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Cardiotocografia: o que é e importância

Por Dra. Cristiane Pacheco

A cardiotocografia é um exame usado para o monitoramento da frequência cardíaca fetal e a avaliação da dinâmica das contrações uterinas. Ela pode ser realizada tanto durante o pré-natal quanto no parto. Esta última situação é a mais comum, pois auxilia os médicos a entenderem como o trabalho de parto está evoluindo.

Apesar de sua importância, como qualquer exame, a indicação da cardiotocografia deve seguir alguns critérios. Assim, podemos evitar que a gestante seja submetida a procedimentos desnecessários e que podem trazer complicações. Quer entender melhor o tema? Acompanhe nosso post!

O que é a cardiotocografia?

A cardiotocografia (CTG) é um exame de diagnóstico usado para monitorar a frequência cardíaca fetal ao mesmo tempo em que se avaliam as contrações uterinas durante a gravidez. Ela é feita a partir de um aparelho cardiotocógrafo, que apresenta dois sensores de ultrassom (o mesmo método utilizado nas ultrassonografias feitas ao longo do pré-natal).

Tecnicamente, esses sensores são conhecidos como transdutores. Ambos são colocados no abdômen da gestante. Um dos transdutores registrará a frequência cardíaca fetal, isto é, o ritmo do coração do bebê a cada minuto. O outro monitora as contrações uterinas, medindo a variação da espessura da parede uterina ao longo do tempo. Quando o útero se contrai, suas paredes ficam mais grossas.

Com isso, podemos também estimar a força (tensão) que a parede uterina está exercendo no ambiente intrauterino, onde está o bebê. Os resultados do exame geralmente são impressos em um papel milimetrado, que mostra a variação dos parâmetros ao longo do tempo.

Em casos raros e se houver dilatação do colo suficiente, podemos utilizar ainda a cardiotocografia interna, em que os sensores são colocados dentro do útero para monitorar diretamente os batimentos fetais e a pressão intrauterina. De qualquer forma, o traçado impresso no papel será avaliado pelo médico para auxiliar na tomada de decisão se alguma intervenção será necessária durante o parto.

Qual a importância da cardiotocografia?

A importância da cardiotocografia é que ela pode fornecer um alerta precoce de sofrimento fetal ou de distocia. Isso pode ajudar os médicos a agir rapidamente para garantir que o bebê nasça de maneira segura e saudável.

Os estudos mostram que a realização da cardiotocografia durante o trabalho de parto pode reduzir as taxas de convulsões neonatais. No entanto, ainda não há evidências claras de benefícios, como a redução do risco de paralisia cerebral, mortalidade neonatal ou outros resultados positivos.

Apesar disso, algumas pesquisas mostraram que a CTG pode estar associada ao aumento de risco de realização de cesarianas ou partos vaginais instrumentais. Em outras palavras, quando os médicos realizam a cardiotocografia, eles ficam mais propensos a intervir no processo natural do parto por meio do parto cesáreo ou de procedimentos no parto normal, como a episiotomia e o fórceps. Portanto, não é um risco do procedimento em si mesmo, mas devido à atitude do médico em relação aos seus resultados.

Nesse sentido, dentro dos princípios do parto humanizado, é muito importante que seu médico pese os riscos e benefícios da cardiotocografia de forma individualizada com seu parto, baseando-se sempre nas evidências científicas disponíveis. A decisão de usar a cardiotocografia deve ser compartilhada e ele deve explicar por que está utilizando o exame. Afinal, você é a protagonista do parto.

Quando a cardiotocografia é feita?

O teste geralmente é feito durante o terceiro trimestre (antes ou durante o trabalho de parto), pois pode ajudar a identificar possíveis sofrimento fetal, distocia e início da fase ativa de parto. Antes do momento do parto, contudo, a cardiotocografia tem um uso mais limitado.

Antigamente, ela já foi usada isoladamente para detectar condições, como restrição de crescimento intrauterino (RCIU) e anemia fetal. Entretanto, com a evolução da ultrassonografia e outras técnicas pouco invasivas de avaliação fetal, a CTG não é mais utilizada isoladamente para esse tipo de diagnóstico. Em outras palavras, seu médico possivelmente pedirá outros exames conjuntamente para confirmar ou afastar o diagnóstico.

Mesmo durante o parto, a cardiotocografia não é indicada como rotina para todas as gestantes. Por exemplo, pacientes de baixo risco gestacional não precisam passar pelo exame se o parto estiver ocorrendo sem complicações.

Nesse caso, ela será monitorada apenas com a ausculta fetal habitual, como o sonar cardiofetal (um aparelho eletrônico, que funciona como um ultrassom mais simples) ou o Pinard (um dispositivo que amplia os sons dos batimentos fetais).

Indicações da cardiotocografia durante o parto

A cardiotocografia está indicada nos seguintes casos:

  • partos que podem ser prematuros ou bebês abaixo do peso;
  • mulheres com hipertensão arterial, pré-eclâmpsia e outras comorbidades;
  • mulheres com infecções;
  • mulheres com hemorragia durante o trabalho de parto;
  • casos de gestação múltipla;
  • líquido amniótico com algum grau de mecônio (as “fezes” do feto);
  • ruptura das membranas (bolsa amniótica) antes de iniciar o trabalho de parto;
  • bebê em uma posição anormal;
  • trabalho de parto for induzido ou conduzido;
  • uso de anestesia epidural para alívio da dor.

Além disso, a cardiotocografia é importante quando a ausculta cardíaca fetal estiver alterada. Nesse caso, o médico inicialmente utilizará a CTG por 20 minutos. Se o traçado estiver normal, ele manterá a conduta habitual do parto, sem nenhuma intervenção. Caso haja alterações significativas no traçado, ele poderá monitorar a paciente por mais tempo ou indicar um procedimento para evitar complicações no parto.

Por fim, a CTG pode ser usada para monitorar os efeitos de medicamentos ou tratamentos aplicados durante o trabalho de parto. Isso é especialmente útil para mães que precisam de medicamentos para alívio da dor ou epidurais durante o trabalho de parto. Ao monitorar a frequência cardíaca do bebê e o ritmo das contrações, os médicos podem garantir que os medicamentos não tenham nenhum efeito adverso no bebê e na evolução do parto.

Em resumo, a cardiotocografia é uma ferramenta importante para monitorar a saúde do bebê antes e durante o parto. Pode ajudar a detectar possíveis problemas, monitorar a resposta do bebê ao trabalho de parto e ao parto e garantir que potenciais efeitos colaterais de medicamentos sejam identificados rapidamente. Contudo, é um exame que não precisa ser feito de rotina, sendo indicado nos casos em que os benefícios superem eventuais riscos.

Quer saber mais sobre a cardiotocografia e como ela é feita? Confira nosso artigo completo sobre o tema!

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