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Fisioterapia pélvica na gestação

Por Dra. Cristiane Pacheco

As modificações hormonais e anatômicas que ocorrem durante a gravidez tendem a enfraquecer o assoalho pélvico. A fisioterapia pélvica é uma subespecialidade da fisioterapia para o tratamento dos músculos dessa região. Tem como objetivo prepará-los para o parto, ajuda a aliviar desconfortos durante a gestação, bem como a reabilitação após o nascimento do bebê.

O assoalho pélvico é um grupo de músculos que criam uma estrutura de suporte para os órgãos pélvicos: nas mulheres a bexiga, o intestino e o útero. Nem sempre o assoalho pélvico recebe a atenção que merece. Não é uma área racionalizada. No entanto, ela tem um papel importante no parto, inclusive na sexualidade.

A força que a mulher precisa fazer durante o parto passa pelo assoalho pélvico. É uma força para a vagina, para a frente, não para trás. Isso é muito importante porque também pode proteger a mulher de fazer uma episiotomia, ter lacerações e assim por diante.

Com a evolução das pesquisas, notou-se que a episiotomia e qualquer procedimento para acelerar o processo de parto pode prejudicar o nascimento e/ou a saúde da mulher. Além disso, o modelo de parto com a mulher deitada sempre na mesma posição também passou a ser questionado. A movimentação pode ser benéfica.

Os músculos do assoalho pélvico, em associação com os das costas e da parede abdominal, também apoiam a região lombar. A fisioterapia pélvica trabalha esse conjunto muscular, prevenindo ou minimizando diferentes problemas que podem ocorrer durante a gravidez.

Todo o processo de gravidez é complexo e mexe com o corpo e a mente da mulher. Mas com a ajuda deste profissional e alguns outros recursos podemos tornar o parto um momento prazeroso, uma experiência marcante.

Como funciona a fisioterapia pélvica na gestação?

O tratamento inicia com a avaliação da gestante para identificar o tipo de assoalho pélvico – os músculos podem ter maior ou menor tensão, por exemplo –, proporcionando, assim, uma preparação mais adequada para cada paciente, personalizando o tratamento.

Os exercícios também variam de acordo com a idade gestacional. Embora a recomendação seja iniciar o tratamento e acompanhamento ainda no início da gravidez, geralmente iniciamos no segundo trimestre, quando há diminuição de risco de abortamentos espontâneos, bem como a disposição da gestante também está melhor, com menos enjoos e sonolência.

A fisioterapia pélvica tem como objetivo principal preparar o assoalho pélvico para o nascimento do bebê, assim como prevenir ou minimizar problemas comuns durante a gravidez, como incontinência urinária, dor lombar e aumento da pressão pélvica.

O início precoce contribui para fortalecer ainda mais a musculatura do local, uma vez que a pressão naturalmente aumenta à medida que a gravidez desenvolve e o bebê cresce.

Quando o fim da gravidez se aproxima, o foco do tratamento passa a ser o alongamento dos músculos, fenômeno comum quando ocorre o nascimento do bebê. Nessa etapa é trabalhada principalmente a massagem perineal.

Ao mesmo tempo, as gestantes são treinadas em posições de trabalho de parto e parto, manobras práticas para ajudar a aliviar o desconforto e melhores formas para empurrar o bebê. Assim, passam a ter mais entendimento e consciência sobre todo o processo e, consequentemente, maior controle sobre o corpo, trabalho de parto e parto. A mulher passa a ter mais consciência corporal.

Na área obstétrica, a fisioterapia pélvica na gestação pode proporcionar os seguintes benefícios:

  • Tornar a pelve mais adequada ao tamanho da cabeça do bebê, para que ele encaixe e desça mais facilmente;
  • Minimizar a possibilidade de ocorrer uma episiotomia, corte na região do períneo para facilitar a passagem do bebê, que torna a recuperação pós-parto mais difícil e longa;
  • Reduzir a chance da necessidade de qualquer tipo de intervenção;
  • Ajudar a reduzir as dores do trabalho de parto e parto ao tornar a musculatura mais funcional;
  • Ajudar a melhorar a postura e a circulação, diminuindo o inchaço;
  • Melhorar a respiração;
  • Ensinar a mulher a direcionar a força que ela deve fazer no parto.

Mulheres submetidas à fisioterapia pélvica na gestação também têm menos chances de desenvolver complicações nos músculos do assoalho pélvico no pós-parto.

Os músculos do assoalho pélvico são alongados, tensos e podem se romper durante o parto. Sem a reabilitação adequada, as novas mães podem desenvolver incontinência urinária, dor lombar, prolapso de órgãos pélvicos e dor durante a relação sexual (dispareunia), entre outras disfunções.

A fisioterapia pélvica na gestação contribui para prevenir ou minimizar as seguintes disfunções relacionadas à musculatura da região pélvica:

  • Incontinência urinária de esforço ou urgência (quando a mulher tosse, ri ou espirra, por exemplo);
  • Dor durante a relação sexual (dispareunia);
  • Vaginismo (espasmos e contrações involuntárias da vagina);
  • Prolapso de órgão pélvico (queda, ou prolapso dos órgãos pélvicos, causada por fraqueza ou lesão nos ligamentos, tecido conjuntivo e músculos da pelve);
  • Incontinência fecal;
  • Constipação;
  • Diástase abdominal;
  • Micção frequente;
  • Micção noturna;
  • Cistite (inflamação da bexiga);
  • Dor pélvica persistente.

Indicada para todas as futuras mães, a fisioterapia pélvica na gestação prepara a musculatura do assoalho pélvico e o corpo para que a mulher tenha uma melhor experiência no parto, com maior conforto, independentemente da forma de nascimento: natural, normal ou cesárea.

Ainda que todas as mulheres possam fazer o acompanhamento durante a gestação, ele é particularmente importante se ela for de alto risco, para as que sofrem com hipertensão, diabetes, estão em idade mais avançada ou quando a gravidez é gemelar.

Mulheres que não fizeram o acompanhamento durante a gravidez, ainda podem realizá-lo no pós-parto para minimizar e corrigir complicações e ajudar na retomada das atividades normais, incluindo a relação sexual e os exercícios físicos.

Embora a adoção da técnica na área obstétrica ainda seja recente, diferentes estudos atuais já comprovaram seus benefícios, incluindo menor tempo de trabalho de parto e melhor recuperação durante o puerpério.

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Sergos

Muito esclarecedor o seu artigo.

As pessoas, principalmente as mulheres, tem que se conscientizar da importância de fazer a fisioterapia pélvica na gestação e dos seus benefícios tanto durante, como depois da gravidez.

Isso tem que ser compartilhado!!

Parabéns pelo conteúdo…

Dra. Cristiane Pacheco

Agradeço muito seu comentário! Preparo o conteúdo com carinho e responsabilidade para levar conscientização e informação para mais mulheres 🥰❤️