Depressão pós-parto: o que é e por que acontece?
A depressão pós-parto é caracterizada pela presença de sintomas depressivos que surgem ou se intensificam no primeiro ano após o parto. O diagnóstico da depressão pós-parto é clínico, isto é, feito com base nos sintomas da paciente. Ou seja, não é necessário nenhum exame complementar, como dosagens hormonais, para confirmar esta condição.
Ela acontece devido às diversas mudanças no organismo da mulher no pós-parto, pelos desafios da maternidade, por problemas pessoais/sociais, entre vários outros motivos. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe!
O que é depressão pós-parto?
Brevemente, a depressão pós-parto pode ser definida como a persistência de sintomas depressivos após 45 dias após o nascimento do bebê.
O diagnóstico da depressão pós-parto
Os critérios usados para o diagnóstico são os mesmos da depressão em geral, sendo necessário que, ao menos, 5 deles estejam presentes:
- Humor deprimido na maior parte do dia (emoções como tristeza, vazio emocional, desesperança e culpa);
- Interesse diminuído ou abolido em atividades que davam prazer;
- Perda de peso sem dieta e acima daquela esperada no estágio puerperal;
- Insônia ou excesso de sono quase todos os dias. Esse sintoma deve ser avaliado com cuidado, pois mães podem ser acordadas frequentemente durante a noite e tem cansaço;
- Agitação ou retardo psicomotor;
- Fadiga ou perda de energia durante grande parte do dia;
- Sensação de inutilidade, preocupação ou culta excessiva;
- Dificuldade de concentrar;
- Pensamentos recorrentes de morte, que vão além do medo de morrer.
Algumas pesquisas científicas mostram que o início dos sintomas da depressão pós-parto ocorre:
- Em 20% das mulheres — antes da gestação;
- 38% — durante a gestação;
- 42% — após o parto.
Mulheres com um quadro depressivo anterior podem ser diagnosticadas com a depressão pós-parto quando há uma persistência dele no pós-parto. Afinal, a presença desses sintomas pode desencadear dificuldade no cuidado próprio e do bebê, o que demanda um acompanhamento médico com um olhar nesse desafio.
Em relação à depressão que se inicia após o parto, ela ocorre principalmente nos primeiros meses após o nascimento do bebê:
- 54% no primeiro mês;
- 40% em 2 a 4 meses;
- 6% em 5 a 12 meses.
Depressão pós-parto e baby blues
Nem todo humor rebaixado no pós-parto significa depressão pós-parto. Há alterações que são relativamente normais. Os estudos mostram que diversas mudanças hormonais ocorrem no corpo da mulher no pós-parto. Isso tem um impacto nos neurotransmissores responsáveis pela sensação de alegria, bem-estar, medo, entre outras emoções.
Até 90% das mulheres relatam algum dos seguintes sintomas nesse período:
- Choro inexplicável;
- Irritabilidade;
- Tristeza;
- Inquietação;
- Dificuldades para dormir.
Somado a isso, ela ainda enfrenta a adaptação aos desafios explicados anteriormente. Portanto, o puerpério é naturalmente um momento em que a mulher pode se sentir frágil e insegura.
Depressão pós-parto e baby blues
No entanto, na maior parte dos casos, esses sintomas não são patológicos. É o chamado baby blues, que é uma resposta às mudanças físicas pós-parto e aos desafios dos cuidados com o bebê. Os sintomas são mais leves e a mulher nota uma melhora gradual durante o puerpério. O baby blues dura, no máximo, 30 a 45 dias.
