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Exames femininos necessários para engravidar

Por Dra. Cristiane Pacheco

Já é bastante difundido o conhecimento sobre a importância da assistência médica pré-natal para garantir a saúde de uma mulher e de seu bebê. No entanto, a maioria dos especialistas hoje recomenda a procura por um obstetra antes mesmo de engravidar. Poderíamos definir esta etapa como sendo de pré-gravidez ou preconcepção.

O obstetra é fundamental mesmo no estágio inicial. Ele orienta desde a realização de exames, a prática de exercícios, alimentação, estilo de vida ou adição de suplementos, como o ácido fólico, uma forma artificial de folato que evita malformação de células do tubo neural (estrutura que dá origem à medula espinhal e cérebro do feto), vitaminas do complexo B, ômega 3 encontrada naturalmente em alguns alimentos e necessária para formar células saudáveis.

Diferentes estudos demostram que os cuidados pré-gravidez podem aumentar as chances de engravidar e reduzir os riscos de aborto espontâneo ou defeitos congênitos (de nascimento).

Além disso, é importante ter consciência de todas as etapas da gestação, do parto e até do pós-parto, o que garante maior autonomia da mulher do início ao fim desse processo tão especial.

Saiba, neste texto, o que acontece durante a consulta de pré-concepção e quais são os exames necessários para garantir uma gravidez mais saudável.

O que esperar da consulta pré-gravidez?

Durante a consulta de pré-gravidez é feita uma análise detalhada do histórico clínico da paciente.

Algumas doenças como pressão alta, diabetes ou distúrbios da tireoide, por exemplo, devem ser especialmente controladas antes de engravidar, pois podem colocar em risco a mãe ou o bebê.

Medicamentos usados para tratar essas condições tendem, ainda, a causar efeitos que interferem na gravidez. Nesse caso, a substituição por outro, de menor impacto, pode ser uma indicação do obstetra.

Durante a avaliação, o obstetra também solicita diferentes exames para garantir que você não tenha nenhuma condição que possa afetar as chances de engravidar e, a gravidez. Além do exame papanicolaou de rotina, os mais comumente solicitados são:

Avaliação dos níveis dos hormônios tireoidianos

Os hormônios tireoidianos, assim como as gonadotrofinas FSH (hormônio folículo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante), também são importantes para o desenvolvimento e maturação dos folículos (bolsas que armazenam os óvulos).

A diminuição ou interrupção dos hormônios, por exemplo, condição conhecida como hipotireoidismo, interfere no processo ovulatório, causando distúrbios de ovulação. Os baixos níveis, ao mesmo tempo, podem resultar em alterações na receptividade endometrial, levando a falhas na implantação do embrião e abortamento.

Rastreio de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs)

Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como clamídia e gonorreia, geralmente evoluem para doença inflamatória (DIP), que tem como consequência inflamações nos órgãos reprodutores: ooforite (dos ovários), salpingite (das tubas uterinas) ou cervicite (do colo uterino), provocando alterações na fertilidade, entre elas, obstruções nas tubas uterinas.

Além de infertilidade, as ISTs também resultam em abortamento, malformação congênita e nascimento de bebês prematuros.

Imunidade ao sarampo e rubéola

A infecção por sarampo em mulheres grávidas está associada a vários eventos adversos, incluindo aumento do risco de hospitalização e pneumonia, ao mesmo tempo que aumenta o risco de parto prematuro, baixo peso ao nascer, abortamento ou bebês nascidos mortos (natimortos).

Enquanto a infecção por rubéola, da mesma forma que também acarreta complicações, como abortamento e natimorto, aumenta o risco de malformações congênitas, entre elas perda auditiva, problemas cardíacos e lesões oculares.

Imunidade à varicela

Também conhecida como catapora, a varicela é uma infecção viral altamente contagiosa que causa uma irritação cutânea com bolhas na pele. Na gravidez, pode provocar alterações no bebê, desde baixo peso ao nascer a malformações das extremidades, cicatrizes cutâneas, microftalmia (malformação do globo ocular), catarata e atraso no desenvolvimento intelectual.

Imunidade à hepatite B

A hepatite B é causada por um agente infeccioso, o vírus HBV, que provoca a inflamação do fígado, resultando em cicatrizes no órgão, insuficiência hepática e câncer.

Ele se espalha quando as pessoas entram em contato com o sangue, feridas abertas ou fluidos corporais de alguém que tem o vírus ou pode ser transmitida pela mãe ao seu bebê, no momento do parto ou pela amamentação.

Durante a gestação, aumenta o risco de parto prematuro, da mesma forma que que boa parte dos recém-nascidos têm grandes chances de desenvolver uma hepatite crônica.

HIV

HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana. Causador da aids, ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de infecções. O vírus pode ser transmitido pelo contato com sangue, sêmen ou fluidos vaginais infectados.

Assim como a hepatite B, também pode ser transmitido da mãe para o feto durante o parto ou pela amamentação.

Toxoplasmose

A toxoplasmose é uma doença infecciosa causada pelo parasita Toxoplasma gondii (T. gondii), que pode ser transmitido para a gestante pelo contato com o solo contaminado, consumo de carnes malcozidas ou higienizadas de animais contaminados pelo parasita ou contato desprotegido com fezes de gatos infectados. A toxoplasmose aumenta o risco de malformações fetais ou abortamento.

Urina

Importante para detectar uma possível infecção urinária, potencialmente perigosa para o feto.

Tipagem sanguínea

Verifica o tipo de sangue e se o fator Rh é positivo ou negativo. Caso a mulher seja Rh negativo e o homem Rh positivo, há o risco de o organismo feminino produzir anticorpos contra o bebê. Medicamentos específicos podem bloquear essa resposta.

Rastreio de doenças genéticas

Geralmente é solicitado quando há confirmação ou suspeita de doenças genéticas na família.

Durante a consulta pré-gravidez os especialistas também aconselham a atualização de vacinas pelo menos um mês antes de engravidar, entre elas a tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), varicela e hepatite.

Outras orientações incluem:

  • Evite drogas e álcool;
  • Pare de fumar, o tabagismo pode dificultar a gravidez e representa riscos ao feto;
  • Alimente-se bem e pratique exercícios: estar acima ou abaixo do peso pode aumentar os riscos durante a gravidez.

A gravidez ocasiona diversas mudanças físicas e emocionais, na vida pessoal e profissional, por isso é necessário preparar-se bem para vivenciar esse acontecimento.

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