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O que é líquido amniótico?

Por Dra. Cristiane Pacheco

A gestação é um período extraordinário e complexo em que o corpo da mulher passa por diversas transformações significativas. Durante essa fase, ocorrem uma série de adaptações fisiológicas para permitir o desenvolvimento saudável do feto.

O corpo da mulher passa por mudanças hormonais, metabólicas e estruturais para acomodar o crescimento do bebê e garantir o seu bem-estar. Essas transformações envolvem não apenas o útero, onde o bebê se desenvolve, mas também outros sistemas do organismo, como o cardiovascular, o endócrino e o imunológico.

Parte dessas transformações ocorre devido à necessidade de acomodar também a membrana e o líquido amniótico (LA), que passam a ocupar um grande volume da pelve à medida que a gestação evolui. Quer saber mais sobre o LA e sua importância? Confira nosso post até o final!

O que é o líquido amniótico?

O líquido amniótico é composto principalmente por água e por uma variedade de substâncias essenciais para o desenvolvimento fetal. Sua composição pode variar durante diferentes estágios da gravidez. Além da água, o líquido amniótico geralmente contém:

  • Eletrólitos, como sódio, potássio e cloreto, que ajudam a regular o fluxo de fluidos no ambiente amniótico;
  • Proteínas, incluindo albumina e globulinas, que desempenham um papel importante na proteção imunológica e na manutenção de um ambiente equilibrado;
  • Carboidratos, como a glicose e o glicogênio;
  • Hormônios, como progesterona e estrogênio;
  • Células fetais que foram descamadas da pele, pulmões e trato gastrointestinal do feto. Elas podem ser coletadas e fornecer informações sobre desenvolvimento fetal.

Além desses componentes, o líquido amniótico também pode conter resíduos metabólicos, vérnix caseoso (uma substância gordurosa que protege a pele do feto), mecônio (primeiras fezes do bebê) e micro-organismos provenientes do trato genital materno.

A composição do líquido amniótico é cuidadosamente regulada pelo organismo materno, pelas membranas fetais e pelo corpo do feto. Suas alterações podem ser indicativas de problemas de saúde tanto para a mãe quanto para o bebê.

Durante o início da gravidez, o líquido amniótico apresenta é límpido e claro. À medida que a gestação avança e se aproxima do término, ele pode se tornar mais escuro e com aspecto grumoso. Isso ocorre devido à presença de células e substâncias provenientes do feto.

É importante observar que alterações na coloração pode indicar diferentes situações, como:

  • A tonalidade esverdeada pode sugerir sofrimento fetal;
  • A tonalidade amarelada pode estar relacionada à doença hemolítica;
  • Já a tonalidade acastanhada pode indicar o óbito fetal.

É fundamental estar atento a essas alterações, pois podem sinalizar possíveis complicações que requerem cuidados médicos adicionais.

Quando o líquido amniótico começa a ser produzido?

Durante a gravidez, o líquido amniótico é produzido e absorvido por diferentes processos que envolvem a mãe, o feto, a placenta e as membranas que envolvem o bebê. Em relação ao início da gestação, ainda não temos um conhecimento completo sobre como exatamente o LA é produzido.

Acredita-se que se forme a partir de:

  • plasma do sangue do feto, pois apresenta composição muito semelhante. Nas primeiras semanas de gestação, a superfície do feto ainda não é protegida por uma camada de pele com queratina;
  • plasma materno, que é liberado por meio da decídua (revestimento uterino) ou da superfície placentária.

Como o líquido amniótico é produzido?

À medida que a gravidez avança, a produção do LA passa a depender principalmente da produção de urina pelo feto. A partir de 12 semanas, seus rins começam a funcionar. A secreção renal se torna a principal fonte de líquido amniótico por volta da 20ª semana de gestação.

O líquido pulmonar do bebê também contribui para a formação do líquido amniótico, mas em menor proporção (representa cerca de um sexto do volume de urina diária, comparativamente).

A reabsorção do LA ocorre principalmente quando o feto engole o líquido. O feto pode produzir até 110 ml de urina por quilo de peso a cada hora. Em média, ele libera mais de 1000 ml de urina por dia. Grande parte desse volume é deglutido novamente ou absorvido pelo organismo materno. Esse processo pode representar cerca de 20-25% do peso corporal diário do bebê.

Contudo, a deglutição de LA pelo feto é inferior ao volume de urina produzido. Há também um mecanismo chamado via intramembranosa, que envolve a absorção direta do LA pelos vasos sanguíneos do feto através das membranas que o cercam.

Quais as funções do líquido amniótico?

Entre as funções do líquido amniótico, estão:

  • Protege contra traumas externos;
  • Facilita a livre movimento do feto, prevenindo a compressão de seus membros;
  • Evita adesões entre o feto e a membrana amniótica;
  • Auxilia no desenvolvimento pulmonar fetal;
  • Ajuda a controlar a temperatura basal do feto;
  • Previne infecções devido às características antimicrobianas e a presença de anticorpos.

No momento do trabalho de parto, à medida que o útero contrai, as membranas fetais e o líquido amniótico contribuem para facilitar a dilatação do colo uterino.

Portanto, a produção e a renovação do líquido amniótico são processos fundamentais para a saúde do bebê. A partir desse líquido, podemos diagnosticar eventuais problemas de saúde caso haja alguma evidência clínica de que o feto está em sofrimento.

Quer saber mais sobre os exames do pré-natal? Confira a rotina de cada trimestre da gestação!

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