Anemia durante a gestação é normal?
Durante a gravidez, ocorrem diversas mudanças fisiológicas significativas no organismo materno. Uma das principais modificações é a mudança no volume de sangue da mãe, que tem a finalidade de atender a maior demanda por nutrientes e oxigênio devido ao crescimento fetal. Em relação a parâmetros de mulheres não grávidas, o volume plasmático aumenta cerca de 50%, enquanto o número de glóbulos vermelhos (hemácias) aumenta em 25%.
Com isso, pode-se perceber que o volume do sangue cresce cerca de duas vezes mais do que a quantidade de hemácias. Ou seja, ocorre uma diluição do sangue materno. Contudo, essas alterações são normais e necessárias para atender às necessidades tanto da mãe quanto do feto em desenvolvimento. Nesse sentido, é preciso diferenciar o que é normal e o que é anormal. Para saber o que caracteriza anemia na gestante, acompanhe nosso post até o final!
O que é a anemia?
A anemia pode simplificadamente ser definida como a queda da concentração de hemoglobina no sangue. Os valores normais do hemograma da mulher grávida são diferentes dos valores da paciente não grávida. Em pacientes não grávidas, a anemia é diagnosticada quando os níveis de hemoglobina ficam abaixo de 12 g/dL. Já a anemia durante a gravidez é diagnosticada quando:
- Os níveis de hemoglobina caem para abaixo de 11 g/dL nos primeiro e terceiro trimestres;
- No segundo trimestre, quando o fenômeno da diluição atinge seu pico, a anemia pode ser diagnosticada com concentrações de hemoglobina abaixo de 10,5 g/dL;
- No pós-parto, os valores de referência caem para 10 g/dL devido a perda de sangue durante o parto.
A identificação da anemia é fundamental no pré-natal. Afinal, essa é uma complicação importante que pode aumentar os riscos para:
- A mulher. Na gravidez, a anemia pode aumentar o risco de pré-eclâmpsia e de infecções. No parto e no período pós-parto, a anemia aumenta o risco de cesarianas e de sangramentos mais graves. Um estudo da OMS mostrou que as gestantes com a anemia podem ter um risco aumentado de óbito;
- O feto. Caso a anemia se mantenha durante grande parte da gestação, o bebê pode ter maior risco de estresse fetal e necessidade de tratamentos intensivos no período neonatal, além de problemas de desenvolvimento ao longo da vida.
Por isso, durante esse período, a mulher fará hemogramas periódicos para diagnosticar precocemente a condição.
No Brasil, alguns estudos mostram que até um terço das gestantes pode ter anemia durante a gestação. Na grande maioria dos casos, essa anemia é causada pela deficiência de ferro, cuja demanda aumenta bastante durante a gestação, pois a mulher precisa fornecer ferro para o bebê em desenvolvimento. Nesse sentido, como veremos a seguir, a suplementação preventiva pode ser uma medida essencial para evitar complicações gestacionais, puerperais e neonatais.
Anemia durante a gestação é normal?
Não, apesar de a anemia ser frequente e atingir mais de um terço das grávidas no Brasil e em muitos países do mundo, isso não significa que ela é normal. Por exemplo, em países desenvolvidos, ela ocorre em menos de 10% das grávidas. Isso significa que precisamos melhorar a assistência à saúde e à nutrição das mulheres grávidas durante o pré-natal. Portanto, não podemos normalizar a anemia.
O aumento do volume do sangue leva, sim, a uma menor concentração de hemoglobina durante a gestação. Por exemplo, uma mulher não-grávida seria diagnosticada com anemia se tivesse uma hemoglobina de 11,5 g/dL. Já uma mulher grávida com esse mesmo valor não seria diagnosticada com anemia.
Em outras palavras, não é que a anemia é normal na gestação, são os valores de referência que mudam. Se a gestante tiver níveis de hemoglobina abaixo de 11 g/dL, ela será considerada anêmica e isso não pode ser considerado normal. É uma doença que precisa ser tratada para reduzir riscos de complicações para ela e para seu bebê.
Quais são os sintomas da anemia durante a gestação?
Os sintomas da anemia durante a gravidez são muito inespecíficos e, em muitos casos, podem se confundir com alterações que ocorrem nas gestações normais, como:
- Cansaço;
- Fadiga;
- Palpitações;
- Frequência cardíaca aumentada (taquicardia);
- Falta de ar (dispneia) aos esforços.
Em casos mais graves, podem ocorrer inflamação na língua (glossite) e na boca (estomatite). Essas condições se manifestam com o surgimento de feridas na língua, dor oral e dificuldade para engolir.
Como é fundamental prevenir anemias graves, a investigação da anemia geralmente é feita de forma preventiva. Em outras palavras, mesmo que a grávida não tenha sintomas, um hemograma é requisitado a cada trimestre de gestação (no mínimo).
Suplementação de ferro e de ácido fólico para prevenir a anemia
A suplementação de ferro e de ácido fólico também é feita para praticamente todas as mulheres, mesmo aquelas que são assintomáticas. Quando possível, ela deve se iniciar na fase pré-concepcional, ou seja, quando a paciente ainda está planejando a gestação. Isso ajuda o corpo a aumentar a reserva desses nutrientes, reduzindo o risco de anemia desde o início da gestação.
Caso não tenha ocorrido nessa fase, a suplementação deve ocorrer a partir da primeira consulta de pré-natal. Na maioria dos casos, ela é feita independentemente dos resultados dos exames. É importante que a suplementação seja indicada por um médico, pois as doses de ferro e de ácido fólico devem ser individualizadas de acordo com a condição de cada gestante e de cada gestação.
Portanto, a anemia durante a gestação não é normal, devendo ser prevenida e tratada adequadamente. Nesse sentido, durante o pré-natal, é feita a suplementação preventiva de nutrientes, além da realização de hemogramas periódicos mesmo em pacientes assintomáticas.
Quer saber mais sobre a suplementação nutricional para gestantes? Toque aqui!