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Analgesia no parto

Por Dra. Cristiane Pacheco

Em anestesiologia, analgesia é o termo utilizado para definir a condição em que se percebem estímulos dolorosos, com menos sensibilidade a eles, a partir de medicações sem perda da consciência ou capacidade de mobilização.

A preocupação com a dor do parto é comum à maioria das mulheres. No entanto, ela é importante como orientação para que cada uma possa encontrar a melhor maneira de facilitar o nascimento, como a posição mais confortável para aumentar a força e a eficiência das contrações e incentivar o posicionamento adequado do bebê no canal vaginal.

Já a ausência de dor dificulta essa percepção, tornando o trabalho de parto menos eficiente. Diferentes estudos demonstram, que o parto pode ser mais lento quando há o uso de anestesia, resultando na necessidade de mais intervenções, como o rompimento forçado da bolsa ou o uso de instrumentos (fórceps ou vácuo extrator) para a retirada do bebê.

A anestesia também pode inibir a vontade natural de fazer força para empurrar o bebê (puxo), o que passa a acontecer somente sob a orientação do obstetra. Assim se deduz que em um parto com total ausência de dor pode haver prejuízo no seu andamento.

Por outro lado, a vantagem de um parto com analgesia, em que são aplicadas doses baixas de anestésicos, com diluições diferenciadas a parturiente mantém a mobilidade dos membros inferiores, está mais confortável em relação a dor (alívio importante, mas não ausência) e pode colaborar para um nascimento mais tranquilo e por vezes até mais rápido.

Tipos de analgesia

As técnicas utilizadas para analgesia no parto normal são epidural ou peridural, espinhal ou raquidiana e combinada espinhal-epidural. Podem, ainda, ser utilizadas técnicas alternativas farmacológicas, como opioides e, não farmacológicas, incluindo técnicas de respiração, massagem e hidroterapia, por exemplo.

A analgesia epidural é realizada por meio da colocação de um cateter em volta do canal espinhal para administração contínua ou intermitente de anestésicos e/ou opioides. É considerada o padrão ouro de analgesia no parto normal.

Porém, atualmente, a técnica de duplo-bloqueio espinhal-epidural tem sido a mais utilizada, uma vez que proporciona alívio para dor sem provocar praticamente nenhum bloqueio motor, da mesma forma que está relacionada a uma dilatação mais rápida do canal cervical, quando comparada à analgesia epidural.

Nos casos em que a paciente opta pelo uso de anestesia, entretanto, a técnica a ser utilizada é uma decisão que envolve a paciente, o obstetra, o anestesiologista, o cardiologista e o neonatologista.

Anestesia na cesariana

A anestesia é um procedimento obrigatório quando o nascimento é por cesariana. A anestesia regional (espinhal, epidural ou combinada) tornou-se a técnica mais utilizada para cesariana, pois a anestesia geral tende a causar maiores complicações, incluindo o risco de morte materna, fica reservado a casos graves.

A escolha entre os tipos de anestesia regional normalmente se baseia na preferência do especialista. A anestesia epidural permite maior controle do nível sensorial do bloqueio anestésico, ao mesmo tempo que provoca a queda dos níveis pressóricos de forma mais gradual.

Enquanto a espinhal, apesar de ser mais simples, tem uma ação imediata, ao mesmo tempo que proporciona um bloqueio mais completo: é a mais utilizada nos centros de obstetrícia.

A anestesia regional, portanto, é a principal escolha para parto normal e cesariana, com menor risco para a mãe e para o bebê quando comparada com a anestesia geral.

Para minimizar a possibilidade de complicações, entretanto, deve ser feita uma avaliação pré-anestésica, principalmente em mulheres com problemas cardíacos, hipertensão ou pré-eclâmpsia e diabetes.

Se a doença não for grave, a anestesia não provoca, de um modo geral, complicações, enquanto a gravidade sugere estabilização antes de serem administrados os medicamentos, exceto em situações emergenciais.

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