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Distocia: o que é?

Por Dra. Cristiane Pacheco

O parto é um processo muito complexo, que envolve uma série de fenômenos e características da mãe e do bebê. Portanto, é preciso que eles aconteçam na hora, na sequência, na intensidade e na duração adequadas. Qualquer problema em um desses pontos pode levar à distocia, a alteração no desenvolvimento normal do parto.

Simplificadamente dizemos que um parto normal sem complicações ou dificuldades significativas dependem de três fatores:

  • A força motriz: a contratilidade do útero;
  • O objeto: o bebê;
  • o trajeto: a bacia, as partes moles (principalmente o colo uterino) e a patência do canal.

Durante o trabalho de parto eles são avaliados frequentemente por exames feitos pela equipe médica, como a medida da dilatação uterina, a identificação da posição fetal e a força/frequência das contrações uterinas. Com isso, busca-se evitar a ocorrência da distocia.

Quer entender melhor? Acompanhe!

O que é distocia?

O sucesso do parto depende uma sequência de:

  1. Fase de dilatação: abertura gradual do colo uterino seguida por contrações cada vez mais rápidas e fortes;
  2. Fase de expulsão: o colo se dilata suficientemente para a passagem do bebê e as contrações se tornam tão intensas e rápidas que provocam a expulsão do feto;
  3. Fase de dequitação;
  4. Período de Greenberg.

Para entender a distocia é interessante resgatar a origem desse termo médico:

  • “dis“ é uma palavra latina com o sentido de oposição ou negação;
  • “tocia”, por sua vez, vem da palavra grega “tokos”, que significa “nascimento, parto ou o ato de dar à luz”.

Nesse sentido, na obstetrícia o conceito é utilizado para um grupo muito grande de alterações no trabalho de parto em que fatores estruturais ou fisiológicos impedem a evolução do nascimento.

Os tipos de distocia

Distocia funcional

  • Distocia por hipoatividade uterina: a frequência das contrações uterinas está menor do que o normal na fase de expulsão do parto. Isso pode prolongar o trabalho de parto e resultar em uma conversão para cesariana;
  • Distocia por hiperatividade uterina com obstrução: a frequência das contrações estão mais altas do que o normal sem que haja uma evolução do trabalho de parto. Isso pode acontecer por desproporção entre a cabeça do bebê e a abertura da pelve da gestante, presença de aderência uterina ou de um tumor obstrutivo;
  • Distocia por hiperatividade uterina sem obstrução: comumente é uma característica da própria mulher, que tem um trabalho de parto rápido (3 horas ou menos);
  • Distocia por hipertonia: são contrações uterinas com força acima do normal. Pode ser causada por alguns medicamentos (ocitocina) ou quando a musculatura do útero está muito distendida, como na gravidez de gêmeos e no excesso de líquido amniótico;
  • Distocia por hipotonia: as contrações são mais fracas, o que usualmente não tem impacto nas fases de dilatação ou de expulsão dos bebês, porém pode atrasar o desprendimento da placenta em relação ao endométrio;
  • Distocia de dilatação: as contrações uterinas estão em frequência e intensidade esperadas, mas não há a evolução adequada do trabalho de parto. É um diagnóstico de exclusão, em que há um descompasso entre a atividade uterina e a dilatação do colo.

Distocia do trajeto

É a distocia provocada por alguma alteração na patência ou na permeabilidade do canal de parto devido a anormalidades das:

  • Partes moles: dificuldade ou impedimento do trabalho de parto devido ao estreitamento do canal de parto, como o períneo, o colo uterino, a vagina e a vulva;
  • Partes ósseas: problemas na evolução do parto devido a fatores ósseos estruturais.

Distocia do objeto

Ocorre quando o feto apresenta fatores desfavoráveis para o parto em relação ao corpo da mulher:

  • Tamanho do bebê inadequado para a passagem pela via vaginal;
  • Apresentação pélvica ou transversa;
  • Posição de apresentação inadequada;
  • A relação da distocia com o tipo de parto.

A distocia é um termo utilizado principalmente para se referir às dificuldades de evolução do parto vaginal. Para identificá-la e tratá-la, os obstetras monitoram periodicamente a dilatação do colo, a frequência e intensidade das contrações, assim como a apresentação e os batimentos fetais.

Veja alguns exemplos de como a distocia pode estar relacionada com os diferentes tipos de parto:

  • Um parto natural pode ser convertido em parto assistido (como administração de medicamentos para regular as contrações ou uso do fórceps). Isso pode evitar a conversão para a cesariana emergencial, que pode ser necessária em caso de falha de outras intervenções;
  • O excesso de determinados medicamentos para as contrações uterinas, porém, pode levar a outras formas de distocia funcional;
  • Apesar de não ser tão frequente, o parto pode evoluir para a distocia biacromial (dos ombros). Nesse caso, a cabeça se encaixa no canal de parto, porém os ombros não se desprendem. Isso exige uma resposta rápida do médico para evitar o óbito por meio de manobras e procedimentos cirúrgicos.

A distocia mostra a importância de um bom acompanhamento do parto, que deve seguir critérios técnicos e humanizados. As complicações frequentemente são imprevisíveis, mas um médico experiente pode adotar as medidas necessárias para um melhor prognóstico do parto e para a saúde da mãe e do bebê após o nascimento.

Quer saber mais sobre a distocia e sua identificação durante o trabalho de parto? Então, não perca este post sobre o tema!

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