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Pólipo endometrial pode afetar a gestação?

Por Dra. Cristiane Pacheco

A gestação é um fenômeno bastante complexo e que envolve a interação de diversas estruturas do corpo da mulher. O útero é um dos maiores protagonistas nesse processo. Com isso, doenças e lesões uterinas podem ter um impacto sobre as chances de sucesso de uma gravidez.

Nesse sentido, existem muitas condições que podem afetar uma gestação. Por esse motivo, existe uma especialidade médica, a obstetrícia, que se dedica a estudar e acompanhar a gravidez.

No entanto, é importante ressaltar que nem toda condição uterina leva a complicações gestacionais. Por isso, neste post, vamos falar sobre o pólipo endometrial e sua relação com as gestações. Ficou interessada? Acompanhe até o final!

O que é pólipo endometrial e quais são seus sintomas?

Pólipos endometriais são lesões bem localizadas que ocorrem quando há proliferação de células em uma região limitada do endométrio na cavidade uterina. O endométrio é o tecido que reveste a cavidade uterina, sendo essencial para a fertilidade e o crescimento saudável do embrião.

Diversas lesões podem acometer o endométrio, e os pólipos endometriais são uma das mais comuns. Os pólipos uterinos geralmente são benignos e assintomáticos. Quando surgem, as principais manifestações são:

  • Sangramento uterino anormal, que pode vir como aumento do fluxo menstrual, aumento do número de dias de menstruação ou sangramentos de pequeno volume no período entre as menstruações;
  • Dor durante o período menstrual (dismenorreia);
  • Sangramento uterino após relações sexuais.

Além disso, os pólipos endometriais podem reduzir as chances de gravidez, causando infertilidade, mesmo em mulheres assintomáticas. Eles também podem estar relacionados a menor taxa de sucesso em técnicas de reprodução assistida.

O pólipo endometrial pode afetar a gestação?

Não, de acordo com as evidências científicas atuais. Para saber se uma doença causa alguma alteração na gestação, é preciso que sejam conduzidos estudos que observem a frequência de complicações em mulheres com pólipos endometriais. Essas pesquisas podem ser feitas de diversas formas, como:

  • Dividir gestantes em dois grupos: um grupo acometido por pólipos endometriais e um outro sem essas lesões. Idealmente, deve-se buscar mulheres sem nenhuma outra condição que possa interferir na gestação. Depois disso, observar e coletar dados sobre complicações na gestação;
  • Coletar dados de registros médicos de pacientes que sofreram complicações gestacionais e identificar se elas foram diagnosticadas previamente com pólipos endometriais;
  • Fazer algum exame, como histeroscopia ou uma ultrassonografia, logo após a ocorrência de algum aborto ou parto prematuro.

O primeiro tipo de estudo é o melhor para ajudar a entender se os pólipos endometriais aumentam ou não o risco de complicações. Os dois últimos podem ter mais interferência de outros fatores.

Agora que já sabemos como são feitos os estudos para identificar a relação entre os pólipos e as complicações gestacionais, ficará mais fácil entender as evidências que temos no momento. Um estudo realizou histeroscopia diagnóstica em 151 mulheres que tiveram um abortamento retido (o feto permanece no útero após um período de 30 dias do óbito) e um abortamento incompleto (ainda há fragmentos da gestação no útero).

Esse estudo encontrou que 12 pacientes (7,9%) desse total de pacientes tinham pólipos endometriais. Contudo, quando análises estatísticas foram realizadas, não houve diferença significativa das mulheres com pólipos e mulheres saudáveis. Desse modo, os autores concluíram que não foi possível estabelecer uma correlação entre pólipos uterinos e abortamentos retidos ou incompletos.

Outro estudo, realizado no Brasil, selecionou 66 mulheres que tiveram 2 ou mais abortamentos consecutivos. Eles encontraram que 22 delas tinham algum tipo de alteração uterina, como:

  • 4 casos de útero arqueado;
  • 2 casos de septo uterino;
  • 1 caso de útero bicorno;
  • 7 casos de aderências uterinas;
  • 4 casos de pólipos endometriais;
  • 2 casos de miomas uterinos.

Esse estudo concluiu que a presença de lesões intrauterinas está correlacionada com uma maior chance de abortamento. Contudo, ele envolveu poucas pacientes e o modelo de estudo não permite inferir se há uma relação de causa/consequência.

Portanto, em resumo, não há evidências nem para confirmar nem para excluir que os pólipos endometriais aumentam a chance de abortamento em comparação com mulheres sem esse tipo de lesão. Entretanto, a ciência está em constante evolução e o entendimento pode mudar com o tempo.

Diagnóstico e tratamento do pólipo endometrial

A investigação inicial dos pólipos uterinos é feita pela ultrassonografia transvaginal ou pela histerossonografia, uma ultrassonografia que envolve o preenchimento da cavidade uterina com soro fisiológico. A confirmação do diagnóstico é feita pela histeroscopia ambulatorial, mas ela somente é necessária em casos mais específicos e é contraindicada durante a gestação.

Em geral, recomenda-se a retirada dos pólipos endometriais antes de engravidar para aumentar as chances de sucesso da fertilização natural ou assistida. Contudo, as principais sociedades de reprodução humana internacionais, como a Sociedade Europeia e a Associação Americana, informam que não há evidência de que a retirada dos pólipos reduza o risco de abortamentos recorrentes ou de complicações gestacionais.

Portanto, se você tem pólipo endometrial e está grávida, não há motivo para se preocupar excessivamente. Mantenha seu pré-natal normalmente conforme as orientações de um obstetra. Se você está planejando engravidar, converse com um médico sobre a necessidade de realizar a retirada dos pólipos antes de tentar conceber.

Quer saber mais sobre os pólipos endometriais, seu diagnóstico e seu tratamento? Toque aqui!

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