Dra Cristiane Pacheco | WhatsApp

Ocitocina deve ser utilizada em todo parto normal?

Por Dra. Cristiane Pacheco

O parto normal, também conhecido como parto vaginal, é um processo natural pelo qual um bebê nasce através do canal vaginal. Durante o parto normal, as contrações uterinas ajudam a dilatar o colo do útero, permitindo que o bebê passe pela pelve da mãe até chegar ao mundo.

O parto normal é considerado um processo fisiológico e geralmente é preferido quando não há complicações médicas. Ele oferece benefícios para a mãe e o bebê, como uma recuperação geralmente mais rápida para a mãe e uma menor incidência de algumas complicações para o bebê.

A indução do parto com ocitocina pode ser feita em situações em que um parto normal é seguro, mas deve ser antecipado, ou quando o trabalho de parto não evolui bem. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe!

O que é ocitocina?

A ocitocina é um hormônio e neurotransmissor produzido pelo hipotálamo, uma parte do cérebro, sendo armazenado na hipófise. É um hormônio importante para a reprodução, desde as relações sexuais até o parto e o aleitamento materno. Assim, ela desempenha um papel crucial em várias funções fisiológicas no corpo humano, como:

  • Estímulo ao parto: durante o trabalho de parto, a ocitocina é liberada para estimular as contrações uterinas e facilitar a dilatação do colo do útero;
  • Liberação do Leite: a ocitocina também desempenha um papel na ejeção do leite durante a amamentação;
  • Comportamento sexual: a ocitocina também está envolvida no funcionamento sexual, estimulando as contrações uterinas durante o orgasmo feminino.

Além das funções mencionadas, a administração exógena de ocitocina é muito utilizada para a indução do parto em situações em que essa intervenção é necessária.

Parto normal e ocitocina

O parto normal é o processo pelo qual um bebê é expulso do útero da mãe para o exterior. É um processo natural e fisiológico que, na maioria dos casos, é seguro e saudável tanto para a mãe quanto para o bebê. Ele pode ser dividido em três fases:

  • Fase latente: as contrações uterinas começam a se tornar mais frequentes e intensas, mas ainda não são regulares. O colo do útero começa a dilatar ligeiramente, não ultrapassando o tamanho de aproximadamente duas polpas digitais (ponta dos dedos). Essa fase pode durar de algumas horas a vários dias;
  • Fase ativa: As contrações uterinas se tornam mais regulares e intensas, enquanto o colo do útero se dilata rapidamente. O bebê também começa a se projetar em direção ao canal do parto. Essa etapa pode durar algumas horas;
  • Fase de expulsão: o bebê é expulso do útero através do canal do parto. A dilatação do colo atinge cerca de 10 centímetros no início da fase expulsiva. As contrações uterinas são muito mais fortes e a mulher precisa fazer força para ajudar o bebê a nascer. Essa fase pode durar de alguns minutos a algumas horas;
  • Fase de dequitação e primeira hora pós-parto: após o nascimento do bebê, contrações uterinas mais leves permanecem para facilitar a eliminação da placenta e prevenir hemorragias.

A ocitocina endógena (produzida naturalmente pelo corpo da mulher) é um dos principais hormônios responsáveis por regular a progressão do trabalho de parto normal. Ela atua desde a fase latente até a fase de dequitação. A ocitocina atua no útero de duas maneiras:

  • Estimula a contração das células musculares uterinas: a ocitocina se liga aos receptores nas células musculares uterinas, causando sua contração;
  • Aumenta a sensibilidade das células musculares uterinas à prostaglandina: a ocitocina aumenta a sensibilidade das células musculares uterinas às prostaglandinas, outro hormônio que torna as contrações mais fortes e eficazes.

A liberação de ocitocina é controlada por um mecanismo de feedback positivo. Isso significa que, à medida que as contrações uterinas ficam mais fortes, elas estimulam a liberação de mais ocitocina, o que leva a contrações ainda mais fortes. Esse mecanismo ajuda a manter um ritmo regular de contrações que é necessário para expulsar o bebê do útero. No entanto, isso também está relacionado a um efeito colateral que pode ocorrer com a administração da ocitocina para indução do parto.

A ocitocina deve ser utilizada em todo parto normal?

Não! A administração de ocitocina, como qualquer intervenção médica, apresenta seus riscos e seus benefícios. Portanto, não deve ser utilizada de forma generalizada. Deve-se reservar o uso da ocitocina para situações em que os estudos científicos mostram que os benefícios superam os riscos para a mãe e para o bebê.

As principais indicações são:

  • Parto prolongado;
  • Descolamento prematuro da placenta;
  • Gravidez pós-termo;
  • Ruptura pré-parto de membrana;
  • Corioamnionite;
  • Restrição do crescimento fetal;
  • Oligoidrâmnio;
  • Gravidez gemelar (de gêmeos);
  • Doenças hipertensivas;
  • Diabetes;
  • Doenças hipertensivas;
  • Aloimunização com anemia fetal.

A depender de cada caso, é importante distinguir duas principais situações em que a ocitocina é utilizada:

  • Indução eletiva do parto devido a alguma doença materna ou fetal que justifique a antecipação do parto ou que possa se complicar caso o parto normal se prolongue;
  • Indução devido à evolução anormal de alguma fase do trabalho de parto.

Além disso, a ocitocina pode ser administrada na fase final do parto para a prevenção de hemorragias em mulheres de alto risco de sangramento.

Efeitos colaterais e contraindicações

A indução do parto com ocitocina é um procedimento relativamente seguro, mas pode causar algumas complicações. A mais preocupante é a atividade uterina excessiva. Em outras palavras, as contrações uterinas se tornam muito fortes ou frequentes. Isso pode causar desconforto e dor para a mulher, além de poder levar a complicações mais graves (o que é raro), como ruptura uterina ou sofrimento fetal.

Por esse motivo, as contraindicações geralmente estão relacionadas a um maior risco desses eventos, como:

  • História de cesarianas prévias (principalmente de alto risco);
  • História de ruptura uterina;
  • História de cirurgias com incisão na parede uterina;
  • Placenta prévia;
  • Prolapso do cordão umbilical;
  • Posição fetal transversa;
  • Cardiotocografia com padrão desfavorável.

Além dessas, diversas contraindicações ao parto normal espontâneo também são contraindicações ao parto induzido, como a herpes genital ativa.

Portanto, para reduzir a ansiedade no momento do parto e ter mais autonomia, é importante discutir as opções de parto com o obstetra durante o pré-natal. Isso ajudará a tomar decisões compartilhadas sobre o método de parto mais adequado para cada situação, como a indução do parto normal com a ocitocina.

Quer saber mais sobre o parto normal? Toque aqui!

Subscribe
Notify of
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments