Dra Cristiane Pacheco | WhatsApp

O que é e quais são os cistos nos ovários?

Por Dra. Cristiane Pacheco

Os cistos nos ovários estão entre as condições ginecológicas mais comuns nas mulheres. Os ovários são duas glândulas localizadas em cada lado do útero, na cavidade pélvica feminina. Eles apresentam duas funções principais:

  • Armazenamento dos óvulos (gametas femininos): desde o nascimento, cada ovário contém uma reserva finita de folículos, que são estruturas que abrigam um óvulo imaturo. A partir da adolescência, a cada ciclo menstrual, sob influência hormonal, vários folículos iniciam o amadurecimento, mas apenas um deles atinge a fase final de maturidade e, com isso, libera o óvulo durante a ovulação;
  • Produção de hormônios sexuais: os ovários secretam estrogênio e progesterona, hormônios fundamentais para regular o ciclo menstrual, para preparar o útero para uma possível gravidez e para manter características sexuais femininas.

Quando os folículos uterinos amadurecem, eles se enchem progressivamente de líquido e podem aparecer como cistos nas ultrassonografias. Contudo, os ovários também podem conter alguns cistos que são considerados anormais, como veremos neste post.

Quer saber mais sobre os cistos nos ovários? Acompanhe nosso post até o final!

O que são cistos nos ovários?

Cistos nos ovários são lesões com limites bem definidos, sendo caracterizados pela presença de conteúdo líquido. Os cistos nos ovários podem ser classificados em:

  • funcionais, que se relacionam diretamente ao ciclo menstrual;
  • não funcionais, com outras origens, que podem ser relacionadas a processos patológicos.

Cistos funcionais

Os cistos nos ovários funcionais são transitórios. Geralmente, são pequenos com até 5 cm de diâmetro e assintomáticos, pois surgem como parte do ciclo reprodutivo. Os tipos mais comuns de cistos funcionais são:

  • Cisto folicular: durante a primeira fase do ciclo menstrual (fase folicular), vários folículos iniciam crescimento, mas apenas um deles (cisto dominante) se rompe para liberar o óvulo. Se esse rompimento não ocorrer, o folículo continua a produzir fluido, expandindo-se. Com o tempo, costuma regredir, desaparecendo em poucas semanas;
  • Cisto de corpo lúteo: após a ovulação, o folículo vazio se transforma em corpo-lúteo, cuja função é secretar progesterona. O corpo lúteo tende a regredir antes do início do próximo ciclo menstrual. Contudo, em alguns casos, pode haver acúmulo de líquido dentro dele, formando-se o cisto de corpo-lúteo, que geralmente regride em até dois ciclos;
  • Cisto de corpo-lúteo hemorrágico: é um subtipo de cisto de corpo lúteo em que vasos se rompem dentro do corpo-lúteo, fazendo com que o volume aumente rapidamente. Pode provocar dor intensa de um lado só da pelve, principalmente quando há vazamento de sangue ovário, o que provoca inflamação. Apesar disso, também tende a se reabsorver sem intervenção em até um mês.

Cistos não funcionais

Os cistos funcionais surgem de outros processos, como proliferação excessiva de células ou implante de tecido de outros locais do sistema reprodutor feminino. Eles podem não desaparecer espontaneamente e, por isso, exigem acompanhamento mais próximo:

  • Teratoma maduro (dermoide): mais comum na idade reprodutiva, ele contém componentes de diferentes tecidos embrionários, como pele, gordura, cabelo e, às vezes, estruturas dentárias. Geralmente é benigno, mas em cerca de 1% dos casos pode sofrer transformação maligna. Cresce lentamente e pode chegar a 10 a 15 cm, provocando desconforto por compressão de estruturas próximas;
  • Cistadenoma: originado a partir do epitélio na superfície do ovário, apresenta dois subtipos principais. Os serosos são preenchidos por líquido com densidade semelhante à da água, com tamanho que varia de alguns centímetros até grandes massas maiores do que 10 cm. Os mucinosos contêm muco espesso, tendem a ser unilaterais e podem ultrapassar 20 cm. Apesar de volumosos, são geralmente benignos e raramente se transformam em câncer;
  • Endometrioma: resulta do implante de células do endométrio (tecido que reveste o útero) no ovário. As células endometriais se proliferam na fase proliferativa do ciclo menstrual e “sangram” no interior do cisto. Isso faz com que o cisto adquira um tom marrom-escuro (“achocolatado”) de sangue degradado. Frequentemente, os endometriomas causam dor pélvica crônica, dismenorreia (cólicas menstruais) e podem comprometer a fertilidade.

Quais cistos nos ovários podem representar maiores riscos?

Embora a maior parte dos cistos nos ovários seja benigna, algumas lesões císticas podem representar tumores malignos, especialmente os carcinomas epiteliais, que correspondem a cerca de 85–90 % das neoplasias ovarianas malignas. Eles são mais comuns após a menopausa, mas, ainda assim, são raros. Estima-se que menos de 1 a 2 % dos cistos nos ovários sejam cancerígenos.

Certas características aumentam suspeita de malignidade e demandam uma investigação mais aprofundada. Entre os sinais de alerta mais importantes, estão:

  • Características complexas ao ultrassom: presença de regiões sólidos, septos espessos (maiores do que 3 mm), projeções papilares (“nódulos” na parede interna) ou paredes irregulares;
  • Crescimento rápido ou persistência: cistos que aumentam de tamanho em curto período ou que não regridem após dois ou três ciclos menstruais;
  • Bilateralidade: quando o mesmo tipo de cisto aparece em ambos os ovários, o risco de lesão maligna é maior;
  • Ascite ou líquido livre na pelve: acúmulo de fluido fora do ovário pode indicar irritação peritoneal ou implantes tumorais no peritônio;
  • Marcadores tumorais elevados: níveis persistentemente altos de CA 125 no sangue, especialmente em mulheres pós-menopáusicas, estão relacionados mais frequentemente a lesões malignas (mas podem estar presentes em cistos benignos);
  • Sintomas urinários e gastrointestinais: sensação recorrente de estar com “barriga cheia” (plenitude), distensão abdominal constante, dor pélvica crônica, sensação precoce de saciedade, perda de peso inexplicada ou alterações nos hábitos intestinal e urinário;
  • História familiar de câncer ginecológico: antecedente de câncer de ovário, mama ou colorretal na família.

Ainda que a maior parte dos cistos nos ovários seja benigna e se resolva espontaneamente, é fundamental manter o acompanhamento regular com o ginecologista. Assim, qualquer alteração no tamanho, na aparência ou no comportamento do cisto pode ser identificada precocemente. Então, se necessário, o seu médico pode indicar uma conduta individualizada para o seu caso.

Quer saber mais sobre os cistos nos ovários? Toque aqui!

Subscribe
Notify of
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments