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DIP: veja quais podem ser os sintomas

Por Dra. Cristiane Pacheco

A doença inflamatória pélvica é mais conhecida por sua sigla, DIP. Resumidamente, podemos defini-la como a inflamação nos órgãos reprodutores da mulher, como o útero, as tubas uterinas e os ovários. Geralmente, ela surge quando uma bactéria consegue ultrapassar o canal vaginal e se proliferar nas estruturas genitais superiores. No entanto, ela pode também ser causada por outros agentes, apesar de isso ser incomum.

A doença recebeu esse nome devido à localização e ao quadro clínico que provoca. A inflamação é uma resposta do sistema imunológico contra fenômenos que o corpo considera uma ameaça, como uma infecção.

No entanto, apesar de nos proteger, a inflamação pode sair de controle, levando a complicações e sintomas duradouros. Nos órgãos genitais femininos, isso desencadeia o quadro conhecido como a DIP, o qual provoca sintomas de dor, infertilidade, sangramento uterino anormal, entre outros.

Quer saber mais sobre ela? Acompanhe o nosso post!

O que é a DIP?

A DIP geralmente se inicia quando um microrganismo consegue infectar e se proliferar nos órgãos e tecidos do útero, das tubas uterinas e do ovário.

No entanto, na maioria dos casos, a infecção não se inicia nesses locais. Ela ocorre primeiramente na vagina, geralmente com alguma bactéria causadora de infecções sexualmente transmissíveis, as ISTs. Na DIP, as mais frequentes são a gonorreia e a clamídia.

Além disso, também podem ser causadas por infecções vaginais não transmissíveis sexualmente, como as vaginoses bacterianas. Nesses casos, a principal causa costuma ser a alteração da flora vaginal. Esses microrganismos podem passar para os órgãos mais internos do sistema reprodutor feminino através do colo uterino ou da corrente sanguínea.

A infecção também pode ser levada durante processos interventivos na cavidade uterina, como a inserção de dispositivo intrauterino, a realização de procedimentos endoscópicos (como a histeroscopia e de cirurgias pélvicas.

Quais são os sintomas da DIP?

Os processos inflamatórios levam a seguintes manifestações:

  • Calor — uma sensação de aquecimento na região afetada ou, mesmo, a febre;
  • Edema — é o inchaço provocado pela dilatação dos vasos sanguíneos no local afetado. Isso faz com que o líquido do sangue passe para o espaço entre as células e aumento o volume;
  • Rubor — a região fica mais avermelhada (hiperemiada) devido ao inchaço dos vasos sanguíneos;
  • Dor — a inflamação causa agressões aos tecidos, além de deixar o nosso sistema nervoso mais sensível ao sinal de dor;
  • Perda de função — a região inflamada perde parte de sua capacidade de executar as funções que ela é responsável no organismo. Por exemplo, o endométrio inflamado não recepciona o embrião adequadamente, levando à infertilidade.

Isso está diretamente relacionado aos sintomas e às complicações:

Dor abdominal baixa

Ela pode variar de desde um desconforto até uma manifestação grave ou incapacitante. Em geral, até que a doença seja tratada, ela evolui para um quadro crônico. Há pacientes que chegam aos consultórios com relatos de vários meses ou, até mesmo, anos de desconforto abdominal sem investigação.

Dor e sangramento durante as relações sexuais

Esse também é um sintoma muito frequente. Nas relações sexuais, há uma maior pressão sobre a pelve, o que pode desencadear a dor. Quando há uma vaginose associada, a dor pode se iniciar logo no início da penetração.

Como o colo do útero pode ficar mais fragilizado devido ao edema da inflamação e seus vasos estão mais inchados, ele sangra mais facilmente.

Escape de sangue pela vagina no período entre as menstruações

Pelo mesmo motivo, podem ocorrer pequenas lesões espontâneas no colo do útero. Com isso, ocorre um escape de um pequeno volume de sangue no período intermenstrual.

Dor durante a micção

Como a inflamação pode se estender a toda a pelve, a mulher pode sentir mais dor durante o ato de urinar.

Corrimento vaginal anormal com odor intenso

As bactérias que causam a infecção podem produzir gases que provocam um odor forte. Dependendo do tipo de microrganismo, surge um odor fétido parecido com o de peixe podre.

Febre, calafrios, náuseas e vômitos

Nos casos agudos da DIP, também ocorrem os sintomas clássicos de uma infecção, como a febre, os calafrios, as náuseas e os vômitos.

Complicações da DIP

Durante o curso da infecção, ocorre o comprometimento da função do:

  • Endométrio — o tecido se torna mais hostil aos espermatozoides e ao embrião, comprometendo a implantação e o início da gestação;
  • Tubas uterinas — o fluxo no interior das tubas uterinas se altera, dificultando os processos reprodutivas e gestacionais.

Caso a doença não seja tratada, poderá levar à formação de aderências uterinas, que são cicatrizes que se fixam nas paredes dos órgãos. Elas obstruem os canais e interferem na liberação dos óvulos, no transporte do embrião através da tuba uterina e na chegada dele na região certa do endométrio.

Com tudo isso, surgem as seguintes complicações:

  • Infertilidade;
  • Maior risco de gestação ectópica;
  • Abscesso tubo-ovariano (formação de uma bolsa de pus).

O diagnóstico da DIP é predominantemente clínico com a anamnese e o exame físico realizados por um médico. Ele se baseará nos sinais e sintomas e, então, poderá requisitar exames complementares (testes de urina e de sangue, ultrassonografia pélvica, entre outros). O tratamento é focado inicialmente em eliminar a infecção. Outras intervenções poderão ser feitas conforme complicações forem identificadas.

Quer saber mais sobre a DIP, seu diagnóstico e tratamento? Leia outro texto interessante sobre o tema!

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