Gestação de alto risco: quando considerar essa situação?
As gestações de alto risco são aquelas em que o médico identifica um ou mais fatores relacionados a uma maior chance de ocorrência de uma complicação. Com isso, é necessário mudar a rotina dos cuidados pré-natais para melhorar o prognóstico de saúde da mãe e do bebê.
Portanto, passar pelo pré-natal de alto risco não significa que algum evento negativo vai ocorrer. Significa que todas as precauções médicas humanizadas, individualizadas e baseadas em evidências serão tomadas para trazer mais segurança materna e fetal. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe este post!
O que é uma gestação de alto risco?
Uma gestação é considerada de alto risco quando ela apresenta fatores que aumentam as chances de alguma complicação para a mãe e/ou o bebê. Em alguns casos, o risco está relacionado a fatores biológicos relacionados a uma maior frequência de:
- Morte ou adoecimento materno devido à gravidez ou ao parto;
- Abortamentos;
- Partos prematuros;
- Malformação do feto;
- Óbito fetal antes, durante ou após o parto;
- Complicações no puerpério, como a depressão pós-parto.
No entanto, não são apenas os fatores físicos que aumentam o risco dessas complicações,
- Dificuldade para a aceitação;
- Violência psicológica ou física;
- Falta de suporte social adequado;
- Condições financeiras inadequadas;
- Dificuldade para compreender os cuidados necessários para uma gestação saudável.
Tudo isso pode exigir um acompanhamento mais próximo, intenso e frequente em comparação às gestações habituais. Portanto, recebem a classificação de gestação de “alto risco”.
Quais são os fatores que levam a uma gestação de alto risco?
Diversos fatores podem levar à necessidade de um acompanhamento pré-natal de alto risco. Em alguns casos, a presença de apenas um critério é suficiente para demandar esse cuidado. Em outros, a classificação é devido à associação de dois ou mais fatores.
De qualquer modo, é muito importante que você entenda que a decisão é sempre individualizada para cada mulher e para cada gestação.
Idade materna
Há maior risco de complicações gestacionais nos dois extremos da vida reprodutiva de uma mulher. A gravidez precoce (antes dos 17 anos de idade) traz mais riscos devido à imaturidade do corpo, especialmente do sistema reprodutor feminino.
Por sua vez, após 35 anos de idade, a produção de hormônios sexuais da mulher está reduzida, o que impacta na receptividade do endométrio, por exemplo. Além disso, o envelhecimento dos gametas aumenta o risco de os óvulos apresentarem algum defeito genético. Então, há uma maior chance de ocorrerem abortamentos e malformações congênitas.
Fatores sociais e pessoais
Há também algumas características que estão ligadas a um maior risco para a mulher e a gestação, como:
- “Altura menor que 1,45 m;
- Peso pré-gestacional menor que 45 kg e maior que 75 kg (IMC30);
- Anormalidades estruturais nos órgãos reprodutivos;
- Situação conjugal insegura;
- Conflitos familiares;
- Baixa escolaridade;
- Dependência de drogas lícitas ou ilícitas;
- Hábitos de vida – fumo e álcool;
- Exposição a riscos ocupacionais, como esforço físico, carga horária, rotatividade de horário, exposição a agentes físicos, químicos e biológicos nocivos, estresse”.
Condições médicas pré-existentes
Algumas condições médicas presentes antes da gravidez impactam o prognóstico de uma gestação saudável. As principais são:
- Hipertensão arterial sistêmica;
- Doenças pulmonares (pneumopatias), renais (nefropatias) e cardíacas (cardiopatias) que reduzem a capacidade funcional desses órgãos;
- Diabetes mellitus;
- Doenças autoimunes, como o lúpus eritematoso sistêmico;
- Infecções sexualmente transmissíveis, entre outras;
- Doenças hematológicas;
- Epilepsia;
- Neoplasias malignas;
- Exposição indevida, acidental, ambiental ou ocupacional a fatores teratogênicos, isto é, com capacidade de prejudicar a formação do bebê.
Histórico gestacional
Eventos que ocorreram em gestações prévias também podem ser um sinal de alerta para um cuidado mais próximo com a gestante. Alguns exemplos são a história de:
- Abortamento de repetição;
- Morte perinatal explicada e inexplicada;
- Malformações congênitas;
- Parto prematuro;
- Depressão pós-parto;
- Pré-eclâmpsia ou eclâmpsia;
- Diabetes gestacional;
- Cirurgia uterina anterior, incluindo duas ou mais cesáreas;
- Síndrome hemorrágica ou hipertensiva;
- Ausência de gestações anteriores (nuliparidade) ou de muitas gestações prévias (grande multiparidade);
- Intervalo entre gestações menor que dois anos ou maior que cinco anos;
- Esterilidade ou infertilidade.
Condições médicas que surgem durante a gestação
Mulheres previamente saudáveis podem apresentar algumas complicações ligados ao contexto gestacional. Como vimos, as gestações provocam mudanças significativas no corpo, o que pode levar a um maior risco de comprometimento da saúde.
Algumas doenças gestacionais que podem levar ao pré-natal de alto risco são:
- Pré-eclâmpsia, cuja manifestação mais frequente é o aumento da pressão arterial associado à presença de proteína na urina. Contudo pode ser diagnosticada a partir de outros critérios;
- Eclâmpsia, que á a ocorrência de convulsões ou coma em pacientes diagnosticadas previamente com algum quadro hipertensivo (inclusive a pré-eclâmpsia);
- Diabetes gestacional, que é o aumento dos níveis de glicose (um tipo de açúcar no sangue) durante a gravidez.
Outros problemas relacionados à gravidez são:
- Ganho inadequado de peso da gestante;
- Trabalho de parto prematuro, que inicia antes da 37ª semana de gravidez;
- Gravidez múltipla (mais de 1 bebê);
- Doenças infeciosas durante a gestação atual, como infecções urinárias, doenças do trato respiratório, rubéola e toxoplasmose;
- Desvio do crescimento uterino (como fetos pequenos ou grandes para a idade gestacional), número de fetos (gestação múltipla) e volume de líquido amniótico (oligodrâmnio ou polidrâmnio);
- Rompimento prematuro da bolsa;
- Hemorragias gestacionais;
- Insuficiência istmocervical;
- Aloimunização;
- Óbito fetal.
Portanto, a classificação de uma gestação de alto risco não é uma “profecia” de que a evolução acontecerá de forma negativa. Pelo contrário, em muitos casos, ela significa que alguns cuidados médicos poderão reduzir as chances de uma complicação mais grave e proporcionar um nascimento saudável para a mãe e o bebê.
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