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Ultrassonografia pélvica e transvaginal

Por Dra. Cristiane Pacheco

A ultrassonografia pélvica é um exame ginecológico que possibilita a avaliação das estruturas pélvicas femininas, como útero, colo do útero, tubas uterinas, ovários, vagina e bexiga, ao mesmo tempo que é fundamental na área obstétrica para o acompanhamento da evolução da gestação e desenvolvimento do bebê. É um dos exames mais realizados no mundo.

Não invasivo, o exame possibilita o diagnóstico de várias doenças femininas ou de problemas fetais que, muitas vezes, podem ser corrigidos ainda durante o desenvolvimento intrauterino, além de outras alterações na gestação.

É dividida em dois tipos, ultrassonografia transvaginal ou endovaginal e ultrassonografia abdominal ou suprapúbica.

Como a ultrassonografia pélvica é feita?

A ultrassonografia pélvica utiliza um aparelho chamado transdutor, que transforma ondas sonoras em imagens de alta resolução transmitidas em tempo real para um monitor. Atualmente, com o avanço tecnológico, as imagens são em 3D ou 4D, proporcionando uma avaliação bastante detalhada das regiões pesquisadas.

Para melhorar a condução das ondas sonoras, é usado um gel condutor, que também elimina o ar, facilitando, assim, a obtenção de imagens.

Os dois tipos, abdominal suprapúbica ou transvaginal, podem ser empregados individualmente ou em associação, de acordo com cada situação. Em ambos os casos, o procedimento acontece em ambiente ambulatorial, como clínicas médicas especializadas, sem a necessidade de anestesia ou sedação.

Outro tipo de ultrassom também pode ser indicado em algumas situações da ginecologia ou obstetrícia: o ultrassom com doppler, que possibilita a detecção de alterações de vasos sanguíneos, artérias ou veias.

Veja como cada tipo funciona:

Ultrassonografia abdominal ou suprapúbica: como o nome indica, é realizada pelo abdômen. A paciente é deitada em uma maca com a barriga voltada para cima e o gel é aplicado entre a pele o aparelho transdutor, que é pressionado suavemente e movimentado em várias direções para realizar a pesquisa.

Ultrassonografia transvaginal ou endovaginal: é realizada com a mulher em posição ginecológica: deitada na mesa, com as pernas flexionadas e apoiadas em suportes laterais. O transdutor é, então, inserido pela vagina, após ser coberto pelo gel e por uma proteção de látex lubrificada. Para realizar a pesquisa, é girado e inclinado.

Ultrassom com doppler: o doppler é um efeito adicional à ultrassonografia, que permite visualizar o fluxo de sangue na região que está sendo pesquisada, unindo, assim, as informações de anatomia e hemodinâmica, comparando áreas saudáveis com regiões doentes e determinando o nível de gravidade do quadro.

Na área ginecológica, os métodos possibilitam, por exemplo, a detecção de condições como obstruções nas tubas uterinas, que podem impedir a fecundação ou resultar em gravidez ectópica, que ocorre fora do útero, geralmente em uma das tubas, identificando-a.

Identificam doenças uterinas como miomas, endometriose, pólipos endometriais e cistos, além de processos inflamatórios nos órgãos reprodutores, anormalidades uterinas adquiridas (provocadas pelas condições acima) ou congênitas (desde o nascimento), como o septo uterino, condição em que o órgão é dividido em dois por uma membrana chamada septo, que dificulta a gravidez.

São utilizados, ainda, para localizar um dispositivo contraceptivo intrauterino (DIU) ou confirmar se ele foi adaptado corretamente e para avaliar sangramentos irregulares.

Já na área obstétrica são utilizados da seguinte forma:

  • Ultrassonografia transvaginal: é realizada no primeiro trimestre para confirmar a gravidez e o tipo (única ou gemelar) e determinar o tempo de gestação, enquanto no segundo trimestre é importante para medir o colo uterino, avaliando, assim, riscos de parto prematuro.
  • Ultrassonografia abdominal morfológica:no primeiro trimestre, é importante para avaliar a anatomia do feto, apontando algumas malformações e o risco de doenças como a síndrome de Down, enquanto no segundo trimestre, além da morfologia fetal, possibilita a avaliação da posição da placenta e da quantidade de líquido amniótico.
  • Ultrassonografia com doppler:realizada no terceiro trimestre, indica o crescimento e o peso do feto, circulação sanguínea materno-fetal, quantidade de líquido amniótico, maturidade e localização da placenta.

Os métodos possibilitam a detecção de malformações fetais como mielomeningocele – malformação congênita da coluna vertebral que pode provocar alterações neurológicas –, hérnia diafragmática congênita, em que o músculo diafragma, que separa o tórax do abdome, não fecha durante o desenvolvimento do feto e sequestro pulmonar, quando ocorre a formação de uma massa pulmonar anormal e não funcionante, que não tem conexão com as estruturas do pulmão.

Também identificam doenças fetais, como o teratoma sacrococcígeno (TSC), um tumor originário das células germinativas que geralmente se desenvolve na região posterior da cauda do embrião e pode evoluir para malignidade, ou derrame pleural fetal, provocado pelo acúmulo de líquido na cavidade pleural do feto.

Essas condições, quando diagnosticadas precocemente, podem ser tratadas ainda durante o desenvolvimento intrauterino, aumentando, assim, as chances de sobrevida dos fetos.

Os exames também apontam potenciais riscos para a mãe, incluindo o de pré-eclâmpsia, condição em que há aumento da pressão arterial que pode evoluir para eclâmpsia, uma das principais causas de mortalidade materna.

Os métodos também são utilizados em outros procedimentos importantes para a saúde feminina, entre eles a detecção de massas benignas ou malignas e o auxílio em procedimentos como biópsia endometrial, além de proporcionarem o acompanhamento da evolução dos tratamentos.

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