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Partograma

Por Dra. Cristiane Pacheco

O partograma é um documento que dá um direcionamento e uma avaliação de um trabalho de parto de forma universal. Preconizado pelo Ministério da Saúde, é apresentado como um gráfico do progresso do trabalho de parto e da condição fetal e materna durante o trabalho.

É uma ferramenta que ajuda a identificar se ele está progredindo normalmente ou de forma anormal, alertando quando há desvio. Deve ser preenchido desde o início e é parte do prontuário da paciente

Nele há informações sobre a gestante, como identificação, história obstétrica, resultados de exames, pressão arterial e temperatura, se houve rompimento da bolsa, batimentos cardíacos do bebê, contrações, dilatação do colo uterino, entre outras.

O partograma evita intervenções e contribui para melhores desfechos obstétricos. Tem como objetivo acompanhar a evolução do trabalho de parto, documentando cada avaliação da gestante e indicando alterações que possam ocorrer e as condutas mais adequadas para cada caso.

Dessa forma, assegura um parto normal com menor risco de complicações, resultando, consequentemente, na redução de cesarianas desnecessárias.

Saiba quais informações o partograma contém

O primeiro modelo de partograma é da década de 1950: o partograma de Friedman. Tinha como propósito acompanhar a evolução do trabalho de parto de mulheres em lugares longínquos no mundo, de difícil assistência, e deslocá-las para um centro quando a cirurgia fosse necessária.

Posteriormente surgiu a ideia de um partograma que codificasse de forma universal uma evolução para que qualquer pessoa pudesse ver e sugerir o encaminhamento para o hospital: apenas recentemente o documento foi implementado em centros cirúrgicos.

Em 2010, foi proposto um novo partograma: de Zhang, que propõe alterações a partir de uma pesquisa extensa. O período expulsivo esperado de 2 horas, por exemplo, foi redefinido para 3 ou 4, dependendo da situação. A dilatação também foi reconsiderada: no partograma de Friedman, era a partir de 3 cm e, no de Zhang, 6 cm.

Essas informações são importantes para determinar o momento correto de internação da gestante. Se for precoce, torna o procedimento mais invasivo. Estatísticas demonstram que há mais partos cesáreas quando a internação ocorre precocemente.

Dividido em quatro partes, o partograma deve ser preenchido e assinado pelo examinador a cada avaliação da gestante:

  • Primeira parte: a primeira parte deve conter a identificação da paciente, incluindo nome completo, idade, documento de identificação, idade gestacional e histórico obstétrico;
  • Segunda parte: a segunda parte registra o acompanhamento da dilatação cervical e descida da cabeça fetal após a realização de cada exame de toque vaginal. A dilatação do colo do útero em mulheres multíparas normalmente é verificada com mais frequência, uma vez que o progresso é geralmente mais rápido, quando comparado às mulheres nulíparas, ou seja, que estão dando à luz pela primeira vez;
  • Terceira parte: na terceira parte, são registrados os batimentos cardíacos do bebê, destacando o ponto de frequência indicado no momento em que o exame é realizado. Também são registradas as contrações, que normalmente se tornam mais frequentes e duram mais à medida que o trabalho progride;
  • Quarta parte: na quarta parte, é registrado o aspecto do líquido amniótico e das membranas (bolsa amniótica), além do uso de hormônio sintético semelhante à ocitocina, que estimula as contrações, destacando a dosagem.

Na segunda parte, seção dilatação cervical e descida da cabeça fetal, existem duas linhas diagonais denominadas alerta e ação. A linha de alerta começa com 4 cm de dilatação cervical e viaja na diagonal para cima até o ponto de dilatação total esperada (10 cm), 1 cm por hora. A linha de ação é paralela à linha de alerta. Elas foram projetadas para chamar a atenção sobre a necessidade de ações emergenciais quando o trabalho não está progredindo normalmente.

Muitos fatores podem afetar o bem-estar do bebê durante o trabalho de parto. Ele depende do bom funcionamento da placenta e do suprimento de nutrientes e oxigênio fornecidos pelo sangue materno. Sempre que houver inadequação no suprimento materno ou na função placentária, o bebê estará em risco de asfixia, manifestada pelo batimento cardíaco fetal que se desvia do intervalo normal.

Por outro lado, entre as principais causas de mortalidade materna estão a hemorragia, infecção e trabalho de parto obstruído, altamente relacionadas com o trabalho de parto (fase ativa) prolongado, assim definido quando o parto se prolonga por mais de 20 horas.

Hemorragia pós-parto e infecção pós-parto são bastante comuns quando o parto se prolonga além do limite considerado normal, enquanto o trabalho de parto obstruído é resultado direto de trabalho de parto anormalmente prolongado. O partograma ajuda a evitar essas complicações.

O partograma é, portanto, fundamental em todos os partos e está associado a boas práticas obstétricas. A exceção se aplica apenas aos casos em que a paciente chega ao hospital com o bebê já nascendo e quando a cesárea foi previamente indicada.

O partograma e sua importância

Assim como outros instrumentos desenvolvidos ao longo dos anos pela medicina, especialmente pelo campo da obstetrícia, o partograma serve para auxiliar os profissionais envolvidos no parto e tem como um de seus objetivos reduzir a violência obstétrica, um problema bastante comum ainda nos nossos dias.

No plantão, o partograma garante a continuidade da conduta. De acordo com as anotações dos plantonistas, é possível avaliar uma evolução boa ou ruim. Isso determina se estamos em linha de alerta ou linha de ação. Na linha de alerta, tem algo que não está evoluindo, portanto devo avaliar o que preciso alterar. Na linha de ação, tenho que tomar uma atitude de resposta a algo que não está favorável.

Trata-se, portanto, de um documento que auxilia a avaliação da evolução do trabalho de parto e dá informações importantes para a mudança de conduta.

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