Puerpério: o que é e quais os desafios?
O termo puerpério se refere ao período em que os efeitos anatômicos e fisiológicos da gestação e do parto ainda tem um impacto significativo sobre a saúde/bem-estar da mulher. Associado a ele, surgem também às respostas emocionais em relação aos cuidados com o filho e a adaptação a essa nova fase da vida.
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O que é o puerpério?
Considera-se que ele começa logo após o parto. Apesar de haver um consenso sobre o início do puerpério, ainda há discussões sobre quando ele termina. Afinal, quando o organismo e a mente da mulher ainda passam por um processo de adaptação pós-parto mais significativo? Até quando ela precisa de cuidados com um olhar mais atento às eventuais complicações da gestação e do parto?
Tradicionalmente, o puerpério é definido como o período de 6 semanas seguintes ao parto. Quando a adaptação da mulher ao pós-parto é mais intensa. Nesse intervalo, podemos perceber que ela passa por grandes desafios, o que demanda uma assistência médica especializada. Por esse motivo, esse é o corte mais frequente nas definições nacionais e internacionais, como a Cartilha do Parto e do Puerpério do Min. Da Saúde.
A Organização Mundial de Saúde, por exemplo, tem recomendado que a mulher realize três consultas com o médico que acompanhou o pré-natal para a avaliação do puerpério:
- Primeira — no terceiro dia pós-parto;
- Segunda — em um a duas semanas do pós-parto;
- Terceira — na sexta semana de pós-parto.
Assim, pode-se dar uma assistência à mulher no início das três fases do puerpério:
- Imediato (1º ao 10º dia);
- Tardio (11º ao 42º dia);
- Remoto (a partir do 43º dia).
A partir da sexta semana, porém, não significa que a paciente estará desassistida. Pelo contrário, ela continuará sendo acompanhada pelo ginecologista/obstetra nas consultas periódicas comuns habituais na vida da mulher.
Entretanto algumas sociedades médicas, como o Colégio Americano de Ginecologistas e Obstetras, têm recomendado a extensão do puerpério até o terceiro mês do pós-parto. Por isso, metaforicamente, esse período tem sido chamado de “4º semestre de gestação”.
Portanto, A decisão de como será feito esse acompanhamento puerperal pode ser individualizada de acordo com as características de cada pós-parto.
Os desafios do puerpério
As gestações e os partos são fenômenos que causam uma extensa alteração no organismo da mãe, como:
- redução da resistência vascular;
- aumento do débito cardíaco;
- mudanças nos níveis hormonais;
- distensão da pele abdominal;
- estímulo às células pigmentares da pele;
- abertura do canal da pelve.
Isso é necessário para que ela possa abrigar o feto e gerar um nascimento saudável. Além disso, nesse período, o corpo da mulher se adapta para os desafios do cuidado do recém-nascido
O puerpério é o momento em que grande parte dessas mudanças cessam e o organismo da mãe tenta voltar para a homeostasia habitual. No entanto, novas transformações surgirão devido à rotina de cuidar de um filho, de lactação, entre outras razões.
Alterações do pós-parto
Algumas alterações são mais frequentes e não representam um risco significativo para a saúde da mãe, como:
- Calafrios e tremores;
- Involução uterina;
- Lóquios, isto é, a perda de sangue pela vagina;
- Edema na vulva e na vagina;
- Disfunções urinárias temporária, como perda involuntária ou pouco antes da vontade da micção;
- Flacidez abdominal;
- Fogachos;
- Anovulação;
- Crescimento das mamas, que pode ser acompanhado de dores;
- Perda de peso.
No entanto, parte das puérperas podem enfrentar complicações mais graves, como dor intensa na parte baixa do abdômen, sangramento vaginal com odor forte e febre. Elas são indicativos de infecções, que demanda uma consulta médica urgente.
Relação com a família
Quando um bebê chega ao lar, ele se torna o centro das atenções. Os familiares, os vizinhos e os amigos começam a visitá-la para ver o novo morador. Contudo, o instinto de proteção do bebê ainda pode estar aflorado. Então, ela pode ter um receio de expor o filho a doenças e acidentes devido ao contato com mais pessoas.
Aos poucos, é importante se preparar para abrir mais espaço, pois esse contato com novas pessoas é saudável para o desenvolvimento do bebê.
Também, sentindo-se fragilizada, a puérpera pode demandar uma maior atenção do parceiro e sentimentos de desamparo. Além disso, a chegada de um filho traz uma mudança na relação afetiva e sexual com o parceiro.
Amamentação
Após o parto, umas das mudanças mais pronunciadas é o início da produção de leite pelas glândulas mamárias.
Na primeira semana, por exemplo, as características do leite materno são diferentes: ele é mais amarelado e o volume liberado é menor. Isso assusta algumas mulheres, que acreditam estar com algum problema para o aleitamento. Depois da primeira semana, o leite começa a ser liberado em maior quantidade e adquire a coloração branca que temos em nossa mente.
Algumas mulheres, porém, podem enfrentar dificuldade para a produção de leite. Isso pode desencadear sentimentos de frustração, que precisam ser abordados para prevenir o adoecimento mental.
As consultas puerperais servem também para a mulher compreender o que acontece durante a lactação. Ela será educada sobre a forma de dar de mamar, a prevenção de fissuras mamárias e como identificar dificuldades na amamentação.
Adaptação à rotina do bebê
Esse é um dos principais desafios que as mães relatam nas consultas de puerpério. Os bebês têm um ciclo muito diferente dos adultos: eles dormem por mais tempo e acordam frequentemente durante a noite para se alimentar.
Associado a isso, os estudos mostram que os sentidos da mulher se adaptam para ficarem mais sensíveis às necessidades do bebê. Isso a deixa em estado de prontidão, tornando-se, por exemplo, mais sensível ao choro e ao despertar noturno. Então, é natural que elas sintam uma maior fadiga.
Alterações no humor
Os estudos mostram que diversas mudanças hormonais ocorrem no corpo da mulher no pós-parto. Isso tem um impacto nos neurotransmissores responsáveis pela sensação de alegria, bem-estar, medo, entre outras emoções. Até 90% das mulheres relatam algum dos seguintes sintomas nesse período:
- choro inexplicável;
- irritabilidade;
- tristeza;
- inquietação;
- dificuldades para dormir.
Somado a isso, ela ainda enfrenta a adaptação aos desafios explicados anteriormente. Portanto, o puerpério é naturalmente um momento em que a mulher pode se sentir frágil e insegura.
As consultas de puerpério são essenciais para a mulher, tendo o objetivo de acolhê-la em toda a sua integralidade. Além disso, buscamos educá-la e esclarecer suas dúvidas a respeito das mudanças que virão nos próximos dias e meses. Por fim, é essencial tratar e prevenir complicações relacionadas ao pós-parto e à lactação, entre outros pontos.
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