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Consulta pré-concepcional

Por Dra. Cristiane Pacheco

Pensar e planejar a gravidez é um dos passos mais importantes quando há a intenção de tornar-se mãe. Entre as ações necessárias para garantir uma gravidez saudável para você e para o bebê está passar por uma consulta preconcepção.

O termo é utilizado para definir a consulta feita ao ginecologista-obstetra pelo menos três meses antes de iniciar as tentativas de engravidar. O objetivo é evitar possíveis complicações que podem ocorrer durante o período gestacional, abordar a sua saúde atual, histórico obstétrico, uso de medicamentos, riscos sociais que podem afetar a fertilidade ou a obtenção da gravidez.

Muitas vezes as mulheres não entendem a importância dessa consulta, mas todo cuidado para melhorar a experiência da gravidez, incluindo o parto, é importante. O conhecimento pode ser a diferença entre ter uma boa gestação e ter uma gestação mais difícil.

O que acontece na consulta pré-concepcional?

Uma consulta pré-concepcional é o momento perfeito para esclarecer todas as dúvidas. Além disso, o médico vai orientar sobre diversas ações importantes, como dieta mais adequada, vitaminas, pré-natal, controle adequado dos períodos menstruais, frequência para realizar os testes de gravidez ou mesmo os exercícios que podem ajudar na preparação para o período gestacional e pós-parto, da mesma forma que solicita os exames necessários para confirmar a capacidade reprodutiva.

Entre os principais temas geralmente abordados estão:

  • Histórico reprodutivo:inclui qualquer gravidez anterior, de alto risco ou não, abortos espontâneos, doenças que afetam os órgãos reprodutores, como miomas uterinos, pólipos endometriais e endometriose, resultados de exames de papanicolaou anteriores, histórico pregresso ou atual de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) ou processos inflamatórios que afetam os órgãos reprodutores;
  • Histórico médico:qualquer problema de saúde atual que possa representar risco para a gravidez e que deve, nesse caso, ser controlado antes para não colocar em risco a sua saúde ou a do bebê. Exemplos incluem hipertensão (pressão alta), diabetes, distúrbios da tireoide ou transtornos emocionais;
  • Histórico cirúrgico: cirurgias realizadas anteriormente, particularmente as ginecológicas, entre elas remoção de miomas, pólipos endometriais, endometriose, sinequias uterinas, além de processos de curetagem e cesarianas: um histórico de cirurgias ginecológicas anteriores pode influenciar na abordagem clínica durante o período gestacional;
  • Uso de medicamentos:o médico precisa ser informado sobre o uso de qualquer tipo de medicamento, atual ou anterior, incluindo os fitoterápicos, além de suplementos;
  • Histórico de saúde familiar:também é importante informar a presença de doenças genéticas ou condições médicas que possam ocorrer em familiares próximos, como diabetes, hipertensão, trombofilia ou trombose;
  • Ambiente doméstico e de trabalho:possíveis perigos que podem afetar a capacidade de engravidar ou manter uma gravidez saudável, como exposição a fezes de gato, raio-X ou a elementos como chumbo e solventes;
  • Peso corporal: é importante atingir o peso corporal ideal antes de engravidar. Sobrepeso ou baixo peso podem causar complicações durante a gravidez e comprometer a sua saúde e a do bebê;
  • Estilo de vida:é importante informar sobre hábitos que possam influenciar a gravidez, como alcoolismo, tabagismo ou uso de drogas recreativas;
  • Prática de exercícios: ao mesmo tempo que é necessário informar os tipos de exercícios praticados atualmente ou se há sedentarismo, o médico também irá orientar sobre os mais adequados para o período gestacional e pós-parto;
  • Alimentação:o médico pode perguntar sobre seus hábitos alimentares atuais, da mesma forma que orienta sobre a dieta mais adequada durante o período gestacional e pós-parto, o que inclui nutrientes importantes para a saúde materna e do bebê;
  • Vitaminas: a adição de suplementos como o ácido fólico é fundamental para formar células saudáveis, especialmente glóbulos vermelhos, evitando que o bebê desenvolva condições como defeitos no tubo neural, que podem causar lesões no sistema nervoso, dificuldades de aprendizagem, de desenvolvimento, paralisia dos membros inferiores ou mesmo morte.

Na consulta pré-concepcional, além da realização do papanicolaou de rotina, poderão ser solicitados ainda alguns exames para analisar a fertilidade, incluindo:

  • Avaliação da reserva ovariana;
  • Rastreio para infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e para o HIV, sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana, causador da aids;
  • Avaliação dos níveis dos hormônios envolvidos no processo reprodutivo;
  • Tipagem sanguínea;
  • Imunidade à rubéola, sarampo e varicela;
  • Imunidade à hepatite B;
  • Toxoplasmose;
  • Urina;
  • Rastreio de doenças genéticas, quando há histórico familiar.

O médico orienta, ainda, sobre a importância de atualizar algumas vacinas, pelo menos um mês antes de engravidar, como a tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), varicela e hepatite B.

Para quais mulheres a consulta pré-concepcional é indicada?

A consulta pré-concepcional é importante para qualquer mulher que esteja planejando engravidar, mas é ainda mais importante quando é o primeiro filho e se houver problemas de saúde, como hipertensão, diabetes ou dificuldades de coagulação sanguínea. A saúde do parceiro também pode ser avaliada.

Estar preparada e com a saúde equilibrada desde o início da gravidez aumenta bastante as chances de não ocorrerem complicações durante o período e no puerpério. Estudos demostram que os cuidados preconcepção contribuem para engravidar e reduzem riscos de aborto espontâneo ou defeitos congênitos (de nascimento) no bebê.

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