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Sintomas de candidíase vulvovaginal: conheça mais sobre essa infecção de repetição

Por Dra. Cristiane Pacheco

Infecções vulvovaginais ocorrem quando microrganismos conseguem se multiplicar excessivamente na vulva e na vagina. A vulva é a genitália externa feminina, sendo principalmente formada pelos grandes lábios, pelos pequenos lábios e pelo introito vaginal. Já a vagina é o órgão tubular que se inicia após o introito vaginal e que termina no colo do útero.

Esses dois órgãos apresentam um maior risco de infecção por alguns fatores. Eles estão em maior contato com o meio externo, então estão mais propensos a colonização por microrganismos patogênicos. Além disso, apresentam uma flora microbiana própria, que é controlada pelo nosso organismo e nos protege na maior parte do tempo. Contudo, em algumas mulheres, alguns microrganismos da flora microbiana normal podem se multiplicar excessivamente e provocar infecções de repetição.

O principal microrganismo relacionado a essas infecções vulvovaginais de repetição é a Candida albicans, que faz parte da microbiota normal das mulheres. Quer saber mais sobre a candidíase, a infecção pela Candida albicans? Acompanhe nosso post até o final até o final!

O que é candidíase?

A candidíase é uma infecção vaginal predominantemente causada pela espécie Candida albicans, responsável por cerca de 80% a 92% dos casos. Esse fungo habita naturalmente o canal vaginal, tendo funções protetoras importantes. Por exemplo, ele ajuda a manter o pH vaginal mais ácido e produz substâncias que dificultam a proliferação de bactérias que podem causar infecções vulvovaginais.

Embora menos frequentes, outras espécies de Candida, como Candida glabrata, Candida krusei, Candida tropicalis e Candida parapsilosis também podem ser agentes causadores da candidíase. Em geral, essas infecções podem ser mais difíceis de tratar com os planos terapêuticos utilizados para a Candida albicans.

Causas da Candidíase

No ambiente vaginal, a Candida faz parte de um rico microbioma, do qual fazem partes bactérias, como os lactobacilos, e outros fungos. O crescimento desses microrganismos é controlado por diversos mecanismos químicos e imunológicos, como:

  • pH vulvovaginal;
  • Citocinas, que são moléculas que controlam processos do sistema imunológico;
  • Temperatura corporal;
  • Substâncias antimicrobianos presentes no muco vaginal;
  • Substâncias produzidas por outros microrganismos presentes na flora bacteriana.

Alterações nesses mecanismos podem levar à proliferação excessiva do fungo, o que causa um processo inflamatório local. Estudos indicam que até 75% das mulheres podem experimentar, pelo menos, um episódio de candidíase vaginal ao longo da vida.

Quais são os sintomas da candidíase?

 

Os sintomas da candidíase são causados principalmente pelo processo inflamatório causado pela doença. A apresentação clássica da doença envolve:

  • Prurido (coceira) leve a intensa;
  • Secreção branca, que pode ser mais líquida (descrita como “leitosa”) ou ter uma textura parecida com “leite coalhado”.

Além disso, de acordo com a gravidade do quadro, outros sintomas podem surgir, como:

  • Vermelhidão e inchaço na vulva;
  • Sensação de ardência ao urinar;
  • Desconforto ou dor durante a relação sexual.

Episódios de candidíase complicada podem apresentar sintomas adicionais, como a presença de fissuras e de estenose vaginal. Em algumas situações, a doença pode ser recorrente. Isso parece estar relacionado a fatores, como:

  • Uso de antibióticos;
  • Estresse;
  • Imunossupressão;
  • Diabetes mellitus descompensada;
  • Uso de duchas vaginais.

Além disso, a candidíase parece estar intimamente relacionada a questões hormonais. Afinal, é muito menos frequente em crianças e em mulheres na menopausa.

Nesse sentido, durante a gravidez, os níveis hormonais elevados aumentam a acidez vaginal, criando um ambiente propício para a proliferação de fungos. Simultaneamente, o sistema imunológico da mulher fica ligeiramente suprimido. Felizmente, a infecção não representa risco significativo para a mãe ou o bebê.

Diagnóstico e tratamento da candidíase

A candidíase vulvovaginal é de fácil diagnóstico e tratamento. As características da secreção tornam a doença mais fácil de distinguir de outras vaginoses, mas, em alguns casos, ainda pode ser difícil a distinção.

O diagnóstico pode ser exclusivamente clínico nos casos não recorrentes. O médico realiza um exame físico para identificar sintomas característicos como inchaço, vermelhidão e corrimento na região vulvovaginal.

Contudo, em infecções recorrentes ou complicadas, pode ser necessária a avaliação laboratorial das secreções para identificar a espécie específica de Candida e determinar o tratamento mais eficaz. Afinal, esse tipo de candidíase tem maior chance de envolvimento de cepas não albicans. Inclusive, em pacientes com internação hospitalar recente e infecção complicada, é importante investigar algumas cepas multirresistentes que estão surgindo.

O tratamento é indicado somente quando os sintomas estão presentes, variando de acordo com a gravidade do quadro. Afinal, como se trata de um fungo que habita normalmente e protege a mucosa vaginal, somente faz sentido tratá-lo quando ele causa problemas para a paciente. Geralmente, a terapia envolve o uso de medicamentos antifúngicos, aplicados topicamente ou administrados por via oral, que são eficazes no combate à infecção.

Para mulheres que apresentam candidíase recorrente, o tratamento pode se estender por um período mais prolongado e envolver um plano terapêutico de manutenção. Por isso, é fundamental evitar a automedicação e seguir estritamente as orientações médicas para o tratamento.

Quer saber mais sobre as infecções de repetição? Toque aqui!

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