Gestação e idade: riscos e cuidados
Gestação e idade: atualmente, passamos por uma transformação cultural em relação à fertilidade das mulheres. Elas progressivamente estão escolhendo gestar em idades cada vez mais avançadas. Há algumas décadas, a situação era oposta: a gravidez precoce, na adolescência, era muito comum.
Ambos os casos, porém, estão relacionados a riscos aumentados de desenvolvimento de complicações antes e após as gestações. Quer entender melhor o tema? Acompanhe o nosso post!
Qual a relação entre gestação e idade?
No Manual da Gestação de Alto Risco, o Ministério da Saúde aponta que, potencialmente, há um risco aumento de complicações nas seguintes faixas etárias:
- mulheres com menos de 17 anos; ou
- mais de 35 anos de idade.
No entanto, a relação não é de causa e consequência direta. Na verdade, a maioria das mulheres com gestações nesses extremos de idade são capazes de gerar nascimentos vivos e saudáveis. Portanto, a idade apenas não é um motivo para a classificação de uma gestação de alto risco.
Gestação e idade: riscos e cuidados associados a gestações tardias, depois dos 35 anos
A fertilidade da mulher começa declinar a partir da terceira década de vida. A partir desse corte de idade, existe um aumento progressivo do risco de complicações gestacionais.
Contudo os estudos mostram que mesmo mulher com mais de 45 a 50 anos apresentam gestações geralmente saudáveis. Por isso, sempre quando falamos em risco gestacional e idade materna avançada, é preciso ter bastante cautela. Não existe uma relação causa e consequência.
A gestações em mulheres após os 35 estão sim associadas a riscos aumentado de complicações da gravidez, como:
- Nas fases iniciais da gestação —aborto espontâneo, gravidez ectópica e anomalias cromossômicas fetais;
- No desenvolvimento das gestações Anomalias congênitas, diabetes gestacional, placenta prévia e pré-eclâmpsia;
- No parto, pode haver uma maior chance de evolução para partos cesarianos e partos prematuros;
- Após o nascimento, pode haver também um leve aumento de risco de mortalidade perinatal.
Contudo alguns desses riscos estão mais ligados às doenças cuja frequência aumenta a partir dessa idade, como a hipertensão arterial e a diabetes mellitus tipos 2. Outros, porém, estão diretamente relacionados à idade, como uma maior chance de bebês com anomalias cromossômicas. Isso ocorre principalmente devido ao envelhecimento dos óvulos.
Mesmo assim, é muito importante que elas melhorem suas condições de saúde com medidas, como:
- Controle de doenças crônicas que impactam na gestação, como a hipertensão arterial (pressão alta) e a diabetes;
- Tratamento de infecções no aparelho geniturinário;
- Imunização;
- Redução do índice de massa corporal (IMC) caso estejam com obesidade;
- Cessação de maus hábitos, tais quais o uso de drogas, o tabagismo e o alcoolismo.
Todas essas medidas podem ser orientadas em uma consulta preconcepcional com um ginecologista. Nesse momento, o profissional vai explicar todas as medidas que poderão impactar na sua gestação.
Gestação e idade: riscos e cuidados associados a gestações precoces, antes dos 17 anos
A gestação antes dos 17 anos é conhecida popularmente como gravidez na adolescência. Isso traz riscos muito complexos, pois extrapolam as questões orgânicas apenas. Uma das grandes questões nas gestações precoces é a saúde mental, por exemplo. As adolescentes apresentam um risco aumentado de desenvolver depressão pós-parto.
Há também questões que vão além dos riscos físicos. As adolescentes com filhos têm menor chance de concluir o ensino médio, por exemplo. Alguns estudos apontam que elas podem ser mais vulneráveis à violência por um parceiro.
Os estudos americanos mostram que 15% das gestações diagnosticadas em adolescentes evoluem para abortamentos espontâneos. Além disso, as adolescentes são mais propensas a tentar uma interrupção provocada da gravidez. Assim, podem sofrer lesões graves, intoxicar-se com substâncias ou, em um ponto extremo, suicidarem-se.
As crianças de mães mais novas também parecem ser afetadas, tendo:
- Maior risco de desenvolvimento de transtornos cognitivos;
- Maior chance de apresentar problemas escolares;
- Maior risco de negligência.
Além disso, filhas de gestações precoces apresentam uma maior probabilidade de terem também uma gravidez na adolescência.
O acompanhamento da gestação por um médico pode ajudar a prevenir esses problemas. Afinal, o papel do profissional pode ir muito além de tratar as condições físicas. Está também em acolher a adolescente — sem julgamentos —, abordar todas as questões da gravidez nessa faixa etária e educar para evitar a efetivação dos riscos encontrados.
A idade, por si só, não é um fator que leva a uma gestação de alto risco. No entanto, para identificar ameaças precocemente, é essencial que o pré-natal seja adequado, com consultas periódicas, e que haja um acolhimento completo e empático da mulher com um gravidez em extremos de idade.
Se possível, o processo de aconselhamento da gestação deve ocorrer antes mesmo da fecundação. As consultas pré-concepcionais e de planejamento familiar são um instrumento que a ginecologia e a obstetrícia têm para melhorar o prognóstico da fertilidade da mulher e do desenvolvimento de uma gestação. Lá, ela terá um espaço dela para tirar as dúvidas (inclusive sobre gestação e idade), conversar sobre suas emoções e compreender seu estado de saúde.
Quer mais sobre as gestações de alto risco? Então, confira nosso artigo sobre o assunto!