Dra Cristiane Pacheco | WhatsApp

Amamentação

Por Dra. Cristiane Pacheco

A maioria dos especialistas recomenda a amamentação até pelo menos os seis meses iniciais de vida do bebê e, idealmente, até o primeiro ano, com o acréscimo de outros nutrientes após o primeiro semestre.

Apesar dos benefícios proporcionados pelo aleitamento materno para o recém-nascido e para a mãe, a decisão de amamentar é pessoal e não unanimidade entre as mulheres. Algumas, por exemplo, optam por uma redução no período, apenas o tempo suficiente para garantir o fortalecimento do sistema imunológico do bebê.

Outras preferem nem iniciar o processo por diferentes motivos. Por outro lado, existem situações em que a amamentação é contraindicada, como quando a mãe é portadora do vírus HIV, que pode ser transmitido pelo leite materno ou ainda tratamento de câncer com quimioterápicos, medicamentos estes que podem ser tóxicos para o bebê.

Nesses casos, é possível recorrer a bancos de leite ou a fórmulas infantis desenvolvidas de acordo com as necessidades e saúde de cada bebê.

No entanto, diferentes estudos indicam que o aleitamento materno, da mesma forma que cria maior vínculo entre a mãe e o seu filho, proporciona uma saúde melhor ao bebê.

Quais os benefícios da amamentação para o bebê?

Logo após o nascimento, ocorre a produção do primeiro leite, chamado colostro. Ele é mais espesso, amarelado e em menor quantidade, mas possui os nutrientes necessários para o bebê.

O colostro contém grande quantidade de proteína, vitaminas, minerais, água, carboidratos e leucócitos, que são de extrema importância para a nutrição e para reforçar o sistema imunológico: os anticorpos da mãe são transmitidos para o bebê pelo colostro, protegendo-o dos fatores externos após o nascimento. Também prepara seu organismo para digestão do leite materno.

O leite materno fornece a nutrição ideal de que o bebê necessita para um crescimento saudável, reduz o risco de doenças respiratórias, alergias, infecções, obesidade, diabetes e de certos tipos de câncer, assim como o contato proporciona maior sensação de segurança para o bebê.

A amamentação tem sido associada, ainda, a coeficientes de inteligência (QI) mais altos na infância.

Benefícios da amamentação para a mãe e dicas que podem facilitar o processo

A amamentação queima calorias, contribuindo, assim, para perder mais rapidamente o peso extra adquirido durante a gravidez. Também libera hormônios importantes para o útero retornar ao tamanho pré-gestacional e ajuda a reduzir o sangramento uterino após o nascimento, o risco de câncer de mama e de ovário ou de osteoporose.

A produção de leite aumenta à medida que o bebê mama, por isso é importante que esse seja seu único alimento durante o primeiro semestre, uma vez que qualquer suplementação pode reduzir a quantidade. Veja algumas dicas que podem facilitar o processo:

  • Observe os sinais que indicam quando o bebê tem fome: é importante amamentar sempre quando o bebê tiver fome. Nas primeiras semanas, o processo pode ocorrer de 8 a 12 vezes a cada 24 h. Bebês com fome movem as mãos em direção à boca, movem-se em direção às mamas, fazem barulhos de sucção ou movimentos bucais. É importante não esperar o bebê chorar, o que sinaliza muita fome;
  • Não apresse o bebê: permita que ele se alimente com calma. Geralmente a amamentação dura entre 10 e 20 minutos em cada mama;
  • Relaxe durante a amamentação: relaxar durante a amamentação é fundamental para a continuidade da produção de leite. Procure apoiar confortavelmente cabeça, pescoço, braços, pernas e pés;
  • Descubra a melhor posição: a melhor posição é a mais confortável para a mãe e para o bebê, ou seja, a que não exige nenhum tipo de esforço. Existem diversas opções. Por exemplo, descanse o lado da cabeça do bebê na dobra do cotovelo, com o corpo todo voltado para você e posicione a barriga do bebê contra o corpo para que ele se sinta totalmente apoiado. Quando ele é menor, é possível alinhar as costas ao antebraço para segurá-lo como uma bola de futebol, apoiando a cabeça e o pescoço na palma da mão. Também é uma boa posição se você estiver se recuperando de uma cesariana e precisando proteger o abdômen da pressão ou peso do bebê. Já a posição deitada é bastante prática para alimentação noturna: coloque travesseiros embaixo da cabeça para se sentir confortável. Aconchegue-se perto do bebê e utilize a mão livre para levantar a mama, levando o mamilo à boca do bebê e, posteriormente, para apoiar sua cabeça e pescoço, quando ele já estiver mamando.

O que é a técnica de trava?

Considerado um dos problemas mais comuns após o nascimento, a técnica de trava é o momento em que o bebê leva a aréola à boca e ‘trava’ para mamar. A maneira correta garante que ele receba leite suficiente e o processo de amamentação não provoque dores à mãe.

Para isso, ele deve ser posicionado de frente para a mãe. Segure a mama com a mão livre e aproxime o mamilo do lábio inferior do bebê para que ele abra a boca. Procure então inseri-lo na boca do bebê acima da língua: todo o mamilo e a maior parte da aréola, pele ao redor dele, deve ficar dentro da boca.

A trava ocorre quando os lábios superior e inferior estão ao redor do mamilo. Se o bebê não estiver mamando com um ritmo suave e confortável, deslize suavemente o mindinho entre as gengivas dele para interromper a sucção, remova o mamilo e tente novamente. Embora provoque um leve formigamento, a amamentação não deve ser dolorosa.

Os bebês amamentados exclusivamente com leite materno devem receber suplementos com ferro a partir do 4º mês, até que novos ingredientes ricos no mineral sejam acrescentados à dieta e os níveis possam ser verificados, o que ocorre a partir de um ano de idade.

Ainda que não seja opção de muitas mães, a amamentação é um processo tranquilo e fundamental para assegurar o crescimento saudável do bebê.

Subscribe
Notify of
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments