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Exames masculinos necessários para engravidar

Por Dra. Cristiane Pacheco

Exames masculinos necessários para engravidar

Ainda que a importância da investigação preconcepcional seja atribuída geralmente às mulheres, a saúde do homem também é fundamental para o sucesso da gravidez, já que alterações masculinas também podem afetar o desenvolvimento do bebê.

Os riscos variam desde a transmissão de doenças que podem contaminar a futura mãe bem como distúrbios genéticos, que aumentam as chances de desenvolvimento de síndromes, como a de Down, por exemplo, além de abortamentos.

O problema pode ser provocado por anormalidades cromossômicas, que como consequência, afetam o sistema reprodutor masculino ou do avanço da idade, hoje tendência mundial de adiar a gravidez comum não apenas às mulheres, mas aos casais e homens solteiros.

Além disso, infecções (sexualmente transmissíveis ou não), aumentam o risco de infertilidade, muitas vezes apenas percebida diante da tentativa malsucedida de engravidar.

Como na maioria das vezes o pai participa da consulta preconcepção realizada pelo obstetra, a análise inicial do histórico clínico e sugestão dos exames de rotina pode ser feita por ele.

No entanto, a avaliação de um urologista é fundamental para uma entrevista mais detalhada (anamnese), exame físico e solicitação de testes específicos, possibilitando, dessa forma, a definição de um diagnóstico mais preciso.

Exames mais importantes realizados pelo homem antes da gravidez

Entre as condições que podem ser transmitidas para a mãe e que devem ser investigadas estão as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como clamídia e gonorreia.

Exames sorológicos para hepatite B e HIV também são realizados: apesar de elas serem consequência de agentes virais e não bacterianos como as ISTs, a contaminação ocorre da mesma forma, por fluidos corporais infectados, assim como pelo contato com o sangue.

A mãe infectada, por outro lado, pode transmiti-las para o feto durante o parto ou pela amamentação, ao mesmo tempo que há maior risco de abortamento, malformação congênita e nascimento de bebês prematuros.

ISTs

A infecção por clamídia e gonorreia tende, ainda, a evoluir para diferentes processos inflamatórios que comprometem a gravidez e a fertilidade.

Quando não tratadas – muitas vezes são assintomáticas, o que dificulta o diagnóstico precoce – causam, por exemplo, a inflamação dos epidídimos (epididimite), ducto em que os espermatozoides são armazenados e nutridos após serem produzidos, resultando em aderências e obstruções, inibindo o transporte até as tubas uterinas e, consequentemente, a fecundação; ou a inflamação dos testículos (orquite), afetando a produção de espermatozoides.

Espermograma

Por isso, o espermograma, exame padrão para avaliar a fertilidade masculina, normalmente também é solicitado. A análise de diferentes amostras de sêmen permite apontar critérios fundamentais para o casal que está tentando engravidar, como a qualidade do sêmen e qualidade dos espermatozoides.

O exame demonstra percentualmente os que possuem melhor forma (morfologia) e movimento (motilidade). Deve, inclusive, ser feito com análise estrita de Kruger, uma maneira mais rigorosa de avaliar a forma dos espermatozoides. De acordo com o critério de Kruger, a quantidade dos que são considerados morfologicamente saudáveis precisa ser igual ou superior a 4% para caracterizar normalidade na morfologia.

Os processos inflamatórios, por outro lado, causam alterações na qualidade dos espermatozoides. Assim, se houver a confirmação de inflamações ou para homens acima dos 40 anos, quando há perda qualitativa, o teste de fragmentação do DNA espermático pode ainda ser solicitado.

Ele detecta danos como fragmentação e desnaturação no DNA dos espermatozoides encontrado nos cromossomos (genes masculinos), localizados no núcleo. Essas alterações dificultam a gravidez, uma vez que resultam em má qualidade embrionária, levando a falhas na implantação e abortamento, ou no desenvolvimento de doenças que comprometem o desenvolvimento do bebê.

Tipagem sanguínea

O pai também deve realizar o exame de tipagem sanguínea, que verifica o tipo de sangue e o fator RH. A incompatibilidade de RH com a mãe aumenta o risco de o organismo feminino produzir anticorpos contra o bebê. Nesse caso, são indicados medicamentos específicos, que proporcionam o bloqueio dessa resposta.

Conclusão

A verificação da saúde paterna quando iniciam os planos para a gravidez, portanto, previne riscos à mãe e ao bebê: possibilita o tratamento precoce, diminui as chances de contaminação e garante que a gravidez seja mais saudável.

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