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Depressão pós-parto: sintomas

Por Dra. Cristiane Pacheco

A depressão pós-parto é uma condição muito mais comum do que as pessoas imaginam. Ela pode atingir de 10% a 15% das puérperas. Mesmo assim, as pesquisas mostram que apenas 25% das mulheres têm acesso ao seu tratamento e mais de 50% dos casos podem ficar sem um diagnóstico oportuno.

Parte desses desafios se deve ao estigma que envolve a doença. Por isso, é muito importante ter uma visão realista da maternidade e conscientizar a mulher de que complicações físicas e psíquicas podem, sim, fazer parte do processo.

Em muitos casos, a depressão pós-parto é confundida com o baby blues, uma alteração de humor normal depois do parto. O baby blues é uma resposta às mudanças hormonais e às adaptações significativas que a vinda de um bebê necessita.

Ele também apresenta sintomas depressivos e alterações do humor, mas é passageiro. Se as alterações durarem mais do que 30 a 45 dias, é preciso acender o alerta para um quadro depressivo, que pode trazer um grande impacto na qualidade de vida da mulher e do bebê. Quer entender melhor o tema? Acompanhe o nosso post!

O que é depressão pós-parto?

A depressão pós-parto é um transtorno do humor que pode surgir nas primeiras semanas após o parto. Ele é caracterizado pela persistência de sintomas depressivos por mais de 2 a 4 semanas. Ela pode se estender por todo o primeiro ano pós-parto e evoluir para um transtorno depressivo maior se não for tratada.

A seguir, veja como você pode identificar os sintomas dessa doença.

Alteração no humor

Quando as pessoas pensam em depressão, o humor deprimido é o sintoma que primeiro vem à mente. Mas o que ele é exatamente? É uma redução do ânimo da pessoa. Ela fica para baixo, mais pessimista e com pensamentos de desesperança. As pacientes podem ter crises de choro e, em alguns episódios, sem motivo nenhum.

Outra alteração muito comum é a anedonia, isto é, a perda de interesse em atividades que eram consideradas prazerosas anteriormente. Por exemplo, a mulher pode falar: “nossa, antes eu adorava ver filmes. Mas, agora, eu vejo e não faz diferença nenhuma”. Essa manifestação atinge praticamente todos os aspectos da vida dela, inclusive o relacionamento com a parceria e os familiares.

Além disso, a irritabilidade aumentada pode surgir, fazendo com que a puérpera expresse raiva em situações cotidianas. Essa emoção pode ser direcionada a ela mesma ou a outras pessoas, como o bebê e o companheiro.

Com esse quadro, podem surgir também falas e sentimentos de:

  • Inutilidade (“não sirvo nem para cuidar do meu próprio filho”);
  • Vergonha (“ninguém deveria ter que ver a péssima mãe que eu sou”);
  • Culpa (“por que eu prejudico tanto as pessoas à minha volta?”);
  • Inadequação (“nunca vou servir para ser mãe”).

Negligência no cuidado consigo e com o bebê

É normal ter algum nível de dificuldade para cuidar do bebê. Afinal, é um ser que precisa de muito cuidado. Por exemplo, a mãe precisa acordar diversas vezes durante a noite para atender aos choros do bebê. As noites mal dormidas podem resultar em um maior cansaço durante o dia. Assim, surgem esquecimentos eventuais de trocar uma frauda, mas nada que possa prejudicar a saúde do bebê.

Na depressão pós-parto, pode haver uma negligência maior, expondo o bebê a más condições de higiene e de nutrição. Em resposta, a criança fica mais chorosa e irritada. No entanto, não é um desmazelo em relação ao filho. A própria mulher também passa por dificuldades para cuidar de si.

Mudanças de hábitos

Com a depressão, o comportamento da mulher também muda bastante. Ela pode começar a se afastar do parceiro, de familiares e de amigos. Esse sintoma pode ser muito sutil, visto que a paciente pode associar o isolamento com uma necessidade de cuidar da saúde do bebê e dela mesma.

Alterações nos hábitos alimentares também são comuns e podem se manifestar tanto como falta de apetite quanto como alimentação compulsiva. Consequentemente, podem surgir mudanças de peso. Também pode haver problemas no comportamento do sono, como sonolência excessiva durante o dia e insônia à noite.

Problemas para execução de tarefas no dia a dia

A depressão também altera a cognição e as funções executivas da mulher, resultando em dificuldade para fazer e se manter em tarefas habituais. Isso ocorre devido a manifestações, como:

  • Dificuldades de concentração;
  • Memória reduzida;
  • Indecisão constante;
  • Insegurança excessiva em relação à maternidade;
  • Dificuldade para inibir comportamentos.

Sintomas graves da depressão pós-parto

Alguns sintomas devem gerar mais preocupação, pois indicam um quadro mais grave. Com eles, há um maior risco de a gestante colocar em risco a sua integridade física e a do bebê. Veja alguns exemplos:

  • Delírios e alucinações;
  • Paranoia (sem motivo real, acredita que alguém quer fazer mal a ela ou ao bebê);
  • Pensamentos de agressão a ela própria e ao bebê;
  • Negligência às necessidades do bebê, deixando de amamentá-lo ou trocá-lo frequentemente;
  • Pensamentos persistentes de suicídio, que podem ir desde uma vontade de morrer até um planejamento de como ela pode tirar a própria vida;
  • Pensamentos obsessivos em relação ao bebê;
  • Distúrbios severos do sono;
  • Agitação psicomotora e confusão mental intensas.

Por tudo isso, é fundamental se atentar aos sintomas da depressão pós-parto. Afinal, é uma condição relativamente frequente e que pode prejudicar bastante a qualidade de vida das mulheres.

Quer saber mais sobre o tratamento da depressão pós-parto? Confira este texto em que explicamos tudo sobre o tema!

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