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O que é baby blues? É depressão?

Por Dra. Cristiane Pacheco

A gravidez é um fenômeno bastante complexo, que traz diversas modificações no organismo e na mente das mulheres. Após o parto, surgem diversos desafios. Por exemplo, o corpo precisa se readaptar ao seu funcionamento normal. Associado a isso, a gestante. Além disso, ela precisa se ajustar à rotina de cuidados com o bebê e à nova dinâmica familiar. Assim, algumas mulheres podem passar por uma condição chamada baby blues, ou disforia puerperal.

O baby blues é caracterizado como um período de instabilidade emocional nas primeiras semanas após o nascimento do bebê. Com ele aparecem sintomas, como a sensação de melancolia, a fadiga e a preocupação excessiva. Essas manifestações duram, no máximo, 6 semanas e, depois disso, tendem a regredir. Caso persistam, a paciente recebe um outro diagnóstico, a depressão pós-parto.

Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe!

O que é baby blues?

O baby blues é uma condição muito prevalente entre as puérperas. Entre 70% e 80% delas apresentam alguma alteração no humor, relatam choro fácil ou sentimentos negativos, como culpa, medo e preocupação. Além disso, os seguintes sintomas também podem fazer parte do quadro:

  • Labilidade emocional, isto é, mudança frequentes de humor;
  • Tristeza;
  • Irritabilidade;
  • Ansiedade;
  • Dificuldades para se concentrar;
  • Dificuldades para dormir.

Essas manifestações geralmente aparecem logo no primeiro mês (usualmente logo na primeira semana) de pós-parto e duram entre 14 e 30 dias. Portanto, trata-se de um transtorno passageiro, que é desencadeado pelas diversas mudanças no corpo, na mente e na rotina da mulher após o fim da gestação. A persistência por mais tempo deve ser avaliada por um médico, pois pode significar outras condições psíquicas.

Esse é um assunto muito importante de ser abordado nas consultas realizadas no puerpério. Assim, seu médico poderá esclarecer suas dúvidas e explicar quais sintomas são esperados e quais merecem uma atenção maior. Afinal, muitas pacientes se sentem culpadas por sentirem emoções negativas nesse momento ou ficam com medo de estarem deprimidas.

Causas da disforia puerperal

Ainda não se sabe qual é a causa exata do baby blues. Na verdade, é muito provável que se trate de uma condição multifatorial que envolve:

  • Mudanças hormonais que ocorrem durante a gestação e no puerpério, o que impacta nos neurônios do cérebro. Com isso, pode ocorrer um desequilíbrio dos neurotransmissores responsáveis pelo humor positivo e pela motivação. Por isso, o quadro tende a melhorar à medida que o organismo se adaptar novamente ao seu funcionamento habitual fora da gravidez;
  • Além disso, o nascimento do bebê traz mudanças muito intensas para a rotina das mães. Por exemplo, o sono fica comprometido devido à necessidade de despertar durante a noite para a alimentação da criança.

Outros fatores podem contribuir para o surgimento e agravamento do baby blues, como a necessidade de retornar às atividades domésticas ou profissionais.

Como diferenciar o baby blues da depressão pós-parto?

Essa é uma dúvida muito comum entre as gestantes e nem sempre a distinção será tão clara a princípio. Afinal, os primeiros sintomas da depressão pós-parto também surgem nas primeiras 4 semanas após o nascimento do bebê.

Ao contrário do baby blues (que melhora após 30 dias), eles persistem se a paciente não for tratada. No entanto, o tempo de duração não é o único critério. Se a paciente tiver algumas manifestações mais graves, a depressão pós-parto pode ser diagnosticada. Alguns exemplos são:

  • Pensamentos suicidas;
  • Impulsos de agressão a si mesma ou ao bebê;
  • Negligência aos cuidados com o bebê;
  • Alterações alimentares (tanto a fome excessiva quanto a perda de apetite);
  • Fadiga e fraqueza;
  • Isolamento social;
  • Falta de interesse por atividades prazerosas;
  • Ataques de pânico;
  • Pensamentos negativos que duram a maior parte do dia na maioria dos dias da semana.

Algumas pacientes ainda relatam que sofrem com esses sintomas desde antes do parto, mas que eles pioraram após o nascimento do bebê. Nesse caso, é possível que um transtorno depressivo maior já estivesse presente e não foi identificado oportunamente. A conduta, entretanto, nessa situação será a mesma da depressão pós-parto, tendo como objetivo recuperar a qualidade de vida da mulher.

Como minimizar os efeitos do baby blues e prevenir a depressão?

O primeiro passo é a aceitação de que a alteração do humor é comum nesse período e, possivelmente, é um problema passageiro. Assim, previne-se o desenvolvimento de um quadro ansioso mais intenso.

Alguns hábitos e atitudes podem melhorar o humor e a falta de motivação, como:

  • Conversar sobre os seus sentimentos com pessoas em quem você confia, como o parceiro, os familiares e os amigos;
  • Comparecer às consultas médicas que acontecem desde a primeira semana de pós-parto até o fim do puerpério. São oportunidades para você se educar sobre os desafios que está enfrentando;
  • Manter uma alimentação rica em nutrientes, em especial o ômega-3, o qual pode melhorar o humor e evitar a depressão;
  • Praticar exercícios leves, preferencialmente ao ar livre, como hidroginástica e yoga, caminhada;
  • Fazer exercícios de atenção plena (mindfulness);
  • Reservar um tempo para atividades de lazer que você gosta;
  • Aceitar e ter a ajuda de outras pessoas para cuidar da casa ou do bebê;
  • Buscar uma maior sincronização com o sono do bebê.

Com essas medidas, você pode prevenir a evolução do baby blues para a depressão pós-parto. Além disso, eles promovem um alívio significativo dos sintomas e uma recuperação mais ágil da qualidade de vida.

Quer saber mais sobre o baby blues? Confira nosso artigo institucional sobre o tema!

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