Contudo estima-se que, pelo menos, 9% das mulheres evoluam para um quadro de depressão pós-parto. Para identificá-la no dia a dia, ela ou pessoas próximas podem notar as seguintes alterações:
- Humor deprimido ou alterações graves;
- Choro excessivo;
- Dificuldades em cuidar e se relacionar com o bebê;
- Afastamento do parceiro, de amigos e familiares;
- Alterações nos hábitos alimentares;
- Dificuldades para dormir;
- Fadiga e perda de energia;
- Perda de interesse em atividades antes prazerosas;
- Irritabilidade e raiva intensas;
- Insegurança diante da maternidade;
- Falta de esperança;
- Sentimentos como inutilidade, vergonha, culpa ou inadequação;
- Dificuldades de concentração;
- Dificuldades em tomar decisões;
- Falta de clareza;
- Inquietação;
- Ansiedade mais severa e ataques de pânico;
- Pensamentos autodestrutivos ou de prejudicar o bebê;
- Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio.
Por que a depressão pós-parto pode acontecer?
A depressão pós-parto surge devido a múltiplos fatores tanto orgânicos quanto emocionais. Ainda não há uma explicação definitiva sobre os mecanismos que levam a depressão pós-parto. Veja alguns fatores orgânicos relacionados à condição:
- Genética — pode haver uma relação de alguns genes com a predisposição ao desenvolvimento da depressão pós-parto;
- Mudanças hormonais — os níveis sanguíneos de diversos hormônios se modificam no pós-parto. Por exemplo, há uma redução da progesterona e do estrogênio. Também ocorre flutuações nos níveis de cortisol (hormônio do estresse), melatonina (hormônio do sono), ocitocina (hormônio do bem-estar) e da tireoide (hormônios que regulam o metabolismo). Isso deixa as mulheres mais vulneráveis a estados depressivos;
- Alterações nos neurotransmissores — a dopamina, a norepinefrina e a serotonina são substâncias relacionados à motivação, ao prazer e à alegria. Seus níveis são reduzidos durante o estado depressivo.
Fatores de risco para a depressão pós-parto
- Histórico de depressão, durante a gravidez ou em outros momentos;
- Mulheres portadoras de transtorno bipolar;
- Mulheres que tiveram depressão pós-parto em uma gravidez anterior;
- Mulheres com histórico pessoal ou familiar de depressão ou de outros transtornos de humor;
- Eventos estressantes durante a gravidez;
- Se o bebê tem problemas de saúde ou outras necessidades especiais;
- Gravidez de múltiplos;
- Dificuldades para amamentar;
- Problemas de relacionamento com o parceiro;
- Falta de apoio;
- Quando a gravidez não é planejada ou desejada;
- Problemas financeiros.
O que fazer se perceber sintomas da depressão pós-parto?
É muito importante que a mulher passe pelas consultas de puerpério rotineiras, que são marcadas para as primeiras semanas de pós-parto. Nelas, são feitas algumas perguntas que ajudam a rastrear aquelas com maior vulnerabilidade ao desenvolvimento da depressão pós-parto. Assim, um acompanhamento e um diagnóstico precoce podem ser realizados.
Caso ela perceba os sintomas e não tenha uma consulta marcada, também pode agendar uma avaliação com médica. Preferencialmente, mas não exclusivamente, ela deve ser feita ginecologista/obstétrica que acompanhou o pré-natal ou o parto.
Alguns sintomas, porém, exigem que ela busque um acompanhamento médico com urgência. Afinal, eles são mais graves, além de poderem colocar a mãe e o bebê em risco. Veja alguns exemplos:
- Confusão e desorientação psicológica;
- Pensamentos obsessivos sobre o bebê;
- Alucinações e delírios;
- Distúrbios do sono;
- Agitação;
- Paranoia;
- Pensamentos suicidas ou de prejudicar o bebê.
Portanto, a depressão pós-parto é um quadro que merece muita atenção da mulher e do ginecologista/obstetra que acompanha o seu puerpério. Para recuperar seu bem-estar, ela precisa de um acolhimento médico humanizado. Além disso, ela precisa ser tratada para evitar complicações que coloquem em risco a si mesma e seu filho.
Quer saber mais sobre a depressão pós-parto e como é feito o acolhimento da puerpera no consultório médico? Confira este post sobre o tema!