Dra Cristiane Pacheco | WhatsApp

O que é candidíase vulvovaginal?

Por Dra. Cristiane Pacheco

O sistema reprodutor feminino pode ser dividido de diferentes formas. Uma das mais comuns é a divisão entre sistema reprodutor feminino superior e inferior. A porção superior é aquela que não pode ser visualizada durante o exame físico ginecológico, sendo formada pelo útero, pelas tubas uterinas, pelos ligamentos uterinos e pelos ovários. Já a porção inferior é formada pelo colo uterino, pela vagina e pela vulva, que são estruturas que podem ser examinadas durante a inspeção visual ginecológica.

O sistema reprodutor feminino inferior apresenta uma porção que pode ser vista a olho nu, sem o auxílio de instrumentos médicos, a genitália externa (vulva). Entre as estruturas que fazem parte da vulva, estão os grandes lábios, os pequenos lábios, o clítoris e o introito vaginal. 

Contudo, uma região do sistema reprodutor feminino inferior apenas pode ser examinada com o uso do espéculo. Esse instrumento expande a abertura do introito vaginal, permitindo que o ginecologista possa visualizar as paredes da vagina e o colo do útero.

A candidíase vulvovaginal é uma infecção fúngica que acomete tanto a genitália externa (vulva) quanto a vagina, podendo causar sintomas bastante incômodos para a mulher. Quer saber mais sobre essa condição? Acompanhe nosso post até o fim!

O que é candidíase vulvovaginal?

O termo “candidíase” faz referência ao tipo de fungo que está relacionado ao quadro. Eles pertencem ao gênero Candida. Algumas espécies desse fungo habitam naturalmente o microbioma (“flora microbiana”) da mucosa vulvovaginal, sendo importantes para a proteção do sistema reprodutor feminino. 

Em até 92% dos casos, a candidíase vulvovaginal é causada pela Candida albicans, que faz parte do microbioma vaginal normal, estando presente de forma controlada e sem causar desconforto clínico. Então, o que faz com que esse fungo mude seu comportamento?

Causas da candidíase vulvovaginal

O nosso corpo apresenta alguns mecanismos para controlar o crescimento da Candida albicans, como:

  • pH vaginal – Naturalmente, a vagina apresenta um ambiente mais ácido, ou seja, um pH mais baixo do que o pH da pele;
  • Controle imunológico – o sistema imunológico produz células e moléculas que respondem eficaz e rapidamente à proliferação excessiva da Candida, evitando a permanência de sua proliferação.

A multiplicação excessiva da Candida albicans geralmente está associada a mudanças no pH (nível de acidez) da vagina. Portanto, a candidíase pode surgir quando:

  • O ambiente vaginal se torna menos ácido, isso pode facilitar a proliferação dos microrganismos que vivem nela;
  • O sistema imunológico fica enfraquecido. 

Esses fenômenos podem ocorrer devido a fatores, como:

  • Gravidez: mudanças hormonais e um leve enfraquecimento do sistema imunológico que ocorre naturalmente durante a gravidez;
  • Diabetes mellitus: níveis elevados de açúcar no sangue podem enfraquecer o sistema imunológico;
  • Uso de antibióticos: os antibióticos podem eliminar bactérias benéficas, que liberam substâncias que deixam o pH da vagina mais ácido;
  • Imunossupressão: um sistema imunológico enfraquecido reduz a capacidade do corpo de conter a Candida de forma eficaz;
  • Práticas de higiene podem desestabilizar o pH vaginal, como o uso de duchas vaginais. 

Na tentativa de compensar essa resposta insuficiente de controle da Candida, o sistema induz a inflamação, que, na região vulvovaginal, causa sintomas, como:

  • Coceira;
  • Ardência;
  • Vermelhidão;
  • Dor durante as relações sexuais;
  • Secreção vaginal alterada, geralmente espessa e branca.

Infecções de repetição 

Algumas mulheres desenvolvem uma forma da doença caracterizada pela recorrência das infecções. A candidíase vulvovaginal recorrente é definida por pelo menos quatro episódios de candidíase vulvovaginal por ano. Os mecanismos exatos que levam à candidíase de repetição não estão totalmente compreendidos. Presume-se que essa síndrome seja causada por uma combinação de:

  • Fatores genéticos: algumas mulheres apresentam mutações genéticas hereditárias relacionadas a uma dificuldade imunológica de combater a Candida albicans
  • Fatores de virulência: são mecanismos que deixam os microrganismos mais resistentes. Por exemplo, as espécies de Candida podem formar biofilmes na mucosa vaginal, protegendo-se do sistema imunológico e dos tratamentos antifúngicos;
  • Fatores ambientais: os mais comuns são o uso de imunossupressores e a persistência no uso de duchas vaginais; 
  • Fatores adquiridos: o mais frequente é a diabetes mellitus descontrolada, que, por reduzir a eficiência do sistema imunológico, predispõe a um maior número de infecções. 

Exames e diagnóstico

Quando não é de repetição, a candidíase vulvovaginal é uma condição facilmente diagnosticada e tratada. Geralmente, o diagnóstico é feito por meio de exame físico, no qual podem ser observados sinais inflamatórios que explicamos acima (inchaço, vermelhidão e corrimento característico).

Em alguns casos, pode ser necessária a análise das secreções vaginais para identificar o tipo exato de fungo, a fim de determinar o tratamento mais adequado. Isso é especialmente importante em infecções recorrentes (de repetição), pois há uma alta probabilidade de envolvimento de espécies de Candida não albicans ou de cepas de Candida resistente aos antifúngicos.

O tratamento é indicado apenas quando há manifestação dos sintomas. Em outras palavras, com raras exceções, não é necessário tratar a candidíase assintomática. O plano terapêutico é elaborado de forma individualizada, de acordo com a gravidade e a frequência dos episódios. Ele geralmente consiste no uso de medicamentos antifúngicos tópicos ou orais, que são muito eficazes no combate à infecção. Em casos crônicos, as mulheres podem precisar de tratamento prolongado ou até mesmo de um programa de manutenção. 

Por fim, é fundamental que o tratamento da candidíase vulvovaginal seja acompanhado por um médico e que você siga as instruções dele com cuidado. Afinal, um dos fatores que podem levar à recorrência dos sintomas é o tratamento inadequado.

Quer saber mais sobre as infecções vaginais de repetição? Toque aqui!

Subscribe
Notify of
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments