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Fisioterapia pélvica: o que é e quando pode ser feita?

Por Dra. Cristiane Pacheco

Atualmente, existem muitos recursos para ajudar as mulheres a passarem pela gravidez com o maior bem-estar possível. É natural que muitas mudanças ocorram e sintomas surjam, porém é possível minimizá-los com medidas preventivas e terapêuticas, como a fisioterapia pélvica.

Ela consiste em melhorar o condicionamento das estruturas do assoalho pélvica, que se torna mais alongado e fraco devido às alterações gestacionais normais. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe o nosso post!

O que é fisioterapia pélvica?

A fisioterapia pélvica é um tratamento altamente individualizado para cada mulher, abordando suas características e suas queixas em um plano terapêutico personalizado.

O programa terapêutico tem o objetivo de fortalecer a musculatura pélvica e o tecido conjuntivo do local, podendo incluir:

  • Treinamento muscular — exercícios rítmicos e repetitivos com a finalidade de fortalecer as fibras musculares e os ligamentos pélvicos;
  • Biofeedback — equipamentos que mede as respostas fisiológicas do corpo e oferecem feedbacks para treinar a paciente a controlar suas funções orgânicas melhor;
  • Estimulação elétrica — são correntes elétricas de baixa intensidade para estimular o fortalecimento muscular.

Tradicionalmente, esse tratamento era indicado para mulheres com queixas de incontinência urinária ou fecal persistente, dor miofascial, entre outras.

No entanto, nos últimos anos, percebeu-se que as técnicas podem ser utilizadas durante a gestação e no pós-parto, atuando tanto no tratamento quanto na prevenção de sintomas. Múltiplos estudos mostraram a eficácia dessa abordagem, que é recomendada nos melhores protocolos clínicos.

Fisioterapia pélvica na gestação

O corpo da mulher passa por diversas alterações hormonais e anatômicas durante as gestações. Algumas delas, associadas ao peso exercido pelo útero sobre o assoalho pélvico, enfraquecem os músculos da região. Com isso, podem surgir complicações que permanecem, até mesmo, no pós-parto.

Para prevenir ou tratar as queixas, a fisioterapia pélvica está indicada e pode ser realizada com segurança durante a gravidez. Os exercícios são escolhidos de acordo com a idade gestacional geralmente iniciados durante o segundo trimestre.

Esse momento é ideal, pois há uma redução do risco de perdas gestacionais, além de uma melhora na disposição da gestante, — com menos enjoos e sonolência.

Os principais objetivos da fisioterapia pélvica são:

  • a preparação do assoalho pélvico para o parto, o que reduz o risco de complicações pélvicas, como a incontinência urinária, dor crônica e até lacerações;
  • prevenir e minimizar os problemas da gestação, como a perda miccional involuntária, a urgência urinária, a dor lombar e o aumento da pressão pélvica.

Quanto antes a fisioterapia é iniciada, melhores são as chances de um resultado satisfatório. Afinal, é possível obter um melhor condicionamento da musculatura e prepará-la para o crescimento do peso que o útero exerce na pelve à medida que o bebê se desenvolve.

Nas semanas próximas ao parto, o foco dos exercícios será o alongamento dos músculos da pelve e do quadril, um fenômeno natural e frequente no pós-parto. Para isso, utiliza-se a massagem perineal.

 Benefícios da fisioterapia na gestação

  • Facilitação do parto — tornar a pelve mais adaptável ao tamanho da cabeça do bebê a fim de facilitar o encaixe e a evolução pelo canal de parto;
  • Redução do risco de realização de uma episiotomia e de outros procedimentos invasivos de assistência ao parto — tendo em vista o benefício anterior, pode-se evitar a necessidade de uma episiotomia, corte na região do períneo para facilitar a passagem do bebê. Esse procedimento invasivo torna a recuperação pós-parto mais complexa e longa;
  • Redução das dores do parto — por melhorar a funcionalidade da musculatura pélvica, a fisioterapia pode ajudar a reduzir as dores do trabalho de parto e da passagem do bebê pelo canal vaginal;
  • Ajudar a melhorar a postura e a circulação, o que reduz o edema na região;
  • Melhorar o condicionamento respiratório e treina a respiração da gestante para o parto;
  • Treinar a mulher para o direcionamento correto da força que ela precisa realizar durante o parto.

Com isso, é possível reduzir o risco de desenvolvimento de disfunções mais expressivas no pós-parto, como:

  • Incontinência urinária;
  • Dor nas relações sexuais, a dispareunia;
  • Vaginismo, isto é, espasmos na região da vagina;
  • Incontinência fecal;
  • Constipação;
  • Diástase abdominal (afastamento dos músculos abdominais);
  • Micção noturna (noctúria);
  • Inflamação da bexiga (cistite);
  • Dor pélvica crônica.

Fisioterapia pélvica pós-parto

O puerpério é o período que abrange as primeiras semanas (ou meses, de acordo com algumas sociedades médicas) após o parto. Ele pode ser acompanhado de diversas queixas, independentemente do tipo de parto que foi realizado. A dor e o inchaço local são as mais frequentes, podendo ser adequadamente minimizadas com a fisioterapia pós-parto

Como vimos, a fisioterapia é uma forma de prevenção e tratamento de muitos sintomas relacionados com a gestação. Assim, o trabalho de redução de risco de complicações pós-parto pode começar durante a gravidez. Ele também poderá ser iniciado ou continuado no após o nascimento do bebê.

Os objetivos e benefícios serão muito semelhantes àqueles que falamos acima. Em todo o caso, o melhor momento para iniciar a fisioterapia é indicado pelo seu obstetra, o qual conhece as suas características e as de sua gestação.

A fisioterapia pós-parto está indicada especialmente para as mulheres que passaram pela episiotomia, uma incisão feita na região do períneo para ampliar o canal de parto. Esse grupo tem maiores dificuldades de recuperação pós-parto. O tratamento também está indicado para quem teve outras abordagens invasivas para o parto.

Outro grupo com maior vulnerabilidade a disfunções pélvicas são as pacientes com múltiplas gestações. Afinal, elas passaram repetidamente por um maior estresse das estruturas do assoalho pélvico e do períneo, como um todo.

As técnicas têm o objetivo de:

  • Fortalecer os músculos da pelve, do quadril e da coluna lombar que foram alongados durante a gestação. Assim, pode-se reduzir sintomas de dor e desconforto postural;
  • Fortalecer e promover o controle voluntário da musculatura do períneo para evitar alterações urinárias e fecais.

Até pouco tempo, a maioria das mulheres com esses tipos de queixa eram encaminhadas para a perineoplastia. Contudo, como todo procedimento invasivo, ela apresenta riscos mais elevados de complicações.

Então, ele deve ser feito dentro das indicações em que os estudos mostraram benefícios maiores do que os riscos. Nos demais casos, a fisioterapia pélvica apresenta ótimos resultados, além de ser um tratamento coadjuvante importante para situações mais complexas.

Quer saber mais sobre a fisioterapia pélvica no pós-parto? Confira nosso artigo completo sobre o tema!

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