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Pólipos endometriais

Por Dra. Cristiane Pacheco

O útero faz parte do sistema reprodutor feminino. É um órgão musculoso em formato de pera responsável pelo desenvolvimento do feto até o nascimento. Morfologicamente, possui três camadas celulares: a mais interna, o endométrio, tecido altamente vascularizado; a intermediária, o miométrio, formada por células musculares; e a externa, o perimétrio, membrana serosa que o reveste externamente.

Composto por células epiteliais, vasos e estroma, o endométrio, estimulado pelos hormônios femininos estrogênio e progesterona, se torna mais espesso a cada ciclo menstrual para receber o embrião e iniciar a gestação.

Quando os níveis hormonais estão altos, as células se desenvolvem, aumentando a espessura. Se a concepção não ocorrer, os níveis hormonais decrescem, resultando na descamação do endométrio e na menstruação.

Os pólipos endometriais ocorrem a partir do crescimento anormal das células do endométrio, são benignos e raramente evoluem para malignidade, ou seja, se tornam um câncer. Os pólipos são muito comuns e podem atrapalhar as tentativas de gravidez, por isso é sempre importante avaliar e retirá-los.

Entenda como os pólipos endometriais desenvolvem

Os pólipos endometriais podem ser sésseis (fixados diretamente no endométrio) ou pediculados (fixados por uma haste vascularizada).

São formações compostas de células que reproduzem as características do endométrio, total ou parcialmente, e geralmente possuem um formato alongado, superfície lisa e tamanhos variados: poucos milímetros ou vários centímetros.

Embora as causas que provocam o surgimento de pólipos endometriais permaneçam desconhecidas até os dias atuais, estudos sugerem que eles podem ser provocados por desequilíbrios nos níveis de estrogênio: após descamar originando a menstruação, o endométrio é estimulado novamente no ciclo seguinte. No entanto, níveis muito altos de estrogênio podem motivar o crescimento desordenado das células, levando ao surgimento de pólipos.

O endométrio responde, por meio de receptores, à ação dos hormônios. Acredita-se também que os pólipos podem ser resultado de uma concentração aumentada de receptores de estrogênio e uma expressão diminuída de receptores de progesterona. A desregulação dos receptores hormonais das células do endométrio tem sido, atualmente, a teoria mais aceita.

Alguns fatores também aumentam o risco para o surgimento de pólipos, entre eles obesidade, pressão arterial e idade: são mais prevalentes após a menopausa e, ao contrário, raros no período que antecede a puberdade.

Sintomas de pólipos endometriais

Segundo tumor benigno mais frequente no útero, os pólipos são mais comuns na faixa etária entre 29 e 65 anos, podem ser únicos ou múltiplos e na maioria das vezes são assintomáticos.

Os sintomas geralmente surgem quando eles crescem e se espalham e são associados ao sangramento uterino anormal (SUA) – entre 7% e 34% de mulheres com algum tipo de sangramento uterino anormal têm a doença. Os principais sintomas de pólipos são:

  • Sangramento que provoca aumento do fluxo menstrual;
  • Sangramento que ocorre entre os períodos menstruais;
  • Sangramento que ocorre após as relações sexuais;
  • Sangramento após a menopausa;
  • Dismenorreia (cólicas antes e durante o período menstrual).

Porém, os sintomas podem ser mais leves em algumas mulheres. O sangramento, por exemplo, é em pequenas quantidades ou elas podem apenas apresentar manchas avermelhadas. Há mulheres que relatam que a menstruação para e depois retorna e que ela sente dor.

Mesmo que os pólipos raramente se transformem em neoplasias, eles causam um processo inflamatório que pode se instalar no endométrio. Associado à lesão precursora, aumenta o risco de desenvolvimento de câncer de endométrio.

Além disso, o processo inflamatório tende a interferir na receptividade do endométrio, resultando em falhas na implantação do embrião e abortamento, assim como pode formar aderências que inibem a fecundação. Portanto, mulheres com pólipos que desejam engravidar podem ter dificuldades para que isso aconteça.

Métodos para diagnosticar os pólipos endometriais

Como os pólipos são quase sempre assintomáticos, o diagnóstico normalmente é feito em achados de rotina. No entanto, para pacientes com sangramentos uterinos anormais, a ultrassonografia transvaginal é o primeiro exame solicitado.

Se os resultados indicarem suspeita de pólipos, a confirmação é feita por vídeo-histeroscopia, considerada padrão-ouro para o diagnóstico da doença. É uma técnica minimamente invasiva realizada com a utilização de um aparelho chamado histeroscópio, que possui uma câmera acoplada que proporciona a transmissão, em tempo real, para um monitor.

Assim, é possível avaliar minuciosamente a cavidade uterina, determinando a quantidade e tamanho dos pólipos. Durante o exame, é ainda coletado material para ser avaliado por biópsia, indicando se a lesão tem potencial maligno.

Tratamento para pólipos endometriais

Pólipos menores tendem a retroceder naturalmente e geralmente não causam sintomas. Por isso, devem ser apenas observados periodicamente por ultrassonografia transvaginal.

O tratamento é recomendado apenas se os pólipos causarem sintomas ou dificultarem a gravidez, o que é bastante comum. Pode ser feito por medicamentos ou cirurgia e considera o desejo da mulher de engravidar no momento.

Se a mulher não desejar engravidar e houver a manifestação de sintomas, são administrados medicamentos hormonais, que agem promovendo a redução de tamanho e quantidade, até que eles possam retroceder naturalmente. Podem ser prescritos medicamentos, também, para facilitar a remoção durante a cirurgia.

Já a abordagem cirúrgica é indicada para a remoção dos pólipos, principalmente quando eles causam dificuldades para engravidar. A indicação da remoção é bastante frequente. O procedimento geralmente é realizado por vídeo-histeroscopia cirúrgica ou videolaparoscopia. Conhecido como polipectomia, o procedimento proporciona a separação total dos pólipos da parede uterina e a remoção por um ressectoscópio.

As taxas de sucesso são bastante altas e mulheres com infertilidade causada por pólipos conseguem engravidar na maioria dos casos.

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