Circular de cordão: o que é e quais são os riscos?
A circular de cordão, também chamada de cordão nucal, é uma condição na qual o cordão umbilical fica enrolado ao redor do pescoço do bebê. Isso pode acontecer durante a gravidez ou parto. É uma condição relativamente comum, sendo identificada em cerca de 1 em cada 3 gestações.
Embora a circular de cordão geralmente não seja prejudicial, pode ocasionalmente levar a complicações. Na maioria das vezes, ela é inofensiva e não causará nenhum problema para o bebê. Em alguns casos, no entanto, o cordão pode ficar firmemente enrolado no pescoço do bebê, o que pode cortar o suprimento de oxigênio do bebê e levar a complicações.
Por isso, seu médico provavelmente a acompanhará de perto para certificar-se de que seu bebê esteja saudável e não haja intercorrências durante o parto.
Saiba mais sobre o assunto para entender bem essa situação!
O que é a circular de cordão?
Tipos de circular de cordão umbilical incluem:
- cordão corporal — quando o cordão umbilical envolve qualquer parte do corpo fetal;
- cordão nucal — quando o cordão umbilical é enrolado no pescoço do feto, completando 360 graus.
O cordão umbilical pode envolver o corpo do bebê em até 38% das gestações. Um cordão nucal – circular de cordão no pescoço – é relatado no parto em 5-37% das gestações. Além disso, circulares de cordão com mais de duas voltas ao redor do pescoço fetal ocorrem em 4% das gestações. Os principais fatores de risco para essa condição são:
- Redução do volume de líquido amniótico (oligodrâmnio);
- Atividade fetal aumentada (quando o feto se movimenta mais durante a gestação);
- Idade gestacional avançada (as chances de diagnóstico da circular de cordão aumentam conforme a gestação avança).
A circular de cordão tende a se resolver espontaneamente à medida que a gravidez progride ou durante o trabalho de parto. No entanto, em alguns casos, pode persistir.
Diagnóstico da circular de cordão
A menos que haja alguma evidência de problemas fetais, não é recomendado realizar rotineiramente exames com a finalidade exclusiva de diagnóstico pré-natal de uma circular de cordão. No entanto, essa alteração pode acabar sendo diagnosticada acidentalmente no ultrassom do terceiro semestre, representando, na maior parte dos casos, um achado benigno. Então, você não precisará se preocupar.
O diagnóstico da condição pode ser necessário quando há sinais de estresse fetal, principalmente diante de evidências de alterações no ritmo cardíaco do bebê. Nessa situação, seu médico possivelmente vai indicar uma ultrassonografia com doppler colorido ou ultrassom tridimensional para visualizar a seção sagital e transversal do pescoço fetal.
Conduta
Em relação à circular de cordão no corpo do bebê, não há grande preocupações. Se for um cordão nucal, entretanto, a preocupação é maior, pois o cordão umbilical pode comprimir as artérias que levam oxigênio ao cérebro do bebê. No entanto, a compressão acontece apenas em raríssimos casos. Além disso, há evidências substanciais indicando que os cordões nucais não estão ligados a um aumento notável na taxa de quaisquer eventos adversos fetais clinicamente relevantes.
Antes do parto
Em casos raros, se houver uma restrição do crescimento fetal de forma significativa e persistente associada à circular de cordão, podemos considerar a realização de uma cesariana. Por outro lado, o aperto da circular de cordão pode ocorrer devido à descida ou rotação da cabeça fetal. Isso pode levar a reduções na frequência cardíaca fetal (bradicardia fetal). No entanto, elas normalmente são bordadas de maneira semelhante a outros casos de bradicardia fetal.
Durante o parto
Algumas manobras podem ser feitas durante o parto para prevenir complicações devido à circular de cordão:
- Circulares mais frouxas geralmente podem ser deslocadas sobre a cabeça do feto após a sua cabeça ter saído pelo canal de parto;
- Nos casos em que o cordão está muito apertado para ser desenrolado na cabeça, pode ser possível movê-lo para os ombros do bebê para diminuir o risco de que ele pressione as artérias do pescoço, que levam o sangue para a cabeça do bebê.
Para realizar a manobra de cambalhota, se a corda estiver muito apertada para deslizar sobre os ombros, flexione a cabeça enquanto os ombros anteriores e posteriores são liberados lentamente enquanto mantém a cabeça do recém-nascido próxima ao períneo. O corpo deve então “dar uma cambalhota” para fora. Assim que o corpo estiver fora, desembrulhe o cordão umbilical e gerencie o bebê como de costume.
Caso essas medidas não funcionem, podemos ainda tentar a manobra da cambalhota, em que o médico:
- Libera lentamente a frente e a parte de trás dos ombros do bebê enquanto controla o cordão para evitar que ele cause uma compressão no pescoço do feto;
- Dobra a cabeça do bebê enquanto os ombros saem, de modo que o rosto do bebê fique voltado para as coxas da mãe;
- Mantém a cabeça do bebê perto do períneo enquanto o corpo é retirado “de cambalhotas”.
Por fim, se não houver nenhuma complicação, desenrolamos totalmente o cordão umbilical e mantemos as condutas habituais de um parto.
São raríssimos os casos em que precisamos adotar alguma conduta mais invasiva por cada da circular de cordão exclusivamente. A manobra da cambalhota é muito eficaz. Se ela falhar, contudo, podemos clampear e cortar o cordão para evitar a compressão.
Complicações gestacionais e parto humanizado
O parto humanizado é uma abordagem da obstetrícia que se concentra em proporcionar uma experiência mais positiva, pessoal e natural para a mãe. Essa abordagem normalmente inclui:
- O protagonismo da gestante na tomada de decisões;
- A individualização biopsicossocial do acompanhamento médico do pré-natal ao pós-parto;
- Uso das melhores técnicas baseadas em evidências científicas, buscando evitar complicações de curto a longo prazo para a mãe e o bebê.
Por isso, são utilizadas menos invasivas e mais alinhadas com o processo natural do trabalho de parto em situações como a circular de cordão. Afinal, os estudos mostram que é uma condição que geralmente se resolve espontaneamente ou com manobras simples. Portanto, as abordagens invasivas não devem ser utilizadas indiscriminadamente.
Quer saber mais sobre outras complicações do parto, além da circular de cordão? Confira nosso artigo sobre o tema!