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Pré-eclâmpsia

Por Dra. Cristiane Pacheco

Pré-eclâmpsia é uma complicação potencialmente perigosa da gravidez com riscos à saúde da mãe e do bebê. É caracterizada por pressão arterial alta, proteínas na urina e inchaço generalizado (rosto, pernas, pés e mãos), podendo ocorrer variações clínicas.

Geralmente começa após a 20ª semana de gestação em mulheres sem qualquer alteração relacionada ao quadro clínico já descrito, e mais raramente, logo após o parto.

A única cura para a pré-eclâmpsia é dar à luz. No entanto, mesmo após o parto, os sintomas podem permanecer por mais algumas semanas, o que motiva um cuidado especial às mães que vivenciam o problema, no momento do parto e no puerpério.

Para minimizar os danos provocados pela condição é fundamental a consulta regular ao obstetra durante o pré-natal. A medida da pressão arterial é uma das ações realizadas por ele no acompanhamento da gravidez.

Sintomas

Nem sempre a pré-eclâmpsia manifesta sintomas. A pressão alta pode se desenvolver lentamente ou pode ter um início repentino. Por isso, o monitoramento é uma ação importante do pré-natal, uma vez que o primeiro sinal é geralmente o aumento da pressão arterial.

Excesso de proteína na urina (proteinúria) ou sinais adicionais de alterações renais, função hepática comprometida e níveis reduzidos de plaquetas no sangue (trombocitopenia) são indicativos de agravamento do problema e podem ser confirmados por exames específicos.

Além disso, a condição pode manifestar outros sintomas, os mais comuns são:

  • Dores de cabeça severas;
  • Alterações na visão, como perda temporária, visão embaçada ou sensibilidade à luz;
  • Dor abdominal superior, geralmente sob as costelas do lado direito;
  • Náusea ou vômito;
  • Diminuição da produção de urina;
  • Falta de ar, causada por líquido nos pulmões.

O aumento repentino de peso e inchaço particularmente no rosto e nas mãos, também podem ocorrer quando há pré-eclâmpsia. No entanto, ao mesmo tempo são sintomas comuns à gestação, por isso, nem sempre alertam para o problema.

Por outro lado, se houver a manifestação de dores de cabeça severas, alterações na visão, dores abdominais de maior intensidade e falta de ar, é fundamental procurar auxílio médico com urgência.

O que causa pré-eclâmpsia?

A pré-eclâmpsia resulta de diferentes fatores. Estudos sugerem que pode começar na placenta – órgão vascular que une o feto à parede do útero materno, permitindo a passagem de substâncias nutritivas e oxigênio para o sangue fetal.

Para enviar sangue com eficiência à placenta, no início da gravidez novos vasos sanguíneos se desenvolvem. De acordo com a observação desses estudos, nas mulheres com pré-eclâmpsia esses vasos não se desenvolvem ou não funcionam adequadamente: são mais estreitos e reagem de maneira diferente à sinalização hormonal, o que limita a quantidade de sangue que pode fluir por deles.

As causas desse desenvolvimento anormal podem incluir:

  • Fluxo sanguíneo insuficiente para o útero;
  • Danos causados aos vasos sanguíneos;
  • Problemas com o sistema imunológico;
  • Genética.

Fatores que aumentam o risco para o desenvolvimento de pré-eclâmpsia:

  • Histórico de pré-eclâmpsia pessoal ou familiar;
  • Mulheres que sofrem com hipertensão crônica;
  • Primeira gravidez;
  • Novo parceiro: o risco é mais alto quando há um novo parceiro do que a segunda ou terceira gravidez com o mesmo parceiro;
  • Idade: mulheres muito jovens ou acima dos 35 anos também têm risco aumentado;
  • Diferença racial: mulheres negras têm maior risco quando comparadas com as brancas;
  • Obesidade;
  • Gravidez múltipla: é mais comum quando a gravidez é de gêmeos, por exemplo;
  • Intervalo entre gestações: menos de dois anos ou mais de 10 anos de diferença entre as gestações também provoca mais o risco;
  • Certas condições: além da hipertensão crônica, entre as condições que aumentam o risco estão: enxaqueca, diabetes tipo 1 ou 2, doenças renais, tendência a desenvolver coágulos sanguíneos (trombofilia) ou doenças autoimunes como lúpus.

