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Parto normal

Por Dra. Cristiane Pacheco

Parto normal é a forma de nascimento que ocorre naturalmente, pela vagina, sem necessidade de nenhum tipo de cirurgia. Existem diferentes tipos de parto normal, entre eles o natural, de lótus, na água, de cócoras ou em pé.

A mãe pode optar por ter seu bebê em qualquer um desses formatos, porém, no Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) não reconhece oficialmente a possibilidade de o nascimento ocorrer em casa de forma programada.

A maioria dos formatos, entretanto, pode ser realizada em hospitais ou clínicas especializadas que possuam suporte estrutural e clínico necessários para atender à mãe e ao bebê, fundamental se houver alguma complicação no processo.

Diferentes estudos reconhecem que o parto normal é melhor para a mãe e o bebê, quando comparado a uma cesariana eletiva, ou seja, nos casos em que a o nascimento por cirurgia é de forma programada por opção materna.

A recuperação, por exemplo, é mais rápida, com menos dor, sangramento e risco de infecção. Os cuidados com o bebê também podem iniciar mais cedo, ao mesmo tempo que são menores as chances de ele desenvolver problemas, como os respiratórios.

Porém, apenas a partir do acompanhamento pré-natal e muitas vezes só no momento do trabalho de parto é possível definir o tipo de parto mais adequado para cada gestante, garantindo, sempre, que sejam realizados os procedimentos mais benéficos para a mãe e para o bebê.

Acompanhamento pré-natal e acolhimento materno

Além da realização dos exames de pré-natal, fundamentais para avaliação da saúde materna e do feto, o acolhimento materno e da família envolve um conjunto de práticas que têm o objetivo de promover um nascimento saudável.

Por isso, cada etapa da gravidez é detalhadamente explicada. Muitas vezes, por exemplo, o parto normal planejado inicialmente pode exigir uma cesariana a partir de complicações que ocorrem durante a gravidez.

Estimulá-la a elaborar um plano de parto é, no entanto, uma forma de entender seus desejos e anseios, ao mesmo tempo que permite maior controle e autonomia sobre o nascimento. Geralmente inclui informações como o uso de anestesia, de procedimentos ou equipamentos médicos, a definição do tipo de parto, do local de nascimento, de quem vai participar ou a ambientação do espaço.

A partir da elaboração do plano de parto, as futuras mães e a equipe de parto, em especial o obstetra, devem conversar sobre a possível necessidade de adotar procedimentos clínicos ou cirúrgicos em algumas situações, que por vezes não estão contemplados no plano, por exemplo o uso de instrumentos como o fórceps/vácuo, que auxilia a retirada do bebê se por alguma razão a mãe não conseguir colaborar ou se existir risco materno-fetal.

Ainda que o CFM não permita o parto domiciliar, ele pode ser realizado se esse for o desejo da futura mãe. Nesse caso, geralmente é acompanhado por enfermeiros obstetras e deve prever uma estrutura que proporcione segurança para a mãe e para o bebê, observando alguns critérios, incluindo:

  • A paciente deve ser de baixo risco;
  • Uma ambulância deve estar presente no local, que por sua vez deve ficar a no máximo 30 minutos do hospital;
  • O profissional tem que ter acesso ao hospital para que a sala seja imediatamente preparada se for necessário.

Como o parto normal acontece?

No parto normal o bebê nasce pela vagina. O trabalho ocorre quando acontecem contrações uterinas rítmicas e frequentes de boa intensidade por horas seguidas. Essas contrações fazem com que o colo uterino se abra até 10 centímetros e depois empurre o bebê para baixo no canal vaginal, inclusive com a colaboração dele, em movimentos giratórios, até a saída do canal.

Algumas mulheres optam pelo uso de anestesia ou analgésicos para aliviar a dor, enquanto outras preferem controlá-la com a utilização de outros recursos, como técnicas de respiração, exercícios ou massagens.

Entenda as fases do trabalho de parto:

  • Fase latente: as contrações, que são importantes para conduzir o bebê até o canal de parto, estão ainda irregulares, mas já incomodam e tornam-se progressivamente mais coordenadas; a dilatação do colo geralmente está com até 3 ou 4 cm de dilatação e pode durar muitas horas, sendo o tempo variável; nesta fase, a parturiente muitas vezes observa a perda do tampão mucoso;
  • Fase ativa: as contrações ficam mais fortes e próximas, sendo 3 a 4 contrações a cada 10 min, de forma regular, o que consequentemente vai aumentar a dilatação do colo uterino; a essa altura, já é uma dilatação de 6 cm ou mais, sendo geralmente o momento ideal para internação e início do acompanhamento da evolução e do bem-estar fetal;
  • Período expulsivo: ocorre quando o colo uterino chega a 10 cm de dilatação e começa a expulsão do bebê; neste momento, geralmente a parturiente sente vontade de fazer força ou empurrar e muitas referem contrações mais dolorosas, bem como uma sensação de ardor e calor no períneo quando o bebê começa a sair; esta fase pode demorar alguns minutos ou até horas;
  • Fase da dequitação: depois que o bebê nasce, após alguns minutos, o corpo se prepara para expulsar a placenta e a bolsa vazia do líquido amniótico; ainda acontecem contrações, mas mais fracas, para que aconteça esse desprendimento.

Apesar de descrevermos etapas bem distintas, não é possível prever como o trabalho vai acontecer, ou quanto tempo vai durar, por isso é importante estar preparada para eventuais imprevistos, incluindo a necessidade de realizar uma cesariana. Entretanto, o nascimento por parto normal possui diversas vantagens quando comparado à cesariana:

  • Menor risco de complicações;
  • Menor tempo de recuperação;
  • Amamentação mais fácil;
  • Menor risco de o bebê desenvolver doenças respiratórias;
  • Menor risco de o bebê nascer prematuro;
  • Menor risco de complicações em futuras gestações.
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