sobre os que devem ou não ser repetidos, de acordo com cada caso.

  • Papanicolaou: o teste de papanicolaou, também conhecido como citologia cervicovaginal, possibilita o rastreamento do câncer do colo uterino. Ainda que toda mulher deva fazer o exame de forma regular, ele geralmente é realizado nas primeiras consultas do pré-natal, se não houver contraindicações;
  • Tipagem sanguínea:verifica o tipo de sangue e se o fator Rh é positivo ou negativo. Caso a mulher seja Rh negativo e o homem Rh positivo, há o risco de o organismo feminino produzir anticorpos contra o bebê. Por exemplo, se a mulher for Rh negativo e o bebê Rh positivo, deve receber injeção de imunoglobulina no terceiro trimestre e dentro das primeiras 72 horas após o parto para impedir a produção de anticorpos. Já quando fator Rh da mãe é positivo, não ocorre esse tipo de complicação;
  • Hemograma completo:é importante para diagnosticar a possibilidade de anemia, número de leucócitos e plaquetas;

  • Glicemia de jejum:avalia se há tendência ao diabetes gestacional;
  • Sorologia para HIV:investiga a presença de infecção pelo vírus HIV, causador da AIDS, que pode ser transmitido da mãe para o feto durante o parto ou pela amamentação. Deve ser repetido no segundo e terceiro trimestres para confirmar se a mãe não foi infectada durante a gestação;
  • Hepatite B e C e citomegalovírus (CMV):avalia a presença de infecções pelo vírus da hepatite B e C e pelo citomegalovírus. A hepatite, durante a gestação, aumenta o risco de parto prematuro, enquanto o CMV pode causar problemas no feto, como comprometimento auditivo, de visão ou atraso no desenvolvimento intelectual. O exame deve ser realizado novamente no segundo e no terceiro trimestres;
  • Reação para toxoplasmose: verifica a presença de imunidade ou infecção causada pelo parasita Toxoplasma gondii, que pode ser transmitido pelo contato com o solo contaminado, consumo de carnes malcozidas ou higienizadas de animais contaminados pelo parasita ou contato desprotegido com fezes de gatos infectados. A toxoplasmose é uma doença infecciosa que aumenta o risco de malformações fetais e abortamento. O exame também deve ser repetido no segundo e no terceiro trimestres;
  • Reação para rubéola: a rubéola é uma infecção viral que provoca complicações como abortamento e natimorto, aumenta o risco de malformações congênitas, entre elas perda auditiva, problemas cardíacos e lesões oculares;
  • Urina:verifica se há alterações que possam sugerir infecções. As infecções do trato urinário são investigadas por urocultura. Infecções urinárias são potencialmente perigosas para o feto, por isso a análise também deve ser repetida no segundo e no terceiro trimestres;
  • Fezes:para identificar a presença de parasitas intestinais, que podem comprometer a nutrição materna e, consequentemente a do bebê. Por vezes é pouco solicitada devido ao hábito preferencial da paciente de usar antiparasitários a fazer o exame.
  • Ultrassonografia obstétrica transvaginal: para confirmar a gravidez e determinar se é única ou gemelar. Além disso, é importante para definir o tempo de gestação;
  • Ultrassonografia morfológica de primeiro trimestre:tem como objetivo avaliar a anatomia do bebê com base na análise de medidas, como a do osso nasal, possibilitando, dessa forma, a identificação de malformações e, ao mesmo tempo, se há risco de o bebê ter doenças genéticas, como a síndrome de Down;
  • Teste de sexagem:possibilita a identificação do sexo do bebê (se o casal assim desejar) a partir da oitava semana de gestação. Para realizar o exame, é necessária apenas a coleta de uma amostra de sangue da mãe, portanto o exame não oferece riscos para o bebê. No sangue da mãe, além do material genético materno, existem fragmentos do DNA fetal. Se for encontrado o cromossomo Y será um menino, do contrário, uma menina;
  • Marcadores bioquímicos maternos de primeiro trimestre:o método permite identificar a existência de substâncias no sangue materno que, em associação com os dados do ultrassom morfológico do 1° trimestre e a idade materna, permite estimar se o bebê pode ser portador de anomalias genéticas, como a síndrome de Down ou defeitos abertos do tubo neural (DNT).

2° trimestre

Os seguintes exames devem ser repetidos no segundo trimestre:

  • Hemograma completo;
  • Sorologia para HIV;
  • Reação para toxoplasmose;
  • Reação para rubéola;
  • Hepatite B e C e citomegalovírus;
  • Urina;

Além deles, são solicitados, ainda, dois exames ultrassonográficos:

  • Ultrassonografia transvaginal de segundo trimestre: para medir o colo uterino e avaliar os riscos de parto prematuro;
  • Ultrassonografia morfológica de segundo trimestre: para avaliar a morfologia do feto, a posição da placenta, a quantidade de líquido amniótico. Possibilita também a medida do colo uterino.

3° trimestre

No terceiro trimestre, são, da mesma forma, repetidos os exames de sorologia para HIV, reação para toxoplasmose e rubéola, hepatite, urina e fezes. Outros exames necessários no período incluem:

  • Glicemia:entre a 24ª e a 28ª semana é mais comum surgir diabetes gestacional;
  • Ultrassonografia obstétrica com Doppler:realizada a partir da 28° semana, determina critérios como crescimento e o peso, assim como identifica a quantidade de líquido amniótico, a localização e a maturidade da placenta ou a circulação sanguínea materna e fetal;
  • Ecocardiograma fetal:possibilita avaliar o desenvolvimento, a função e a anatomia do coração do bebê, diagnosticando precocemente doenças cardíacas congênitas;
  • Bactéria estreptococo B:detecta a presença da bactéria estreptococo B, que pode ser transmitida para o bebê durante o parto normal e pode causar pneumonia ou meningite.

Quando há suspeita de doenças genéticas ou anormalidades cromossômicas, ou para mulheres em idade mais avançada, geralmente são indicados dois testes:

  • Biópsia das vilosidades coriônicas: permite detectar anomalias genéticas ou cromossômicas no feto analisando uma amostra do tecido placentário;
  • Amniocentese: analisa o líquido amniótico e é principalmente indicado para avaliação citogenética, permitindo detectar a existência de trissomia 21 (síndrome de Down) e patologias ligadas ao sexo, como a hemofilia, ao mesmo tempo que estima a maturidade fetal, revela erros hereditários de metabolismo ou aponta a necessidade de uma transfusão fetal intrauterina. É particularmente indicado para mulheres acima de 35 anos, com histórico familiar de doenças genéticas ou filhos com defeitos congênitos.

A rotina de exames pode variar de acordo com o grau de risco da gestação. Por isso, além dos testes solicitados, é fundamental que ocorram consultas periódicas ao obstetra.

O número de consultas durante o pré-natal varia de acordo com o desenvolvimento da gravidez e riscos de complicações apontados na consulta inicial. Idealmente, deve ser mensal nas primeira 32 semanas, quinzenal até a 37ª e, depois disso, semanal, até o nascimento.

São recomendadas no mínimo seis consultas: uma no primeiro trimestre, duas no segundo e três no terceiro. No entanto, se houver algum tipo de risco, as consultas devem ser intensificadas e os exames solicitados de acordo com o quadro apresentado por cada paciente.

No puerpério, têm como objetivo avaliar a saúde materna e identificar possíveis complicações surgidas após o parto, ou provocadas por ele, além de monitorar patologias que se desenvolveram durante a gestação, como anemia ou hipertensão.

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