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O que é HPV?

Por Dra. Cristiane Pacheco

HPV é uma abreviação para papilomavírus humano, um grupo de microrganismos com capacidade de infectar a nossa pele e as nossas mucosas (que revestem a garganta, o colo do útero e o ânus, por exemplo). Esses vírus recebem muita atenção, pois alguns tipos de HPV podem aumentar as chances de uma pessoa desenvolver câncer em algumas regiões do corpo.

Dentre eles, o que causa maior preocupação atualmente é o câncer do colo do útero. Cerca de 85% dos tumores malignos nessa localidade são causados pelos tipos 16 e 18 de HPV. Com a prevenção e o diagnóstico precoce, o número de casos pode diminuir substancialmente.

As infecções genitais pelos HPV são consideradas infecções sexualmente transmissíveis. Ou seja, os microrganismos podem ser transmitidos durante as relações sexuais, principalmente quando feitas sem a proteção de um preservativo. Antigamente, as ISTs eram chamadas de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).

Esse termo vem sendo abandonado, pois as pessoas associam doenças a manifestação de sintomas (como dor, coceira ou sangramento) e sinais (como verrugas genitais). Contudo, a maioria das infecções sexualmente transmissíveis são assintomáticas. Em outras palavras, as pessoas portam e podem transmitir os microrganismos mesmo sem ter nenhum sintoma. Quer saber mais sobre o HPV, uma das principais infecções sexualmente transmissíveis atualmente? Confira nosso post até final!

O que é HPV?

O HPV, ou papilomavírus humano, é um dos vírus sexualmente transmissíveis mais comuns. Há mais de 200 variantes desse vírus. Desse total, aproximadamente 40 podem infectar a área genital e ao redor do ânus. Desses 40, cerca de 12 têm a capacidade de causar tipos invasivos de câncer. O câncer mais pesquisado que está ligado ao HPV é o câncer de colo do útero.

Mais de 80% das pessoas sexualmente ativas provavelmente se contaminará com ele em algum ponto de sua vida. Contudo, na maioria das vezes, quem contrai o vírus não sente nada e o organismo elimina a infecção em pouco tempo.

Os papilomavírus podem ser agrupados em duas categorias de acordo com o risco de câncer:

  • Tipos de baixo risco, que podem causar verrugas na pele e verrugas genitais. Essas verrugas são geralmente benignas e não estão associadas ao desenvolvimento de câncer;
  • Tipos de alto risco (também chamados de oncogênicos), que estão associados a certos tipos de câncer, como o câncer do colo do útero, ânus, orofaringe e pênis. Os tipos 16 e 18 são os mais oncogênicos e são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero. Além deles, são considerados de “alto risco” os tipos 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59 e 66.

Como ocorre a transmissão do HPV?

O vírus HPV é transmitido pelo contato pele a pele. Em outras palavras, a infecção pode ocorrer quando a superfície corporal de uma pessoa infectada entra em contato com a superfície corporal de um indivíduo saudável. Geralmente, isso ocorre no contato sexual, no qual há um contato físico prolongado entre as pessoas.

Ao contrário do que algumas pessoas pensam, não é o sêmen que transmite o HPV. Por isso, a proteção com camisinha é capaz de reduzir em 60% a chances de transmissão, mas não a elimina totalmente. Afinal, a camisinha não cobre toda a genitália. Nesse sentido, medidas, como a vacinação, são fundamentais para reduzir ainda mais as chances de uma infecção pelo HPV.

Menos comum, a transmissão pode ainda ocorrer por fômites (toalhas e roupas íntimas) ou por via vertical (transmissão da mãe para o bebê durante o parto).

Quais as consequências de não rastrear e tratar as infecções pelo HPV?

Os estudos mostram que cerca de 7% a 8% dos tumores malignos humanos sejam causados pelo HPV. Com isso, eles se tornam um dos principais fatores de risco de câncer, estando relacionado com:

  • Quase todos os casos de câncer do colo de útero;
  • 93% dos cânceres anais;
  • 64% dos cânceres vaginais;
  • 50% dos cânceres de vulva;
  • 40% dos cânceres penianos;
  • 60% dos cânceres de garganta.

Sintomas do HPV

A maioria das infecções pelo HPV será assintomática. A pessoa infectada não manifestará nenhum sintoma ou sinal perceptível. No entanto, as alterações causadas pelo HPV podem ser identificadas com a visualização das células infectadas em um microscópio. Por isso, o exame preventivo é fundamental.

Quando sintomática, a infecção pelo HPV pode causar:

  • Verrugas de diferentes tamanhos;
  • Coceira ou desconforto local;
  • Vermelhidão;
  • Pequenos sangramentos.

Diagnóstico das lesões de HPV

A presença do HPV pode ser diagnosticada com exames de biologia molecular para identificar a presença do material genético do vírus nos tecidos. No entanto, esse não é o exame mais indicado na maior parte dos casos.

O teste mais importante é a citopatologia do colo uterino (Papanicolaou), que envolve a coleta de células durante exame ginecológico periódico. Essas células são analisadas no microscópio e classificadas de acordo com o grau de alteração:

  • lesões de baixo grau, que são modificações mais sutis e leves;
  • lesões de alto grau, as quais são mais significativas e consideradas pré-cancerosas.

Quando alguma dessas lesões é identificada, a paciente pode receber as seguintes indicações:

  • Realizar a citopatologia em um período mais curto;
  • Ser encaminhada para a realização de colposcopia (exame confirmatório de um possível tumor).

A escolha dependerá do tipo de célula, do grau da lesão e da idade da paciente.

Tratamento do HPV

O tratamento dependerá do tipo das características da lesão pode envolver:

  • Conduta expectante, acompanhamento periódico da lesão para verificar sua evolução;
  • Imunomodulação;
  • Retirada da parte afetada do colo do útero, quando o tumor ainda está local;
  • Retirada total do colo do útero nos casos de tumores localmente invasivos;
  • Uma cirurgia mais extensa, radioterapia e quimioterapia podem ser necessárias em casos mais avançados.

Na maior parte dos casos, contudo, as pacientes recebem a indicação da conduta expectante.

Portanto, mesmo com uma grande parcela das mulheres infectadas não manifestando sintomas, não se pode subestimar o impacto do HPV. A vacinação, o diagnóstico precoce e a educação sobre o tema são fundamentais para reduzir a prevalência do vírus e minimizar suas consequências mais graves, como o câncer.

Quer saber mais sobre esse vírus que preocupa tanto os médicos? Confira nosso artigo completo sobre o tema!

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