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Depressão pós-parto

Por Dra. Cristiane Pacheco

Diferentes emoções geralmente são desencadeadas durante a gravidez e após o nascimento do bebê, no puerpério ou pós-parto. A maioria das mães, por exemplo, vivencia o baby blues nesse período, uma instabilidade emocional caracterizada principalmente por alterações de humor, tristeza e crises de choro.

O baby blues, entretanto, é passageiro e dura no máximo 30 dias. Por outro lado, quando essas emoções se tornam mais intensas, com duração superior a 45 dias, pode ser sinal de depressão pós-parto.

A depressão pós-parto não é tão comum, mas é um transtorno emocional que necessita de tratamento para que a mãe consiga adaptar-se à nova rotina, sem negligenciar os cuidados com o bebê ou afetar o relacionamento com o parceiro e família.

O baby blues é mais comum que a depressão pós-parto.

Além da depressão pós-parto, outros transtornos emocionais também podem se desenvolver após o nascimento. Entre eles a psicose pós-parto, de maior gravidade, que, embora rara, pode colocar em risco a vida da mãe ou do seu bebê.

É importante ficar atenta aos sintomas. Diagnóstico e tratamento precoces são importantes para um rápido controle dessa condição, garantindo, assim, que não exista interferências nos cuidados com o bebê, no vínculo mãe-filho ou na vida familiar.

Quais são os sintomas de depressão pós-parto?

A depressão pós-parto pode ser confundida com o baby blues no início, mas os sintomas são mais intensos e duradouros, assim como geralmente interferem na capacidade da mãe de cuidar do bebê e realizar outras tarefas diárias.

Os sintomas geralmente surgem nas primeiras semanas após o parto, porém podem começar mais cedo, durante a gravidez, ou mais tarde, até um ano após o nascimento.

Os sintomas de depressão pós-parto incluem:

  • Humor deprimido ou alterações graves;
  • Choro excessivo;
  • Dificuldades em cuidar e se relacionar com o bebê;
  • Afastamento do parceiro, de amigos e familiares;
  • Alterações nos hábitos alimentares;
  • Dificuldades para dormir;
  • Fadiga e perda de energia;
  • Perda de interesse em atividades antes prazerosas;
  • Irritabilidade e raiva intensas;
  • Insegurança diante da maternidade;
  • Falta de esperança;
  • Sentimentos como inutilidade, vergonha, culpa ou inadequação;
  • Dificuldades de concentração;
  • Dificuldades em tomar decisões;
  • Falta de clareza;
  • Inquietação;
  • Ansiedade mais severa e ataques de pânico;
  • Pensamentos autodestrutivos ou de prejudicar o bebê;
  • Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio.

Os sinais de psicose pós-parto, por outro lado, são mais específicos e de maior gravidade, podem levar a pensamentos e comportamentos potencialmente perigosos e indicam a necessidade de procurar auxílio médico com urgência:

  • Confusão e desorientação psicológica;
  • Pensamentos obsessivos sobre o bebê;
  • Alucinações e delírios;
  • Distúrbios do sono;
  • Agitação;
  • Paranoia;
  • Pensamentos suicidas ou de prejudicar o bebê.

Ainda que a depressão pós-parto seja mais comum à mãe, como consequência das alterações hormonais comuns à gravidez e ao puerpério, o pai também pode desenvolver o transtorno, motivado por sentimentos como sensação de sobrecarga, ansiedade ou mesmo pelas mudanças na rotina.

Os pais jovens, com histórico de depressão, problemas de relacionamento ou dificuldades financeiras podem apresentar um risco maior. A depressão pós-parto paterna pode, da mesma forma, interferir no relacionamento com a parceira ou no desenvolvimento afetivo do bebê.

Quais são as causas de depressão pós-parto?

A depressão pós-parto resulta de alterações físicas e emocionais. A queda dos níveis hormonais após o nascimento do bebê, a privação de sono, comum aos primeiros dias, sentimentos como o de incapacidade de cuidar do bebê, de provocar menor atração física e sensação de perda de controle da vida são alguns exemplos.

Apesar de a depressão pós-parto não ser motivada por uma única causa, alguns fatores podem contribuir para o surgimento dos sintomas:

  • Histórico de depressão, durante a gravidez ou em outros momentos;
  • Mulheres portadoras de transtorno bipolar;
  • Mulheres que tiveram depressão pós-parto em uma gravidez anterior;
  • Mulheres com histórico pessoal ou familiar de depressão ou de outros transtornos de humor;
  • Eventos estressantes durante a gravidez;
  • Se o bebê tem problemas de saúde ou outras necessidades especiais;
  • Gravidez de múltiplos;
  • Dificuldades para amamentar;
  • Problemas de relacionamento com o parceiro;
  • Falta de apoio;
  • Quando a gravidez não é planejada ou desejada;
  • Problemas financeiros.

Em quais complicações a depressão pós-parto pode resultar?

Se não for adequadamente tratada, a depressão pós-parto pode interferir no vínculo mãe-filho e causar problemas familiares. Além disso, pode resultar nas seguintes complicações para as mães e para os filhos:

  • Para as mães:pode durar meses ou mais e transformar-se em um transtorno depressivo crônico. Mesmo quando tratada, a depressão pós-parto pode aumentar o risco de a mulher manifestar episódios graves de depressão no futuro;
  • Para os filhos: filhos de mães com depressão pós-parto não tratada podem ter maior probabilidade de ter problemas emocionais e comportamentais, como dificuldades para dormir, comer, choro excessivo e atrasos no desenvolvimento da linguagem.

A depressão pós-parto da mulher pode, ainda, ter um efeito cascata, causando tensão emocional em todos os que estão próximos ao bebê, aumentando, assim, as chances de o pai também desenvolver o transtorno.

É possível prevenir a depressão pós-parto?

Recomendamos que mulheres com histórico de depressão – particularmente depressão pós-parto – informem ao seu médico seus planos de engravidar ou agendem uma consulta no momento que constatarem a gravidez. Durante o período gestacional, podemos monitorar o surgimento de possíveis sintomas, recomendando o tratamento mais adequado.

Na medicina, qualquer condição que seja identificada precocemente tem mais chance de ser tratada. Por isso, não hesite em procurar auxílio médico e relatar o que tem sentido, principalmente no contexto de uma gestação, em que existe uma maior sensibilidade física, emocional e psicológica.

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