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Preparo e reabilitação perineal

Por Dra. Cristiane Pacheco

O parto é um evento que transforma a vida da mulher, assim como o início da maternidade apresenta um conjunto de desafios físicos, emocionais e psicológicos. A fase pós-parto, por outro lado, pode impactar ainda mais esses aspectos se a nova mãe experimentar trauma do trato perineal ou genital como resultado do parto.

A dor ginecológica impõe limitações físicas, tornando o cuidado com o bebê ou mesmo ações como se sentar, andar e outras atividades da vida diária mais difíceis e dolorosas.

Um percentual alto de mulheres pode ter algum tipo de laceração perineal durante o nascimento, definidas e classificadas de acordo com as estruturas que foram rompidas ou lesionadas.

O preparo da região perineal pode iniciar ainda durante a gravidez, a partir do terceiro trimestre da gestação, ou até mesmo antes. No entanto, se mesmo assim ocorrerem rupturas ou lacerações, é possível fazer a reparação perineal, indicada, da mesma forma, para mulheres que não foram submetidas ao preparo na gestação.

Quais são os fatores de risco para as rupturas e lesões perineais?

As rupturas e lacerações perineais mais comuns no parto normal são as de primeiro e segundo graus. Os fatores de risco incluem parto com fórceps, peso do bebê acima de 4 kg, distócia de ombro, apresentação anormal do bebê, segundo estágio do trabalho de parto prolongado, duração da manobra de Valsalva no período expulsivo do parto e mães mais velhas.

Já as de terceiro e quarto grau não são tão comuns, mas estão associadas à episiotomia e a fatores de risco como posição de litotomia, extração instrumental e aumento de ocitocina para estimular as contrações mais efetivas.

As lacerações perineais, da mesma forma que provocam dor, causam o aumento do risco de infecção, dispareunia (dor durante as relações sexuais), incontinência urinária de esforço, incontinência fecal, flatulência anal, tecido cicatricial, aderências pélvicas, inchaço e hematomas do períneo e possível dano ao nervo pudendo, que controla os músculos bulboesponjoso (músculo superficial do períneo), isquiocavernoso (localizado abaixo da superfície do períneo), esfíncter da uretra e esfíncter externo do ânus.

Os relatos mais comuns incluem dificuldades em ficar sentada por muito tempo durante a amamentação, dor ao caminhar, dor ao mudar de posição e incapacidade de usar determinados tipos de roupas.

De acordo com a gravidade da ruptura, a sutura perineal pode ser necessária para promover a cicatrização e função normais do tecido. Após laceração e reparo, tecido cicatricial e aderências se formam no períneo e nos músculos do assoalho pélvico, como parte normal do processo. No entanto, tendem a afetar a força, flexibilidade e função musculares do assoalho pélvico, que podem ser restaurados com o trabalho da fisioterapia.

Modalidades terapêuticas do preparo e reabilitação perineal

Diferentes técnicas são utilizadas para ajudar as mulheres a evitarem complicações na região do períneo após o parto ou para a recuperação da região. Veja:

Preparo perineal

  • O preparo pode ser feito pela massagem perineal e o uso de um aparelho chamado epi-no, que ajuda no alongamento da musculatura;
  • Também são administrados exercícios para o fortalecimento na região perineal, independentemente de o parto ser normal ou por cesariana. Os exercícios ajudam no fortalecimento da musculatura perineal e a prevenir disfunções como a incontinência urinária no futuro.

Reparação perineal

  • São usadas diversas técnicas terapêuticas para recuperação da região: alongamento dos músculos do assoalho pélvico intravaginal e intraretal, massagem dos tecidos moles, mobilização de cicatrizes, liberação do ponto de gatilho, liberação miofascial e fortalecimento desses músculos;
  • Ultrassom e estimulação elétrica nervosa transcutânea são utilizadas para o tratamento de cicatrizes, dores perineais e musculares;
  • A terapia a laser de baixa potência também desempenha um papel importante na reparação de cicatrizes, lesões de tecidos moles, dor miofascial, pontos-gatilho e tendinite.

O objetivo do preparo e reabilitação perineal é criar condições físicas adequadas para que o parto não interfira nas atividades normais da mulher, ao mesmo tempo que contribuem para que a recuperação no pós-parto seja mais rápida, sem comprometer a saúde no futuro. O tempo de tratamento é definido de acordo com as necessidades de cada paciente.

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