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Parto induzido

Por Dra. Cristiane Pacheco

Um parto é induzido quando as contrações são estimuladas antes que o trabalho de parto inicie naturalmente para que ocorra o parto normal, ou seja, se for necessário antecipar o nascimento.

O parto induzido é um procedimento indicado pelo obstetra em situações que pode ser arriscado para mãe ou o bebê prolongar a gestação a fim de esperar o desencadear espontâneo do parto. Outro exemplo bem comum é em que a bolsa rompe e a mulher não entra em trabalho de parto.

Para determinar se a indução do parto é necessária, são avaliados fatores como a saúde materno-fetal, idade gestacional, peso, tamanho e posição do bebê no útero, além da situação do colo uterino: o amadurecimento inadequado é um dos motivos mais comuns.

O que pode levar ao parto induzido?

Entre as condições que podem levar o obstetra a indicar a indução de parto estão doenças maternas, incluindo problemas renais, cardíacos, se os bebês estiverem em boas condições para enfrentar o trabalho de parto. Outros motivos são:

  • Gestação pós-termo: quando a gravidez dura 42 semanas ou mais. Nesse caso, a placenta perde a capacidade de proporcionar um ambiente saudável para o bebê;
  • Ruptura de membranas: a ruptura da bolsa amniótica antes de o trabalho de parto iniciar é considerada prematura. O parto é induzido se a idade gestacional for de 34 semanas ou em qualquer período da gravidez, no caso de infecção ou comprometimento fetal;
  • Corioamnionite: corioamnionite é uma inflamação das membranas fetais (âmnio e córion), do líquido amniótico, placenta ou uma combinação, como consequência de uma infecção bacteriana. A infecção aumenta o risco de complicações obstétricas, problemas de desenvolvimento fetal e neonatal;
  • Restrição do crescimento fetal: quando o peso do bebê é menor do que o recomendado para a idade gestacional, geralmente causado por alguma alteração clínica;
  • Oligohidrâmnio: anormalidade caracterizada pela baixa produção de líquido amniótico;
  • Diabetes gestacional: quando há o desenvolvimento de diabetes durante a gravidez, e caso a gravidez prossiga, há riscos clínicos para mães e risco de macrossomia para o feto;
  • Distúrbios da pressão alta: mulheres que sofrem com hipertensão antes da gravidez ou que desenvolvem pré-eclâmpsia durante o período gestacional;
  • Óbito fetal: quando o bebê já é falecido, damos preferência por não submeter a mãe a um risco de cesariana, salvo em situações que contraindicam um parto.

Como é realizada a indução do parto?

Diferentes procedimentos podem ser utilizados para induzir o parto. Eles são indicados de acordo com as condições de cada paciente, considerando a avaliação do colo uterino, da posição e da altura da apresentação do polo cefálico do bebê, entre outros. Veja os principais:

  • Amadurecimento do colo do útero: são utilizados medicamentos específicos para estimular o amadurecimento do colo uterino, sendo o mais conhecido as prostaglandinas ou métodos como a inserção de um cateter com um balão com solução salina, que também contribui para que o processo de amadurecimento aconteça. No primeiro caso, é importante que as contrações maternas e a frequência cardíaca do bebê sejam monitoradas;
  • Ruptura da bolsa amniótica:a técnica é conhecida como amniotomia e prevê uma abertura artificial na bolsa amniótica para facilitar o trabalho se o bebê estiver posicionado com a cabeça voltada para o canal de parto. A frequência cardíaca do bebê também é monitorada antes e após o procedimento, ao mesmo tempo que o líquido amniótico é avaliado, contudo só deve ser realizada com uma dilatação do colo uterino já mais evoluída ou avançada;
  • Uso de medicamentos:a administração por via intravenosa de uma versão sintética da ocitocina, hormônio que provoca a contração uterina, contribui para acelerar um trabalho de parto já iniciado e o amadurecimento cervical. O procedimento é realizado em ambiente hospitalar e as contrações, assim como a frequência cardíaca, devem ser monitoradas continuamente.

O obstetra também poderá utilizar uma combinação desses métodos para induzir o parto. O tempo de resposta depende do amadurecimento do colo do útero e da técnica utilizada. Em alguns casos, há demora de dias; em outros, ocorre em poucas horas.

A indução do parto acontece em ambiente hospitalar ou clínicas especializadas, locais em que há atendimento especializado disponível e equipamentos adequados para o monitoramento da mãe e do bebê.

Há riscos no parto induzido?

Os benefícios da indução do parto são maiores do que os riscos associados ao procedimento, que incluem:

  • Falha na indução: embora a maioria das mães induzidas pela primeira vez tenha um parto normal bem-sucedido, em alguns casos pode ser necessário que o nascimento ocorra por cesariana;
  • Baixa frequência cardíaca do bebê: medicamentos utilizados para induzir o parto podem causar contrações em excesso ou anormais, diminuindo, dessa forma, o suprimento de oxigênio para o bebê e, consequentemente, a frequência cardíaca;
  • Infecção: alguns métodos de indução, como a ruptura da bolsa amniótica, podem aumentar o risco de infecção para mãe e bebê;
  • Ruptura uterina: complicação rara, a ruptura uterina ocorre na maioria das vezes em cicatrizes de mulheres já submetidas à cesariana. Outros fatores também contribuem, como anormalidades uterinas congênitas, trauma e procedimentos cirúrgicos uterinos, incluindo as miomectomias ou cirurgia fetal aberta. Uma cesariana de emergência pode ser necessária para evitar complicações, assim como a remoção do útero;
  • Hemorragia pós-parto: quando a placenta já foi expulsa e o bebê nasceu, o organismo utiliza mecanismos hemostáticos para evitar o sangramento excessivo. No entanto, se eles falharem, o útero não consegue contrair o suficiente para comprimir os vasos sanguíneos, resultando em hemorragia pós-parto, conhecida como atonia uterina. A hemorragia pós-parto é a maior causa de morte materna no mundo.

Por outro lado, o parto induzido não é um procedimento adequado para todas as mulheres. Veja as situações em que é contraindicado:

  • Mulheres que possuem uma cicatriz de cesariana mediana devido ao risco aumentado de rotura ou que tenham outras cicatrizes não devem fazer uso de prostaglandina;
  • Mulheres com placenta prévia, condição em que a estrutura cobre parcialmente ou totalmente o colo uterino;
  • Mulheres com infecção ativa por herpes genital;
  • Quando o bebê não está posicionado corretamente, com a cabeça voltada para o canal de nascimento;
  • Quando o cordão umbilical desliza pelo colo do útero antes do nascimento, causando diminuição do fluxo sanguíneo para o feto (prolapso do cordão umbilical).

Na maioria dos casos, o parto normal é bem-sucedido após a indução, não comprometendo, inclusive, futuras gestações.

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