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Cistos no ovário

Por Dra. Cristiane Pacheco

Os ovários são as duas glândulas do sistema reprodutor feminino responsáveis pela síntese de hormônios sexuais, armazenamento e crescimento dos folículos, que são estruturas de proteção para os óvulos (os folículos guardam os óvulos até que amadureçam e sejam liberados na ovulação, um a cada ciclo menstrual).

Os cistos ovarianos também são um tipo de bolsa preenchida por fluído, ou por outro tecido, que se formam no interior dos ovários e na superfície deles. A maioria ocorre na fase fértil da mulher durante o ciclo menstrual. No entanto, também podem surgir após a menopausa.

Existem diferentes tipos de cistos ovarianos, sendo o funcional o mais comum. Eles normalmente são benignos e raramente evoluem para câncer.

Entenda como os cistos são formados

Muitas mulheres têm cistos ovarianos. Geralmente eles são assintomáticos, inofensivos e desaparecem sem nenhum tratamento. A maior parte dos cistos ovarianos se desenvolve como consequência do ciclo menstrual, são chamados cistos funcionais e divididos em dois tipos: folicular e de corpo-lúteo. Os outros tipos de cistos são bem menos comuns.

Como os cistos funcionais se formam?

As mulheres, ao contrário dos homens, que produzem espermatozoides durante toda a vida, já nascem com uma reserva ovariana, ou seja, com uma quantidade finita de folículos.

Todos os meses, na primeira fase do ciclo menstrual, chamada folicular, motivados pela ação de diferentes hormônios, vários folículos são recrutados. No entanto, apenas um deles se torna dominante, amadurece e se rompe, liberando o óvulo na fase ovulatória para ser fecundado pelo espermatozoide.

À medida que se desenvolve, a cavidade folicular é preenchida por líquido. Se o folículo não romper e liberar o óvulo, o líquido permanece contido nele, originando o cisto folicular.

Após o rompimento, o folículo transforma-se em corpo-lúteo, responsável pela secreção de progesterona, fundamental para o espessamento final do endométrio e desenvolvimento da placenta. Se a fecundação não ocorrer, o corpo-lúteo desintegra.

Porém, em alguns casos, o líquido formado durante o desenvolvimento folicular acumula em seu interior, transformando-o em um cisto de corpo-lúteo, que também pode se encher de sangue, chamado, nesse caso, cisto de corpo-lúteo hemorrágico.

Os cistos funcionais quase sempre são pequenos, regridem rapidamente e causam sintomas apenas quando se rompem, o que acontece raramente.

Os foliculares são os mais comuns e podem se desenvolver em maior quantidade. Quando isso acontece, provocam um desequilíbrio hormonal, afetando o desenvolvimento dos folículos e a ovulação. Já os de corpo-lúteo são menos frequentes e não ameaçam a fertilidade.

Outros tipos de cistos ovarianos

  • Teratoma: também chamado de dermoide, este tipo de cisto contém diferentes tipos de tecidos que constituem o corpo, como pele e cabelo. Podem estar presentes desde o nascimento ou crescer durante a fase fértil. Em casos muito raros, alguns podem se tornar câncer;
  • Cistadenoma: são cistos que se formam na superfície externa do ovário. Embora possam crescer muito, geralmente são benignos;
  • Endometrioma: são um tipo de cisto preenchido por um líquido marrom (aparência achocolatada) e são uma das manifestações da endometriose.

Alguns fatores podem aumentar o risco para desenvolver cistos nos ovários, incluindo:

  • Distúrbios hormonais: alterações nos níveis dos hormônios envolvidos no processo reprodutivo aumentam as chances de formação de cistos;
  • Gravidez: o cisto de corpo-lúteo se forma quando há concepção e permanece no ovário durante a gravidez, embora não represente riscos para o desenvolvimento da gestação;
  • Endometriose: em estágios mais avançados, geralmente causa a formação de endometriomas, que podem interferir no desenvolvimento folicular ou alterar a qualidade do óvulo;
  • Infecção pélvica grave: pode causar a formação de cisto, caso se espalhe para os ovários;
  • Cisto ovariano anterior: mulheres que tiveram um cisto têm maior propensão para desenvolver outros, o que é particularmente mais perigoso após a menopausa.

Sintomas que cistos no ovário podem provocar

A maioria dos cistos não causa sintomas e desaparece sem tratamento. No entanto, cistos maiores podem causar:

  • Dor pélvica: dor surda (contínua e imprecisa) ou aguda na parte inferior lateral do abdômen que o cisto está localizado;
  • Sensação de plenitude ou peso na região abdominal;
  • Inchaço.

É importante procurar auxílio médico com urgência se a dor for súbita e intensa, acompanhada de febre ou vômito.

Os cistos teratoma e cistadenoma podem tornar-se grandes, movendo o ovário para fora da posição, aumentando, dessa forma, as chances de torção ovariana, uma condição bastante dolorosa que pode resultar na diminuição ou interrupção do fluxo sanguíneo.

Por outro lado, quando um cisto se rompe, pode causar dor intensa e sangramento interno. Quanto maior o cisto, maior o risco de ruptura. Atividades vigorosas que afetam a pelve, como a relação sexual vaginal, aumentam o risco de a ruptura ocorrer.

Métodos para diagnosticar cistos nos ovários

A suspeita de cistos no ovário normalmente ocorre durante um exame ginecológico de rotina. Dependendo do seu tamanho, o médico poderá recomendar a realização de alguns exames para determinar o tipo – se é preenchido com fluido, sólido ou misto – e a abordagem terapêutica mais indicada.

Os seguintes exames podem ser solicitados para conseguirmos mais informações:

  • Ultrassonografia transvaginal: possibilita determinar a forma, o tamanho e a localização do cisto, se ele é sólido ou preenchido por fluido;
  • Exame de sangue: para confirmar ou excluir a possibilidade de o cisto ser maligno. É avaliado o nível de uma substância chamada CA 125. Níveis elevados, associados a achados de ultrassom e exame físico, podem indicar a possibilidade de câncer de ovário, especialmente em mulheres após a menopausa. De acordo com os resultados, podem ser indicados outros exames laboratoriais e de imagem.

Tratamentos para cistos no ovário

As abordagens terapêuticas para cistos no ovário incluem a observação periódica, a administração de medicamentos e cirurgia, indicadas de acordo com cada caso:

  • Observação periódica: cistos menores que não causam sintomas devem apenas ser periodicamente observados, para verificar se não houve alteração no tamanho ou forma. O tempo necessário para esse acompanhamento é determinado pelo médico;
  • Administração de medicamentos: anticoncepcionais hormonais, como pílulas, podem ser administrados para evitar a recorrência de cistos ovarianos. No entanto, não reduzem um cisto existente;
  • Cirurgia: a cirurgia é recomendada se o cisto for muito grande, se causar sintomas ou se houver suspeita de câncer. O tipo de cirurgia depende de vários fatores, incluindo o tamanho do cisto, idade, o desejo de ter filhos, histórico familiar de câncer de ovário ou de mama. A cistectomia é um procedimento que promove a remoção de um cisto no ovário. Geralmente é realizada por videolaparoscopia, no entanto, para cistos maiores, pode ser adotada a cirurgia aberta. Se houver suspeita de câncer, os ovários geralmente são removidos. Nesse caso, o procedimento é chamado ooforectomia.
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