Incontinência urinária durante a gestação: saiba se é normal e o que fazer
A incontinência urinária é a perda involuntária de urina. Pessoas com essa condição têm dificuldade em controlar a bexiga e/ou vontade intensa de ir ao banheiro. Por exemplo, você pode ter perdas de urina entre as idas ao banheiro, sentir urgência em ir ao banheiro com frequência e ter uma sensação desesperada de precisar ir o tempo todo.
Isso pode resultar de vários motivos, como a gravidez, complicações do parto ou simplesmente o passar dos anos. Hoje, vamos focar na incontinência urinária durante a gestação e explicar um pouco o que acontece no pós-parto. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe!
É normal incontinência urinária durante a gestação? O que acontece?
Sim! A incontinência urinária é um dos sintomas mais comuns ao longo de toda a gestação, podendo acometer entre 30% e 46% das grávidas. Ela pode se iniciar logo no primeiro e segundo trimestre, pois a gestação altera os níveis de alguns hormônios que controlam a quantidade de urina que o rim produz.
No entanto, ela é muito mais comum no terceiro semestre, podendo ser relatada por até 65% das mulheres. Isso se deve principalmente ao aumento do peso do feto e do volume uterino. Isso leva a uma maior pressão sobre a bexiga, órgão que armazena a urina, diminuindo o controle voluntário que você tem sobre ela.
O tipo mais comum nessa fase da gestação é a incontinência urinária de estresse, que é caracterizada pelo escape de urina durante atividades que aumentam a pressão abdominal. Isso faz com que o útero comprima a bexiga, levando à liberação de um pequeno volume desse líquido.
Os estudos mostram que esse tipo de incontinência pode acometer cerca de 37% das mulheres nas últimas semanas de gestação. Em casos leves, acontece apenas quando a paciente faz um esforço mais intenso, como subir uma escada.
Em outros casos, ocorre com ações simples, como tossir, espirrar ou dar uma gargalhada. Isso pode trazer constrangimento para a paciente, mas é importante entender que é uma manifestação comum da gestação. Não significa a existência de nenhuma anormalidade.
A incontinência de urgência é outro tipo de incontinência bem comum em gestantes no terceiro trimestre, sendo caracterizada por episódios de vontade urgente de ir ao banheiro. Muitas vezes, a perda de urina ocorre antes de chegar ao vaso sanitário. Isso acontece devido ao menor espaço disponível para a bexiga expandir à medida que chega mais urina. Quando ela atinge a sua capacidade atual, ela envia um sinal para o cérebro, provocando a vontade de urinar.
Outras manifestações urinárias da gestação
Na gestação outras manifestações urinárias, semelhantes à incontinência, podem ocorrer. Entre as mais comuns, estão:
- a noctúria, que é a vontade de urinar durante a noite, mesmo depois de já ter ido para cama. Cerca de 66% das gestantes experimentam esse sintoma no terceiro trimestre;
- o aumento da frequência urinária, que acomete aproximadamente 59% a 81% das pacientes.
Essas duas condições também estão relacionadas ao aumento do útero, que reduz o espaço disponível na bexiga, e à pressão do feto sobre esse órgão.
Fatores de risco
Há alguns fatores que podem estar relacionados com um maior risco de incontinência urinária nas gestações, como:
- idade materna maior do que 35 anos;
- índice de massa corporal elevado;
- história familiar de incontinência urinária.
O que pode ser feito para minimizar a incontinência urinária durante a gestação?
O tratamento da incontinência urinária durante a gestação se concentra no fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico por meio da fisioterapia pélvica. Nela, são feitos exercícios que envolvem contrair e relaxar os músculos da região para fortalecê-los e devem ser feitos de forma supervisionada, sob orientação de um médico ou fisioterapeuta experiente no acompanhamento de gestantes.
Uma vantagem importante desses benefícios é a possibilidade de realizá-los preventivamente. Em outras palavras, se você tiver risco de desenvolver incontinência urinária durante a gestação, poderá realizar o fortalecimento do assoalho pélvico antes mesmo dos sintomas começarem. Os seus benefícios podem se estender até 12 meses após o parto, reduzindo também a incontinência no pós-parto.
Durante as gestações, as medicações para incontinência urinária são geralmente contraindicadas. No entanto, em casos graves, essa e outras intervenções podem ser avaliadas individualmente por seu médico.
A incontinência urinária no pós-parto
A incontinência urinária pode se manter no pós-parto devido a lesões nos músculos do assoalho pélvico e outras causas. Por esse motivo, a paciente deve manter os exercícios de fisioterapia pélvica desde o puerpério até um ano de gravidez.
Também é importante desfazer alguns mitos sobre a incontinência urinária após o parto. Apesar de ser mais comum nos partos normais, a condição também pode ocorrer em cesarianas. Há uma crença de que a cesariana elimina o risco de incontinência urinária, mas isso é um mito.
Além disso, há também uma noção de que as cesarianas devem ser indicadas para reduzir o risco de incontinência urinária crônica em pacientes predispostas. Contudo, as evidências científicas atuais não mostram um benefício claro de fazer uma cesariana nesse caso.
Portanto, no pré-natal e no parto humanizado, acolhemos todas as queixas da gestante para que ela tenha a melhor experiência possível com a gravidez. Isso inclui cuidar de condições incômodas, como a incontinência urinária durante a gestação. Nós a trataremos com os tratamentos mais eficazes (baseados em estudos científicos sérios) e evitaremos realizar procedimentos desnecessários, os quais podem trazer mais complicações do que benefícios.
Quer saber mais sobre a fisioterapia pélvica durante a gestação? Confira nosso artigo sobre o tema!