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Colestase hepática na gravidez

Por Dra. Cristiane Pacheco

A colestase intra-hepática da gravidez (CIG), também conhecida como colestase obstétrica, é uma condição hepática rara que ocorre geralmente no terceiro trimestre, caracterizada pelo desenvolvimento de prurido (coceira) e aumento da concentração sérica dos ácidos biliares.

O prurido geralmente ocorre nas mãos e pés, mas também pode afetar outras partes do corpo e aumenta em intensidade com a progressão da gestação, no entanto não apresenta erupções cutâneas.

Além do desconforto, a CIG pode causar complicações para a mãe e principalmente para o bebê.

O que causa a colestase hepática na gravidez?

A colestase intra-hepática da gravidez não possui uma etiologia definida. Acredita-se ser um distúrbio multifatorial, com contribuições genéticas, hormonais e ambientais. O histórico familiar da doença, por exemplo, aumenta o risco, assim como outras variantes genéticas.

Além disso, especula-se que os hormônios da gravidez também podem estar envolvidos: há um aumento dos níveis nos meses que antecedem o nascimento, o que pode retardar o fluxo normal da bile – fluído produzido no fígado, que auxilia no processo de digestão das gorduras.

Em vez de ser liberada, a bile se acumula no órgão e, como resultado, os ácidos biliares são transportados pela corrente sanguínea e se incorporam à pele, resultando no prurido.

Já a contribuição ambiental ainda não é totalmente compreendida, porém diversos estudos observaram que a doença é mais prevalente em países de clima frio e mais comum em caucasianos.

Os fatores que podem aumentar as chances de colestase hepática na gravidez incluem:

  • Histórico pessoal ou familiar de colestase na gravidez;
  • Histórico de lesão ou doença hepática;
  • Gravidez múltipla.

Mulheres com histórico de colestase em uma gravidez anterior têm alto risco de desenvolvê-la em uma futura.

Quais são os sintomas de colestase hepática na gravidez?

Prurido intenso é o principal sintoma da colestase hepática na gravidez. Na maioria das mulheres, a coceira se manifesta na palma das mãos ou dos pés, mas pode espalhar para outros lugares, como barriga, tronco e face. Geralmente piora durante a noite e com o desenvolvimento da gestação.

Outros sintomas menos comuns são:

  • Icterícia, caracterizada pela coloração amarelada da pele e parte branca dos olhos;
  • Náusea;
  • Perda de apetite;
  • Dor abdominal, principalmente na parte superior direita;
  • Fezes muito claras;
  • Esteatorreia (gordura nas fezes);
  • Urina escurecida;
  • Fadiga.

Ter coceira na fase final da gravidez nem sempre é sinal de colestase intra-hepática. No entanto, é importante procurar uma obstetra se ela se manifestar de forma mais intensa na palma das mãos e pés.

Quais complicações a colestase hepática pode causar?

Complicações da colestase hepática na gravidez podem ocorrer na mãe ou no bebê em desenvolvimento. Nas mães, a condição afeta temporariamente a maneira como o corpo absorve a gordura.

A má absorção normalmente resulta em níveis reduzidos de fatores dependentes da vitamina K envolvidos na coagulação sanguínea, podendo levar à hemorragia. Porém, essa complicação é incomum, assim como problemas futuros no fígado.

Nos bebês, por outro lado, as complicações podem ser graves. Incluem nascimento prematuro, problemas pulmonares e morte fetal intrauterina (natimorto).

Como a colestase hepática é diagnosticada e tratada?

A suspeita de colestase hepática acontece quando há a manifestação de coceira intensa e persistente, principalmente nas mãos e nos pés, a partir do terceiro trimestre de gravidez. O problema é confirmado por exame de sangue, que verifica o nível de ácidos biliares na corrente sanguínea.

Como a colestase hepática é tratada?

O objetivo do tratamento é aliviar o prurido e prevenir complicações para o bebê. Para alívio, podem ser prescritos medicamentos específicos com esse objetivo ou que reduzem os níveis de ácidos biliares na corrente sanguínea.

Para minimizar a exposição do bebê aos ácidos biliares, o nascimento é programado de acordo com a idade gestacional, intensidade da coceira e gravidade da colestase avaliada pelos níveis de ácidos biliares no sangue. A coceira geralmente é solucionada em poucos dias após o parto.

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Lívia

Neste caso, se torna inviável o parto normal?

Dra. Cristiane Pacheco.

Depende do caso, Lívia.

Lanna cristina Nascimento Tavares

Olá sofro dessa síndrome, já tive um natimorto de 38 semanas. Minha média não diagnóstico mesmo com todas as minhas queixas. Também tive na minha segunda gestação mais com acompanhamento. A colestase voltou quando minha filha estava com 2 anos. Agora depois de 4 anos do último episódio estou me tratando novamente. Pois voltou todos os sintomas.

Dra. Cristiane Pacheco.

Lanna, sinto muitíssimo.
No entanto, fico feliz que esteja em tratamento. Boa sorte, minha querida!