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Puerpério: o que é e quais os desafios?

Por Dra. Cristiane Pacheco

O termo puerpério se refere ao período em que os efeitos anatômicos e fisiológicos da gestação e do parto ainda tem um impacto significativo sobre a saúde/bem-estar da mulher. Associado a ele, surgem também às respostas emocionais em relação aos cuidados com o filho e a adaptação a essa nova fase da vida.

Quer saber mais sobre ele? Acompanhe o nosso post!

O que é o puerpério?

Considera-se que ele começa logo após o parto. Apesar de haver um consenso sobre o início do puerpério, ainda há discussões sobre quando ele termina. Afinal, quando o organismo e a mente da mulher ainda passam por um processo de adaptação pós-parto mais significativo? Até quando ela precisa de cuidados com um olhar mais atento às eventuais complicações da gestação e do parto?

Tradicionalmente, o puerpério é definido como o período de 6 semanas seguintes ao parto. Quando a adaptação da mulher ao pós-parto é mais intensa. Nesse intervalo, podemos perceber que ela passa por grandes desafios, o que demanda uma assistência médica especializada. Por esse motivo, esse é o corte mais frequente nas definições nacionais e internacionais, como a Cartilha do Parto e do Puerpério do Min. Da Saúde.

A Organização Mundial de Saúde, por exemplo, tem recomendado que a mulher realize três consultas com o médico que acompanhou o pré-natal para a avaliação do puerpério:

  • Primeira — no terceiro dia pós-parto;
  • Segunda — em um a duas semanas do pós-parto;
  • Terceira — na sexta semana de pós-parto.

Assim, pode-se dar uma assistência à mulher no início das três fases do puerpério:

  • Imediato (1º ao 10º dia);
  • Tardio (11º ao 42º dia);
  • Remoto (a partir do 43º dia).

A partir da sexta semana, porém, não significa que a paciente estará desassistida. Pelo contrário, ela continuará sendo acompanhada pelo ginecologista/obstetra nas consultas periódicas comuns habituais na vida da mulher.

Entretanto algumas sociedades médicas, como o Colégio Americano de Ginecologistas e Obstetras, têm recomendado a extensão do puerpério até o terceiro mês do pós-parto. Por isso, metaforicamente, esse período tem sido chamado de “4º semestre de gestação”.

Portanto, A decisão de como será feito esse acompanhamento puerperal pode ser individualizada de acordo com as características de cada pós-parto.

Os desafios do puerpério

As gestações e os partos são fenômenos que causam uma extensa alteração no organismo da mãe, como:

  • redução da resistência vascular;
  • aumento do débito cardíaco;
  • mudanças nos níveis hormonais;
  • distensão da pele abdominal;
  • estímulo às células pigmentares da pele;
  • abertura do canal da pelve.

Isso é necessário para que ela possa abrigar o feto e gerar um nascimento saudável. Além disso, nesse período, o corpo da mulher se adapta para os desafios do cuidado do recém-nascido

O puerpério é o momento em que grande parte dessas mudanças cessam e o organismo da mãe tenta voltar para a homeostasia habitual. No entanto, novas transformações surgirão devido à rotina de cuidar de um filho, de lactação, entre outras razões.

Alterações do pós-parto

Algumas alterações são mais frequentes e não representam um risco significativo para a saúde da mãe, como:

  • Calafrios e tremores;
  • Involução uterina;
  • Lóquios, isto é, a perda de sangue pela vagina;
  • Edema na vulva e na vagina;
  • Disfunções urinárias temporária, como perda involuntária ou pouco antes da vontade da micção;
  • Flacidez abdominal;
  • Fogachos;
  • Anovulação;
  • Crescimento das mamas, que pode ser acompanhado de dores;
  • Perda de peso.

No entanto, parte das puérperas podem enfrentar complicações mais graves, como dor intensa na parte baixa do abdômen, sangramento vaginal com odor forte e febre. Elas são indicativos de infecções, que demanda uma consulta médica urgente.

Relação com a família

Quando um bebê chega ao lar, ele se torna o centro das atenções. Os familiares, os vizinhos e os amigos começam a visitá-la para ver o novo morador. Contudo, o instinto de proteção do bebê ainda pode estar aflorado. Então, ela pode ter um receio de expor o filho a doenças e acidentes devido ao contato com mais pessoas.

Aos poucos, é importante se preparar para abrir mais espaço, pois esse contato com novas pessoas é saudável para o desenvolvimento do bebê.

Também, sentindo-se fragilizada, a puérpera pode demandar uma maior atenção do parceiro e sentimentos de desamparo. Além disso, a chegada de um filho traz uma mudança na relação afetiva e sexual com o parceiro.

Amamentação

Após o parto, umas das mudanças mais pronunciadas é o início da produção de leite pelas glândulas mamárias.

Na primeira semana, por exemplo, as características do leite materno são diferentes: ele é mais amarelado e o volume liberado é menor. Isso assusta algumas mulheres, que acreditam estar com algum problema para o aleitamento. Depois da primeira semana, o leite começa a ser liberado em maior quantidade e adquire a coloração branca que temos em nossa mente.

Algumas mulheres, porém, podem enfrentar dificuldade para a produção de leite. Isso pode desencadear sentimentos de frustração, que precisam ser abordados para prevenir o adoecimento mental.

As consultas puerperais servem também para a mulher compreender o que acontece durante a lactação. Ela será educada sobre a forma de dar de mamar, a prevenção de fissuras mamárias e como identificar dificuldades na amamentação.

Adaptação à rotina do bebê

Esse é um dos principais desafios que as mães relatam nas consultas de puerpério. Os bebês têm um ciclo muito diferente dos adultos: eles dormem por mais tempo e acordam frequentemente durante a noite para se alimentar.

Associado a isso, os estudos mostram que os sentidos da mulher se adaptam para ficarem mais sensíveis às necessidades do bebê. Isso a deixa em estado de prontidão, tornando-se, por exemplo, mais sensível ao choro e ao despertar noturno. Então, é natural que elas sintam uma maior fadiga.

Alterações no humor

Os estudos mostram que diversas mudanças hormonais ocorrem no corpo da mulher no pós-parto. Isso tem um impacto nos neurotransmissores responsáveis pela sensação de alegria, bem-estar, medo, entre outras emoções. Até 90% das mulheres relatam algum dos seguintes sintomas nesse período:

  • choro inexplicável;
  • irritabilidade;
  • tristeza;
  • inquietação;
  • dificuldades para dormir.

Somado a isso, ela ainda enfrenta a adaptação aos desafios explicados anteriormente. Portanto, o puerpério é naturalmente um momento em que a mulher pode se sentir frágil e insegura.

As consultas de puerpério são essenciais para a mulher, tendo o objetivo de acolhê-la em toda a sua integralidade. Além disso, buscamos educá-la e esclarecer suas dúvidas a respeito das mudanças que virão nos próximos dias e meses. Por fim, é essencial tratar e prevenir complicações relacionadas ao pós-parto e à lactação, entre outros pontos.

Quer saber mais sobre o puerpério e os cuidados nessa fase? Confira este post sobre o tema!

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