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Contraceptivos

Por Dra. Cristiane Pacheco

Os métodos contraceptivos são o nosso principal recurso para fazer o planejamento familiar e evitar uma gravidez não planejada ou que ofereça um risco maior à saúde da mulher, como quando acontece, por exemplo, pouco tempo depois de uma gestação ou quando a menina ainda é uma adolescente, situações que registram percentuais significativos de mortalidade materno-infantil.

Os contraceptivos também proporcionam benefícios não relacionados à saúde, como maiores oportunidades de educação ampliada e, consequentemente, empoderamento das mulheres, além de crescimento populacional sustentável.

No entanto, o uso ainda é limitado na população em geral, principalmente nos países em desenvolvimento. As razões para isso incluem falta de acesso a alguns métodos, medo ou experiência de efeitos colaterais, oposição cultural ou religiosa, má qualidade dos serviços públicos, que não oferecem orientações adequadas, principalmente à população mais jovem.

O aconselhamento anticoncepcional, quando aplicado de forma correta, contribui para o uso bem-sucedido dos métodos contraceptivos. Por isso, é sempre importante consultar o ginecologista-obstetra, se não houver a intenção de engravidar.

Conheça os principais métodos contraceptivos

Muitos elementos precisam ser considerados ao escolher o método contraceptivo mais adequado. Entre eles estão segurança, eficácia, disponibilidade, acessibilidade e aceitabilidade.

Ao escolher um método contraceptivo, a dupla proteção contra o risco simultâneo de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e HIV, vírus causador da aids, também deve ser considerada.

Os métodos contraceptivos incluem dispositivos intrauterinos, pílulas anticoncepcionais orais, implantes, injetáveis, adesivos, anéis vaginais, preservativos ou mesmo os baseados na consciência de fertilidade e os permanentes, como a esterilização masculina e feminina (esses pouco indicados hoje – é importante evitar métodos permanentes, principalmente quando a pessoa ainda é jovem, pois o índice de arrependimento é muito alto). Conheça a seguir os principais métodos contraceptivos disponíveis:

Métodos contraceptivos reversíveis de ação prolongada

São métodos contraceptivos de longa duração. Exemplos são os dispositivos intrauterinos. Existem dois tipos de DIU: o hormonal e o de cobre (ou prata) : com o formato em T, eles são inseridos no útero em um procedimento bastante simples.

O DIU hormonal geralmente tem a duração de até 5 anos e deve ser posteriormente renovado se a mulher ainda não deseja engravidar. Esse tipo de dispositivo intrauterino libera diariamente uma pequena quantidade de um hormônio igual à progesterona, agindo principalmente de duas formas para evitar a gravidez: impede a ovulação e altera o muco cervical, que se torna mais espesso e não deixa os espermatozoides passarem.

Os percentuais de falha do DIU hormonal variam de 0,1% a 0,4%, sendo considerado um dos métodos contraceptivos mais eficazes.

Já o de cobre libera íons que tornam o ambiente uterino hostil aos espermatozoides. Pode durar até 10 anos, com percentuais de falha de 0,8%.

A principal diferença entre os dois é a presença, no DIU hormonal, da progesterona, hormônio que pode reduzir a intensidade do fluxo menstrual e amenizar os sintomas do ciclo menstrual.

Métodos hormonais

São métodos contraceptivos que utilizam hormônios para prevenir a gravidez.

  • Implante: o implante é um dispositivo com haste única e fina inserido sob a pele do braço. A haste contém progesterona, que é liberada diariamente no organismo durante 3 anos. Os percentuais de falha são de 0,1%;
  • Injeção: injeções de progesterona podem ser aplicadas nas nádegas ou no braço a cada três meses. Os percentuais de falhas são de 4%;
  • Contraceptivos orais combinados: mais conhecidos como ‘pílula’, os anticoncepcionais orais combinados contêm os hormônios estrogênio e progesterona. Uma pílula deve ser ingerida todos os dias no mesmo horário. Os percentuais de falha são de 0,1%;
  • Pílulas só de progesterona:também conhecidas como minipílula, contêm apenas o hormônio progesterona e são uma boa opção para mulheres que não podem ingerir estrogênio, inclusive as que amamentam. Os percentuais de falha também são de 0,1%.
  • Adesivo: o adesivo é usado na parte inferior do abdômen, nádegas ou parte superior do corpo (com exceção dos seios). Libera hormônios progesterona e estrogênio. Deve ser substituído semanalmente. Os percentuais de falha são de 7%;
  • Anel contraceptivo vaginal hormonal: é inserido na vagina, liberando progesterona e estrogênio. Pode ser usado por três semanas e deve ser substituído após o período menstrual. Os percentuais de falha são de 7%.

