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Puerpério

Por Dra. Cristiane Pacheco

Puerpério é o termo usado para definir o período pós-parto e refere-se às primeiras seis semanas após o nascimento. Apesar da felicidade pela chegada do novo membro da família, também é de adaptação para as mães e por que não dizer de toda a família?

Nas semanas seguintes ao parto, as mulheres precisam de cuidados extras, incluindo o apoio de parceiros e familiares. Trabalho de parto e parto exigem muito fisicamente, assim como os cuidados iniciais com o bebê recém-nascido.

As mulheres passam por diferentes mudanças, físicas e psicológicas. Mudanças estas que muitas vezes resultam em insegurança em relação aos cuidados necessários para garantir a saúde do seu bebê e dela própria nessa fase inicial da maternidade.

Portanto, é muito importante que as mulheres se recuperem e mantenham a saúde à medida que se ajustam à nova rotina. Alguns cuidados devem ser observados durante o puerpério, ao mesmo tempo que existem ações que podem facilitar a adaptação durante o período.

Cuidados com a mãe e com o bebê durante o puerpério

Veja os principais cuidados com a mãe e com o bebê durante o puerpério:

Cuidados com a mãe:

  • Higienização da cicatriz: partos normais em que foi preciso fazer uma incisão (procedimento realizado em situações extremas e não rotineira chamada de episiotomia) ou ter havido laceração na região do períneo resultam em cicatriz, que deve ser mantida sempre limpa: lave-a com sabonete durante o banho ou após as suas necessidades, secando bem o local. Geralmente os pontos caem sozinhos, embora a região em cicatrização possa ficar dolorida por algum tempo. A regra de higienização também se aplica quando o nascimento ocorre por cesariana. Nesse caso, entretanto, os pontos devem ser retirados depois de aproximadamente 10 dias, pelo obstetra ou na unidade de saúde;
  • Fique atenta a alguns sintomas: como o útero volta aos poucos ao tamanho normal, é comum ter cólicas enquanto esse movimento acontece ou mesmo durante a amamentação. Secreção vaginal semelhante a um sangramento leve, que diminui e clareia aos poucos até cessar também é normal. No entanto, dor intensa na parte baixa do abdômen, sangramento vaginal com odor forte e febre, são sinais que podem indicar infecções, por isso é importante procurar auxílio médico com urgência;
  • Consulta pós-parto: a saúde da mãe e do bebê devem ser verificadas na primeira semana após o parto. Essa consulta é necessária para observar se há sangramento vaginal anormal e a cicatrização, avaliar a amamentação, vacinar o bebê e realizar o teste do pezinho;
  • Relações sexuais: geralmente a recomendação aguardar em média 40 dias para normalizar a atividade sexual, tempo necessário para o organismo da mulher se recuperar. O ressecamento da vagina é normal, independentemente do tipo de parto, o que pode causar desconforto. No entanto, em algum tempo a lubrificação natural também volta ao normal;
  • Alterações de humor e depressão pós-parto: sentir-se frágil e insegura é comum após o parto. Até 80% das mulheres podem ter variações de humor causados ​​por alterações hormonais e os sintomas podem incluir: choro inexplicável, irritabilidade, tristeza, inquietação e dificuldades para dormir. Quando os sintomas persistem por mais de duas semanas, entretanto, é importante procurar um especialista, pois, nesse caso, podem indicar depressão pós-parto, quadro que necessita de tratamento médico.

Cuidados com o bebê:

  • Sono do bebê: nas primeiras semanas o bebê deve dormir no berço ou carrinho no quarto dos pais, para que seja possível maior atenção aos sons que ele emite, alguns difíceis de serem identificados à distância, como o de um engasgo, por exemplo. A posição adequada é de barriga para cima pelo menos até o 5º mês. É importante evitar itens que possam sufocá-lo, como travesseiros, protetores, cobertores ou bichos de pelúcia;
  • Choro do bebê: o choro do bebê pode ser indicativo de algum tipo de desconforto, como cólicas, frio, calor, fralda úmida ou fome, nesse caso ele acalma apenas quando é alimentado – no entanto, é sua forma de comunicação… ele vai chorar e não precisa se desesperar com isso!;
  • Alimentação do bebê: quando o bebê amamenta no seio não é necessário obedecer a um horário rígido, mas oferecer o seio quando ele demonstra fome. Caso a opção seja a alimentação por mamadeira é importante seguir a orientação do pediatra.

O que pode facilitar a adaptação durante puerpério

É comum ter dúvidas e inseguranças, principalmente quando é o primeiro filho. Os cuidados devem começar com a organização da casa, proporcionando um ambiente tranquilo para receber o bebê.

A maioria das novas mães retorna ao trabalho nas primeiras seis semanas após o nascimento, o que possibilita maior tempo para adaptação à nova rotina, que deve ser estabelecida de acordo com o ritmo da mãe e do bebê.

Algumas ações podem facilitar essa adaptação:

  • Alimente-se bem: as mulheres no período pós-natal precisam manter uma dieta equilibrada, assim como fizeram durante a gravidez. A suplementação de ferro e ácido fólico também deve continuar por 3 meses após o nascimento. As mulheres que estão amamentando precisam de nutrientes adicionais. Por isso, aumente a ingestão de grãos integrais, vegetais, frutas, proteínas e, de água ao longo do dia;
  • Descanse bastante: é importante dormir o máximo possível para lidar com o cansaço natural ao período. Como o bebê pode acordar a cada duas ou três horas para mamar, uma boa dica para descansar o suficiente é dormir enquanto ele dorme;
  • Aceite ajuda: aceitar a ajuda de amigos e familiares é fundamental durante esse período, facilita e acelera o processo de recuperação do organismo. Eles podem preparar refeições, contribuir com a organização da casa ou mesmo com os cuidados com outras crianças, quando for o caso. Há ainda a alternativa de contratar uma doula pós-parto, que pode ajudar com suporte físico e emocional, para a mãe e toda a família, além das questões práticas;
  • Pratique exercícios: alterações corporais, como o ganho de peso, são comuns após o parto. Assim que o médico sinalizar para a possibilidade de exercitar-se, inicie com atividade moderadas, preferencialmente aeróbicas como natação ou caminhada e aumente gradualmente a duração e intensidade dos exercícios. Durante a atividade física, o corpo naturalmente produz mais serotonina e endorfina, neurotransmissores relacionados à sensação de bem-estar e que ajudam a reduzir o estresse e a ansiedade;
  • Gerencie o tempo com a família: a chegada do bebê naturalmente muda a dinâmica dos relacionamentos. Por isso é importante dedicar um tempo ao parceiro e aos outros filhos, quando for o caso, para que eles não se sintam abandonados ou preteridos. Criar atividades das quais toda a família participe, incluindo o bebê, estão entre as opções, da mesma forma que os outros filhos podem participar dos cuidados com o recém-nascido.

Ainda que o parto promova tantas mudanças na rotina, realizar os cuidados iniciais com o bebê de forma adequada e a adoção dessas ações, podem garantir que a adaptação e recuperação ocorram sem estresse.

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