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DIP: veja como é o diagnóstico

Por Dra. Cristiane Pacheco

A doença inflamatória pélvica, a DIP, é uma condição muito prevalente entre as mulheres. Ela é causada por microrganismos que infectam as estruturas mais internas do sistema genital feminino: o útero, as tubas uterinas e os ovários. Todas elas são fundamentais para as funções reprodutivas da mulher desde a fertilização até o parto.

Por esse motivo, além da infertilidade, a DIP está comumente relacionada a complicações durante a gravidez. Exemplificando, ela aumenta o risco de abortamento espontâneo, parto prematuro e cesariana. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe!

O que é DIP, causas e prevenção?

A DIP é uma condição desencadeada por infecções no trato genital superior. Devido à presença de microrganismos invasores, inicia-se um processo inflamatório que prejudica a funcionalidade dos órgãos afetados.

Normalmente, a DIP se inicia com a migração de bactérias da vagina para o útero, mas também podem ser causadas por fungos e vírus (mais raramente). As duas principais bactérias relacionadas à DIP são a gonorreia e a clamídia. Ambas são as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) mais prevalentes em todo o mundo. Estima-se que até 1 bilhão de pessoas estejam infectadas por elas a cada ano.

Elas geralmente provocam casos assintomáticos, o que facilita a sua proliferação e dificulta o diagnóstico. No entanto, podem complicar para a doença inflamatória pélvica, que pode trazer repercussões. A principal forma de prevenção da DIP é a utilização de preservativos nas relações sexuais.

O diagnóstico da DIP

O diagnóstico da DIP envolve cinco passos principais:

  • Avaliação das queixas clínicas: é muito importante que você comunique ao médico quaisquer sintomas que tenha notado, mesmo que eles pareçam “simples” ou “pouco relevantes” para você;
  • Identificação de fatores de risco e de histórico sugestivo de DIP;
  • Identificação de alterações no exame físico;
  • Realização de testes laboratoriais (exame de sangue e urina);
  • Realização de exames de imagem, como a ultrassonografia pélvica e a transvaginal.

Em casos raros, os passos acima podem não ser suficientes para esclarecer o diagnóstico. Então, outras investigações podem ser necessárias com métodos diagnósticos mais complexos, como a videolaparoscopia e a biópsia endometrial.

Sintomas da DIP

Na maior parte dos casos, a DIP é diagnosticada clinicamente. Ou seja, não é necessário realizar nenhum exame complementar ou procedimento para confirmar o diagnóstico. Ele é feito com base nas alterações identificadas durante a anamnese (entrevista clínica), na qual você e seu médico conversam sobre suas queixas, sua história sexual, seus hábitos de vida, entre outros pontos.

Apesar disso, a doença inflamatória pélvica é assintomática na maioria das pacientes, o que dificulta o diagnóstico. Quando surgem, os principais sintomas são:

  • Dor pélvica (região inferior do abdômen), que pode ser aguda ou crônica com intensidade leve a incapacitante;
  • Corrimento vaginal anormal, que pode apresentar odor intenso e alteração na coloração;
  • Sangramento uterino anormal, principalmente no período intermenstrual ou durante as relações sexuais;
  • Dispareunia, a dor durante o sexo;
  • Febre;
  • Náuseas e vômitos;
  • Calafrios;
  • Dor durante a micção ou incontinência urinária.

Diante da presença desses sintomas, uma gestante (se for o caso) precisa procurar auxílio médico urgentemente. Afinal, trata-se de uma condição que pode evoluir para complicações gestacionais graves.

Fatores de risco e histórico clínico

Outro passo fundamental é identificar de fatores de risco e de complicações que podem estar ligadas à DIP. Para isso, o seu médico poderá perguntar a respeito da sua vida sexual, assim como da história ginecológica e obstétrica prévia.

Os principais fatores de risco para a DIP são:

  • Ter feito relações sexuais desprotegidas, principalmente no último ano;
  • Ter vida sexual ativa;
  • Ter múltiplos parceiros sexuais no último ano;
  • Ter relações sexuais com pessoas que tiveram múltiplos parceiros recentemente;
  • História prévia de infecções sexualmente transmissíveis;
  • Histórico de DIP. Quanto maior o número de episódios de DIP, maiores são as chances de complicação;
  • Uso regular de ducha íntima. Apesar de vista como uma medida de higiene, ela prejudica a vagina. Ela altera as condições locais e facilita a proliferação de microrganismos causadores de doenças.

Alterações no exame físico da DIP

O exame físico ginecológico abrange a inspeção, palpação e aferição de sinais vitais com especial foco no sistema reprodutor feminino. No caso da DIP, serão investigadas alterações na região da pelve, tais quais a dor, o aumento da sensibilidade e o inchaço na região. Durante o exame vaginal, também podem ser identificadas alterações nas secreções e lesões típicas de ISTs.

Exames complementares

Os exames complementares mais indicados são:

Testes laboratoriais

Os exames de sangue e urina nos ajudam a confirmar ou descartar a presença dos agentes causadores das ISTs e de outras infecções geniturinárias.

Exames de imagem: ultrassonografia pélvica

A partir dela, podemos notar sinais indiretos de infecções no trato genital superior, como a presença de aderências, líquido nas tubas uterinas (hidrossalpinge) e abscessos (“bolsas de pus”).

Tratamento da doença inflamatória pélvica

O tratamento envolve o uso de antibióticos no período indicado pelo médico. Ele é feito imediatamente após o diagnóstico. Apesar de serem muito efetivos para eliminar a infecção, não atuam na reversão das complicações.

Então, se elas já existirem, pode ser necessário utilizar outras estratégias, como a reprodução assistida (para infertilidade) e as cirurgias para drenagem de abscessos ou destruição das aderências.

Portanto, a melhor forma de evitar as complicações e formas graves da DIP é a prevenção, que é feita com o uso de preservativos nas relações sexuais. Quando a infecção já está em curso, o tratamento precoce é fundamental.

Quer saber mais sobre a DIP e seu tratamento? Confira nosso post sobre o tema!

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