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Versão cefálica externa (VCE)

Por Dra. Cristiane Pacheco

A versão cefálica externa (VCE) é uma manobra usada para girar o bebê quando ele está em posição pélvica (sentado) ou transversal (de lado), para que ele passe a ter uma apresentação cefálica, ou seja, de cabeça para baixo, antes que o trabalho de parto inicie.

Ainda que a técnica seja utilizada há muitos séculos, apenas recentemente voltou a ter sua importância reconhecida e, atualmente, as principais sociedades científicas recomendam seu uso, embora a implementação nos centros médicos ainda seja discreta, assim como a aceitação entre as gestantes.

A VCE é uma alternativa para as mulheres que reúnem as condições adequadas para um parto normal (pela vagina), menos a posição do bebê, e é considerada mais segura do que o parto por cesariana.

Geralmente é realizada antes do início do trabalho de parto, entre a 36ª e 38ª semanas de gestação. No entanto, em alguns casos, também pode acontecer durante o trabalho de parto, mas antes da ruptura das membranas ou bolsa amniótica.

Veja como a versão cefálica externa (VCE) é realizada

A versão cefálica externa (VCE) é uma técnica não invasiva, mas sempre deve ser feita no hospital porque há risco, mesmo que muito baixo, de rompimento da placenta e de outras complicações, podendo ser necessária uma cesárea de emergência.

Também para minimizar a chance de complicações, o procedimento é realizado próximo ao fim da gestação, quando o bebê já se desenvolveu suficientemente para o nascimento. Isso também torna uma cesariana mais segura. Girar o bebê antes da 36ª semana também aumenta o risco de que ele retorne à posição anterior, portanto geralmente isso é feito depois desse período.

Em alguns casos, antes de realizar a VCE, pode ser necessário que a mãe utilize medicamentos para inibir as contrações de parto e relaxar o útero, facilitando, assim, a manobra.

A manobra é feita com a gestante deitada de costas, pela parede abdominal. A pelve fetal é elevada e deslocada lateralmente por uma mão do obstetra, enquanto a cabeça é manipulada pela outra mão no sentido oposto, fazendo um movimento para girar o bebê. Na maioria dos centros é realizada sob monitorização ecográfica.

O limite de tentativas varia de acordo com cada caso, embora a quantidade máxima recomendada seja de seis. Durante o procedimento, é comum que ocorra uma pressão no útero e a manobra é interrompida quando ela atinge o seu limite de dor.

A percepção de dor é um fator importante na aceitação da VCE. Sem analgesia está geralmente associada a dor moderada e bem tolerada, entretanto algumas mulheres apresentam dor mais intensa, o que impossibilita a conclusão do procedimento.

Por isso, alguns obstetras sugerem a utilização da anestesia peridural, o que pode contribuir para aumentar as chances de sucesso nas primeiras tentativas, embora cada gestante possa reagir de forma diferente ao procedimento, assim a analgesia é recomendada apenas quando não é possível tolerar a dor.

Nos casos em que a versão cefálica externa funciona, o nascimento é realizado normalmente pelo canal vaginal.

Há contraindicações na realização da versão cefálica externa?

Para definir se a gestante pode ou não ser submetida ao procedimento, é realizado um exame ultrassonográfico.

Constituem contraindicações absolutas para a técnica as situações em que há evidência de hipóxia fetal (privação de oxigênio) aguda ou crônica, instabilidade clínica materna, existência de fatores clínicos que contraindiquem o parto vaginal ou rupturas de membranas com dilatação cervical, pelo risco de prolapso do cordão umbilical, quando o cordão umbilical desliza pelo colo do útero antes do nascimento, causando diminuição do fluxo sanguíneo para o feto.

A VCE deve ainda ser evitada quando existem oligoâmnios (quantidade deficiente de líquido amniótico), restrição do crescimento fetal, malformações fetais, anomalias uterinas ou cicatrizes uterinas prévias.

Outros fatores contribuem para causar interferências, entre eles a obesidade, complicações no primeiro parto e, mais raramente, o tamanho do cordão umbilical: um cordão curto impede a movimentação natural do bebê.

Por outro lado, ao diminuir a incidência de apresentações pélvicas a termo, a versão cefálica externa contribui para redução do número de cesarianas e de partos pélvicos.

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