Métodos de barreira

São métodos contraceptivos que impedem a entrada dos espermatozoides na vagina.

  • Diafragma:é inserido dentro da vagina para cobrir o colo do útero e bloquear a entrada de espermatozoides. Deve ser usado antes da relação sexual em conjunto com um espermicida e pode ser mantido por até 24 horas, desde que o espermicida seja renovado. Os percentuais de falha são de 17%;
  • Esponja contraceptiva: também é inserida na vagina para cobrir o colo do útero, bloqueando a entrada de espermatozoides. Contém espermicida e funciona por até 24 horas. Após ser utilizada, deve ser descartada. Os percentuais de falha são de 14% para mulheres que nunca tiveram um bebê e de 27% para mulheres que já tiveram um bebê;
  • Preservativo masculino: deve ser colocado no pênis no momento da relação sexual. Além de ajudar a prevenir a gravidez, também evita a transmissão de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e HIV. Normalmente são fabricados em material sintético lubrificado. Os percentuais de falha são de 1%;
  • Preservativo feminino: pode ser inserido na vagina até 8 horas antes da relação sexual. Também ajuda a prevenir contra a transmissão de ISTs e HIV. Os percentuais de falha são de 21%.

Método baseado na consciência da fertilidade

É o método contraceptivo baseado na percepção da fertilidade, como a definição do período mais fértil, feita por meio de cálculos específicos, ou a observação de sinais manifestados pelo corpo. Para aumentar os percentuais de sucesso, entretanto, é importante evitar a relação sexual no período de maior fertilidade ou utilizar métodos de barreira. Os percentuais de falha podem ser de até 23%.

Método contraceptivo temporário

Muitas pessoas pensam que a amamentação exclusiva é suficiente para prevenir uma gravidez, mas não é. A contracepção durante a amamentação tem um desafio adicional: a mulher não pode usar estrogênio, componente de muitos contraceptivos.

Portanto, é muito importante conversar com o médico para estudar o melhor método durante esse período, já que a amamentação é um período e uma ação fundamental para aumentar a imunidade do bebê e se estende por pelo menos 6 meses, podendo chegar e ultrapassar os 2 anos de idade.

Métodos contraceptivos de emergência

Não é um método regular de controle de natalidade. Deve ser usado quando houver falha em outro método, como o rompimento de um preservativo, por exemplo, ou quando o sexo é praticado sem proteção (e muitas vezes sem consentimento). Existem os contraceptivos de emergência:

  • Pílulas anticoncepcionais de emergência: conhecidas também como pílulas do dia seguinte, podem ser tomadas após o sexo desprotegido, mas isso deve ser feito em pouco tempo depois, no máximo em 24h.

Métodos contraceptivos permanentes

A contracepção permanente, também chamada de esterilização, evita todas as futuras gestações. Em alguns casos, pode ser revertida posteriormente; em outros, a reversão é impossível.

  • Esterilização feminina: chamada laqueadura, é um procedimento cirúrgico que prevê o bloqueio das tubas uterinas, impedindo o encontro entre espermatozoides utilizando-se diferentes métodos, como clipes e anéis tubários, por cauterização ou fios de sutura. Os percentuais de falha são de 0,5%.
  • Esterilização masculina: chamada vasectomia, também é um procedimento cirúrgico que prevê a ligadura dos ductos deferentes responsáveis por conduzir os espermatozoides para que eles sejam ejaculados. Os percentuais de falha são de 0,15%.

No entanto, hoje existe uma tendência a se evitar a esterilização, pois o índice de arrependimento é muito alto. Muitas vezes, o homem ou a mulher iniciam um novo relacionamento e surge o desejo de ter filhos. Existem tantos métodos contraceptivos atualmente que não há razão para optar pelos permanentes.

Para você saber qual é o melhor método contraceptivo para você, converse com seu médico. Isso é importante para a sua qualidade de vida.

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