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Candidíase vulvovaginal: diagnóstico e tratamento

Por Dra. Cristiane Pacheco

Vulvovaginites são processos inflamatórios que acometem a mucosa vaginal e a vulva. Elas podem ser causadas por diversos agentes, como fungos, bactérias e protozoários (como a Trichomonas vaginalis), além de fatores irritativos (como produtos de higiene íntima, sabões perfumados e roupas sintéticas) ou alérgicos.

As principais manifestações incluem prurido (coceira), ardor, dor ao urinar, corrimento vaginal alterado (mudanças na coloração e textura da secreção). A candidíase vulvovaginal é uma das doenças relacionadas à vulvovaginite, representando uma das principais causas de infecções no trato genital inferior feminino. Quer saber mais sobre seu diagnóstico e seu tratamento? Acompanhe nosso post até o final!

O que é candidíase vulvovaginal e sintomas?

A candidíase vulvovaginal é uma infecção fúngica que atinge a mucosa da vulva e da vagina, sendo provocada por leveduras do gênero Candida, especialmente a espécie Candida albicans. Em condições normais, a Candida albicans está presente na flora vaginal sem causar problemas, pois a microbiota vaginal, o pH ácido e o sistema imunológico impedem a proliferação excessiva desse fungo.

No entanto, quando esses fatores protetores se alteram, aumentam-se as chances de o fungo crescer em excesso, levando ao quadro clínico de candidíase vulvovaginal. Isso pode acontecer devido a fatores de risco, como:

  • uso de antibióticos de largo espectro;
  • descontrole glicêmico (níveis de açúcar no sangue) em portadoras de diabetes;
  • alterações hormonais da gravidez;
  • duchas vaginais frequentes.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da candidíase vulvovaginal é predominantemente clínico, baseado nos sinais e sintomas das pacientes. As principais manifestações da condição são:

  • Prurido intenso: coceira persistente na região vulvar e vaginal, que pode piorar à noite e causar grande desconforto;
  • Queimação ou ardor: sensação de calor ou queimação na vulva e ao redor da abertura vaginal. Vestir calças justas ou usar absorventes podem agravar a ardência, por contato direto com a pele inflamada;
  • Corrimento vaginal alterado: secreção vaginal espessa e esbranquiçada, geralmente sem odor forte;
  • Sinais inflamatórios: a mucosa vulvar e a parede vaginal apresentam coloração avermelhada, além de inchaço visível dos lábios vulvares e de sensação subjetiva de temperatura elevada na região íntima;
  • Fissuras ou pequenas lacerações: a coceira intensa pode causar rupturas na pele da vulva, levando a feridas dolorosas, principalmente ao caminhar ou se sentar;
  • Dor durante a micção (disúria): desconforto ou ardor ao urinar por causa do contato da urina com áreas inflamadas ou fissuras;
  • Desconforto na relação sexual (dispareunia): dor ou queimação durante o ato sexual, ocasionadas pela mucosa inflamada.

O diagnóstico normalmente se baseia no relato desses sintomas durante a consulta ginecológica e o exame físico. Depois de investigar os seus sintomas, o médico vai realizar um exame clínico da região afetada com:

  • Inspeção da vulva e períneo: verificar sinais de dermatite, erosões, fissuras ou lesões sugestivas de outras causas (como psoríase, líquen escleroso, líquen plano);
  • Exame especular: observar coloração e textura da mucosa vaginal, quantidade e aspecto do corrimento.

Se ele observar sinais inflamatórios associados a um corrimento anormalmente espesso e esbranquiçado, a principal hipótese diagnóstica será a de candidíase.

Caso ele tenha um microscópio à disposição, ele pode coletar parte do material e examiná-lo ao microscópio. A confirmação se dá quando ocorre a visualização de estruturas chamadas hifas ou leveduras após a aplicação de hidróxido de potássio, um corante especial para esse tipo de microrganismo. Se ele não tiver esse instrumento à disposição, ele pode enviar a amostra a um laboratório para a confirmação do diagnóstico.

É muito importante entender, contudo, que o tratamento de casos isolados de candidíase pode ser iniciado apenas com base nos sintomas e no exame físico (sem necessidade de confirmação laboratorial).

Em casos de dúvida ou de candidíase de repetição (definidos como quatro ou mais episódios em um ano), ele pode indicar a cultura laboratorial da secreção vaginal para identificar a espécie envolvida e avaliar a sensibilidade a antifúngicos. Além disso, ele poderá requisitar exames para diagnosticar eventuais fatores de risco relacionados à candidíase de repetição.

Como é o tratamento da candidíase vulvovaginal?

De modo geral, o tratamento da candidíase vulvovaginal pode ser feito com medicação local (tópica) ou oral. Na maioria dos episódios não complicados, recomenda-se o uso de antifúngicos aplicados diretamente na região genital, porque eles atuam de forma concentrada no local da infecção e têm menor risco de efeitos colaterais sistêmicos, podendo geralmente ser usados mesmo durante a gravidez ou amamentação.

Quando os sintomas são mais intensos, recorrentes ou quando há dificuldade de aplicação dos produtos tópicos, pode-se optar por antifúngicos orais, que costumam resolver o quadro de forma rápida e prática.

Associado ao uso de medicamentos, é fundamental adotar cuidados de higiene e hábitos de vida que favoreçam o restabelecimento do equilíbrio da flora vaginal, como:

  • Higiene íntima adequada: lavar a região externa apenas com água e sabão neutro, sem duchas vaginais. Trocar diariamente a calcinha e evitar permanecer com absorvente por muito tempo;
  • Cuidados com roupas íntimas: preferir roupas de algodão, peças mais folgadas e evitar calças justas ou sintéticas que não “respirem”.

Pacientes com doenças predisponentes, como diabetes, devem manter o controle dessas condições, pois elas facilitam a recorrência das infecções. Além disso, em casos de candidíase de repetição, pode ser necessário investigar se o parceiro pode apresentar balanite por Candida em parceiros homens ou vulvovaginite em parceiras mulheres.

Portanto, o tratamento de episódios isolados de candidíase é relativamente simples, feito após o diagnóstico clínico e com o uso de antifúngicos. Já a candidíase de repetição é mais complexa de tratar, exigindo um diagnóstico mais detalhado de suas causas e terapias mais específicas.

Quer saber mais sobre as infecções de repetição? Toque aqui!

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