Incompetência istmocervical: o que é? Pode afetar a gestação?
O colo uterino é a estrutura que contém o canal que liga o útero à vagina, sendo fundamental para a manutenção das gestações à medida que elas evoluem. Sua parede é formada por músculo liso e tecido conjuntivo, que dão ao colo a capacidade de se contrair e se dilatar.
Nas fases iniciais da gestação, o colo está rígido e fortemente contraído para evitar a saída do feto. No segundo trimestre, ele tem um formato de tubo com mais de 3 centímetros e está minimamente dilatado. À medida que o parto se aproxima, no terceiro trimestre, ele passa por mudanças, tornando-se mole e curto, além de se dilatar.
A incompetência istmocervical é uma condição na qual o colo uterino tem dificuldade de manter a gestação no segundo trimestre devido a fatores estruturais. Em outras palavras, as suas fibras do tecido conjuntivo e de músculo liso estão mais fracas.
Assim, ele não consegue manter o colo do útero fechado durante a gravidez, permitindo que o canal se abra precocemente na gestação. Isso pode causar complicações, como o parto prematuro e o aborto espontâneo tardio.
Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe nosso post!
O que é incompetência istmocervical?
Tecnicamente, a incompetência istmocervical é “a incapacidade do colo uterino de reter uma gravidez no segundo trimestre na ausência de contrações clínicas, trabalho de parto ou ambos”. Em outras palavras, a condição é diagnosticada quando seu obstetra identifica:
- dilatação cervical ou colo curto ainda no segundo trimestre de gestação;
- essas alterações não são acompanhadas de sinais ou sintomas de parto (como contrações uterinas em padrão de parto);
- ausência de sintomas de infecções e outras condições não estruturais.
Quando a insuficiência cervical se manifesta, os sintomas mais comuns são um desconforto pélvico leve ou o spotting, presença de pequenas manchas de sangue nas roupas íntimas.
Outros sintomas menos comuns são:
- sensação de pressão na região da pelve;
- cólicas abdominais leves;
- alteração nas características e no volume do corrimento vaginal.
Esses sintomas, no entanto, são incomuns. Além disso, estão presentes em diversas outras condições obstétricas. Por esse motivo, o diagnóstico é comumente feito nas ultrassonografias periódicas e nas consultas clínicas de pré-natal — em que o ginecologista realiza um exame físico completo.
Fatores de risco
Em relação aos fatores de risco, é sempre importante lembrar que a existência de um deles não significa que você terá a condição. Na verdade, a maioria das mulheres com fatores de risco não desenvolvem a incompetência istmocervical.
O trauma cervical, por lesionar o tecido conjuntivo, pode aumentar as chances de insuficiência. Ele pode ocorrer em alguns procedimentos invasivos, como:
- biópsia em cone;
- qualquer procedimento que requeira dilatação cervical mecânica, como a curetagem;
- histeroscopia cirúrgica.
Eles podem enfraquecer o tecido conjuntivo cervical e prejudicar a funcionalidade do órgão. Outros fatores estão relacionados ao histórico gestacional, como:
- parto prematuro anterior, que pode ter ocorrido devido a uma incompetência istmocervical não identificada;
- ruptura prematura de membranas anterior a 32 semanas de gestação;
- gravidez anterior com medida do comprimento cervical menor do que 25 mm antes de 27 semanas de gestação;
- perdas recorrentes de gravidez no segundo trimestre.
Alguns estudos ainda identificaram alguns fatores congênitos, como:
- anomalias müllerianas;
- deficiências cervicais de colágeno e elastina, como a síndrome de Ehlers-Danlos.
No entanto, a incompetência istmocervical pode acontecer em mulheres sem nenhum fator de risco conhecido.
Por que e quando a insuficiência cervical é avaliada?
A avaliação da incompetência istmocervical é importante, pois essa condição é um fator de risco para parto prematuro. O diagnóstico pode ser feito com critérios clínicos (história prévia e sintomas atuais), que podem ser associados à realização de uma ultrassonografia transvaginal. Seu médico estará atento a duas informações principais:
- história de dilatação precoce do colo uterino no segundo trimestre em uma gestação prévia;
- histórico de trabalho de parto prematuro ou abortamento no segundo semestre de gestação.
No exame físico, o seu médico poderá realizar o toque vaginal para estimar a espessura cervical e o tamanho de uma eventual dilatação. O exame especular também é fundamental, pois permite a inspeção visual para verificar se há abertura do colo. Seu médico pode ainda fazer manobras para estimular a abertura do colo e identificar sinais precoces da condição.
Além disso, a investigação complementar da incompetência istmocervical é feita com a medição do colo nas ultrassonografias de segundo trimestre, que podem trazer as seguintes alterações:
- em gestações com apenas um feto (única) — comprimento cervical menor do que 2,5 centímetros (25 milímetros) antes das 24 semanas de idade gestacional;
- em gestações múltiplas (mais de um feto) — dilação maior do que 1,0 centímetro antes das 24 semanas.
Além disso, as alterações ultrassonográficas devem estar associadas à história de perda gestacional entre 14 e 36 semanas em uma gravidez anterior. Portanto, apenas uma ultrassonografia alterada não é suficiente para o diagnóstico. A avaliação clínica é fundamental.
O tratamento para a incompetência istmocervical depende da avaliação de diversos fatores individuais. Em alguns casos, apenas fazemos um acompanhamento mais próximo da gestante. Em outros, podemos indicar intervenções, como a aplicação de progesterona vaginal e a cerclagem (um procedimento pouco invasivo).
Quer saber mais sobre o pré-natal e quais são os exames realizados em cada fase? Confira nosso artigo sobre o tema!