Fissura durante a amamentação: o que fazer?
Amamentar é uma das experiências mais ricas e desafiadoras na vida de muitas mães. Esse momento íntimo entre mãe e filho é essencial para a saúde e desenvolvimento do recém-nascido. Afinal, o leite materno é o alimento mais completo para um bebê, sendo recomendada a amamentação exclusiva até os 6 meses de idade. A amamentação também traz benefícios para a mãe: ela queima calorias e pode auxiliar na contracepção.
Entretanto, apesar de ser um ato natural, a amamentação não é isenta de desafios e pode trazer consigo algumas complicações para a mãe, entre elas, as fissuras mamárias. Este texto busca esclarecer o que são fissuras mamárias, suas causas, como preveni-las e o que fazer caso apareçam. Ficou interessada? Acompanhe!
O que são fissuras mamárias?
No período da amamentação, podem ocorrer traumas na região das mamas, como:
- fissuras;
- erosões;
- escoriações;
- dilacerações.
Dentre eles, o mais comum é a fissura, um problema que causa bastante desconforto para as gestantes. Uma fissura geralmente tem a aparência de um corte ou de uma fenda, que pode ter pequenas ramificações.
É um local onde a camada superficial da pele se rompeu, deixando exposta a derme, uma camada da pele que apresenta diversas terminações nervosas. Por esse motivo, o quadro de fissura pode ser muito doloroso.
As fissuras podem ocorrer por diversos motivos. Os mais comuns são a pega e o posicionamento incorretos do bebê. Também é mais comum quando:
- os peitos estão mais cheios;
- a lactante tem o bico do peito invertido ou pseudoinvertido;
- a lactante coloca o dedo indicador sobre a aréola durante a mamada.
Caso a paciente utilize bombas para tirar leite, o uso incorreto do equipamento também pode causar fissuras. Em casos menos comuns, as fissuras podem ser causadas por infecções, como a monilíase.
Como prevenir as fissuras mamárias durante a amamentação?
A principal maneira de evitar fissuras é seguir as recomendações para a amamentação, como:
- esteja atento aos sinais de fome do bebê, como movimentos em direção das mãos em direção à boca, movimentos do corpo em direção às mamas, movimentos bucais ou sons de sucção. Amamente sempre que ele demonstrar fome, o que pode ser de 8 a 12 vezes em um período de 24 horas;
- evite esperar até o bebê chorar para alimentá-lo, pois isso indica muita fome. Com isso, os movimentos de sucção poderão ser mais vigorosos, predispondo às fissuras mamárias;
- permita que o bebê mame com calma, geralmente entre 10 e 20 minutos em cada mama.
Durante a amamentação, mantenha-se relaxada e apoie confortavelmente todas as partes do seu corpo. Afinal, além de a amamentação ser também um momento seu, isso facilita a produção e a liberação de leite. Verifique sempre seus pés, pernas, lombar, braços e pescoço estão bem apoiados. Descobrir uma posição confortável tanto para você quanto para o bebê envolve algumas experimentações. Você pode tentar:
- segurar a cabeça do bebê na dobra do cotovelo com o corpo virado para você;
- segurar o bebê como uma bola de futebol, apoiando sua cabeça e pescoço na mão;
- para amamentações noturnas, deitar é uma possibilidade. Use travesseiros para conforto e aproxime o bebê, levando o mamilo à boca dele.
Além do posicionamento, a pega também é muito importante. Uma boa pega pode ser garantida a partir da técnica da trava.
Técnica da trava
A técnica da trava é uma das melhores medidas para evitar o surgimento de fissuras. Isso facilita que ele tenha leite suficiente e que a língua dele não fique atritando com os mamilos. Os passos para da técnica da trava são simples e envolvem:
- posicionamento: posicione o bebê à sua frente, segurando-o firmemente com um dos braços. Com a mão que ficou livre, coloque o mamilo no lábio inferior do bebê para estimular o reflexo de abertura da boca;
- trava: Tente inserir o mamilo todo acima da língua do bebê. No final dessa etapa, todo o mamilo e grande parte da aréola devem permanecer dentro da boca. A trava é o momento em que os lábios superior e inferior do bebê ficam ao redor do mamilo;
- verificação: o bebê deve mamar em um ritmo suave e aparentar estar confortável. Caso contrário, é preciso corrigir. Para isso, passe seu mindinho suavemente entre as gengivas dele. Isso irá interromper a sucção. Remova cuidadosamente o mamilo da boca do bebê;
- reposicionamento: Reposicione o bebê e tente novamente a pega, garantindo que o mamilo e a aréola sejam inseridos corretamente.
Repita o processo algumas vezes, se necessário. É melhor garantir uma pega correta do que insistir na amamentação com uma pega inadequada. Isso facilita o surgimento das fissuras e dificulta que fissuras antigas se cicatrizem.
O que fazer se perceber as fissuras?
Em geral, não se recomenda a interrupção da amamentação devido às fissuras. Quando há dor muito intensa devido ao quadro, pode-se indicar a suspensão da amamentação na mama afetada.
Como o peito cheio de leite é um fator que contribui para a manutenção das fissuras, a extração do leite deve ser feita mesmo quando a amamentação estiver interrompida naquela mama. Além disso, seu ginecologista-obstetra orientará você sobre a pega e o posicionamento adequados, que são as medidas que explicamos durante a prevenção.
Em relação à lesão, é fundamental evitar a automedicação. Não utilize nenhuma receita caseira ou medicação (como pomadas) sem indicação médica. Isso pode piorar o quadro, visto que a região está bastante sensibilizada, além de poder causar problemas para o bebê. Em alguns casos, seu médico poderá indicar pomadas à base de lanolina, o que pode contribuir para a analgesia (controle da dor) e a cicatrização da lesão.
Portanto, a amamentação é uma jornada repleta de aprendizados e desafios. As fissuras mamárias são um dos obstáculos que algumas mães podem enfrentar. No entanto, com a orientação correta e os cuidados adequados, é possível superar esse desafio e continuar a proporcionar ao bebê todos os benefícios do leite materno. Ao sinal de qualquer desconforto ou anormalidade, é fundamental buscar orientação médica para garantir o bem-estar seu e do bebê.
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