A pré-eclâmpsia pode resultar em quais complicações?

Quanto mais grave for a pré-eclâmpsia e mais cedo ocorrer durante a gravidez, maiores são os riscos para mãe e o bebê. A pré-eclâmpsia pode exigir indução ao parto ou cesariana, a melhor opção é definida pelo obstetra, de acordo com cada caso.

As complicações da pré-eclâmpsia podem incluir:

  • Restrição do crescimento fetal e baixo peso ao nascer:como a pré-eclâmpsia afeta os vasos sanguíneos que transportam sangue para a placenta, o bebê tende a receber menos nutrientes e oxigênio, o que pode levar a um crescimento lento, conhecido como restrição do crescimento fetal e, baixo peso ao nascer;
  • Nascimento prematuro: pré-eclâmpsia com características graves exige um parto prematuro para salvar a vida da mãe e do bebê;
  • Descolamento da placenta: pré-eclâmpsia aumenta o risco de descolamento da placenta, condição na qual ocorre a separação da placenta da parede interna do útero antes do parto. O descolamento grave pode causar hemorragia, o que pode ser fatal para mãe e bebê;
  • Síndrome HELLP: HELLP é a sigla usada para descrever a condição de paciente com pré-eclâmpsia grave que apresenta hemólise, níveis elevados de enzimas hepáticas e contagem baixa de plaquetas. Pode se desenvolver repentinamente, mesmo antes de a pressão alta ser detectada e aumenta o risco de morbidade materna e do bebê. No entanto, sua ocorrência é pouco comum;
  • Eclâmpsia: quando a pré-eclâmpsia não é controlada, pode evoluir para a eclâmpsia, uma forma mais grave que também aumenta o risco de morbidade materna e do bebê. Além dos sintomas que se manifestam na pré-eclâmpsia, a paciente apresenta convulsões. Mulheres com eclampsia devem, portanto, fazer o parto imediatamente, independentemente do tempo de gravidez;
  • Danos a outros órgãos: a pré-eclâmpsia pode resultar em danos aos rins, fígado, pulmão, coração ou olhos, pode causar um acidente vascular cerebral (AVC) ou outras lesões cerebrais, de acordo com a gravidade da condição.

Como a pré-eclâmpsia é diagnosticada?

Os seguintes exames podem ser solicitados quando há suspeita de pré-eclâmpsia, após constatação da elevação da pressão arterial:

  • Exames de sangue: para avaliar a função hepática, a função renal e as plaquetas, detectando se há coagulação sanguínea;
  • Análise da urina: para medir a quantidade de proteína presente na urina;
  • Ultrassom fetal: o ultrassom é periodicamente realizado para monitorar o desenvolvimento do bebê;
  • Perfil biofísico do feto: é um exame ultrassonográfico solicitado pelo obstetra geralmente no terceiro trimestre de gravidez, a partir da 34ª semana. O exame avalia parâmetros como volume do líquido amniótico, movimento respiratório fetal, auxiliando no diagnóstico precoce de sofrimento do bebê.

A pré-eclâmpsia tem tratamento?

O tratamento mais eficaz para a pré-eclâmpsia é dar à luz, principalmente quando há risco aumentado de convulsões, descolamento da placenta, hemorragia e AVC.

Se a pré-eclâmpsia pode ser observada nos casos em que é menos grave. Para isso, as consultas pré-natais são intensificadas, assim como a realização de exames que acompanham a saúde da mãe e do bebê. Alguns medicamentos geralmente são indicados, incluindo os anti-hipertensivos que proporcionam a diminuição da pressão arterial.

Quando a pré-eclâmpsia é mais grave ou se houver o desenvolvimento da síndrome HELLP, por outro lado, geralmente são prescritos corticosteroides em associação com os anti-hipertensivos que auxiliam na maturação mais rápida dos pulmões do bebê, fundamental quando o nascimento é prematuro.

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