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Parto cesariana (cesárea)

Por Dra. Cristiane Pacheco

Existem duas formas de nascimento: parto normal, pela vagina, e o parto por cesariana ou cesárea, em que o nascimento ocorre por incisões feitas no abdômen e no útero.

Ambos têm benefícios e desvantagens e podem ser mais, ou menos, adequados, de acordo com o desenvolvimento da gestação e as preferências da futura mãe. Os desejos da mãe sempre deveriam ser considerados. É um momento dela, portanto ela deve ser ouvida e orientada a fim de melhor fazer sua escolha.

A cesárea geralmente é opção quando há riscos para a saúde materna ou do bebê. No entanto, ainda que o parto normal seja considerado mais seguro e, por isso, a principal indicação dos obstetras, muitas mulheres optam pela cirurgia, independentemente de existirem razões médicas.

Uma cesariana a pedido, entretanto, não minimiza os riscos comuns a qualquer cirurgia, mesmo que na maioria dos casos o procedimento seja seguro para a mãe e bebê. Por outro lado, pode, ainda, dificultar gestações futuras.

Por isso, para decidir a melhor forma de trazer seu bebê ao mundo é importante, no início do planejamento, uma consulta preconcepção com o obstetra.

Quando o parto por cesariana é indicado?

O parto por cesariana pode ser necessário durante o parto normal ou por problemas médicos. O motivo mais comum que leva à realização do procedimento é o trabalho de parto distócico, isto é qualquer perturbação no bom andamento do parto.

Pode ser por contração uterina ineficaz, problemas de dilatação do canal cervical , se o bebê for grande demais para o canal de parto ou posições anômalas de apresentação do bebê, em especial em parto múltiplos, entre outros.

Por isso, geralmente quando há gestação gemelar, a cesariana é mais indicada. Além disso, é a escolha nos casos em que acontecem as seguintes complicações durantes a gravidez:

  • Defeitos congênitos: se os bebês forem diagnosticados com condições como hidrocefalia (acúmulo excessivo de líquido cefalorraquidiano) ou doenças cardíacas, o nascimento por cesariana reduz a possibilidade de complicações de parto;
  • Angústia fetal: a falta de oxigênio pode causar angústia fetal, por isso, quando o feto não recebe a quantidade suficiente, a cesariana é realizada emergencialmente;
  • Desproporção cefalopélvica (DPC): condição em que a pelve materna não é suficientemente larga para permitir a passagem da cabeça do bebê;
  • Prolapso do cordão umbilical: acontece quando o cordão umbilical desliza pelo colo do útero antes do nascimento, causando diminuição do fluxo sanguíneo para o feto;
  • Problemas de placenta: se houver placenta prévia, nos casos em que a estrutura cobre o colo do útero parcial ou totalmente, e descolamento da placenta, separação do revestimento uterino, levando à perda de oxigênio.

O parto por cesariana normalmente é evitado antes da 39ª semana de gravidez, garantindo, dessa forma, que o bebê tenha tempo para se desenvolver adequadamente. O procedimento deve apenas ser realizado antes desse período se houver complicações.

Como o parto por cesariana é realizado?

Por ser uma intervenção, a cesárea ocorre em ambiente hospitalar. Antes da cirurgia, é realizada a assepsia da região abdominal, assim como as veias são preparadas para a recepção de medicamentos ou substâncias que podem ser necessários durante o procedimento.

Posteriormente, a mulher é anestesiada para bloquear qualquer tipo de dor. No entanto, ela permanece acordada para presenciar o momento de nascimento. Os tipos mais comuns de anestesia utilizados são a raquidiana, a peridural ou duplo bloqueio, definidas na avaliação clínica da mãe e do bebê.

  • Raquidiana: anestesia a parte inferior do corpo e tem efeito imediato;
  • Peridural: aplicada no espaço peridural da coluna vertebral e também torna insensível a parte inferior do corpo, normalmente até o umbigo. A anestesia peridural tem efeito mais duradouro, pois, diferentemente da raquianestesia, anestesia somente as fibras nervosas que transmitem o estímulo doloroso;
  • Duplo bloqueio: chamada ainda anestesia combinada, prevê a administração da raquidiana e da peridural.

Em situações de emergência, pode ser necessário o uso de anestesia geral. Nesse caso, a mulher entra em estado de sono e não consegue assistir ao nascimento, geralmente reservado a complicações clínicas graves na mãe.

Com a paciente anestesiada, é feita uma incisão transversal na região do baixo ventre, em camadas até a parede do útero. Posteriormente, a bolsa é rompida e o bebê retirado. Enquanto ele é avaliado, a placenta é removida e a sutura é realizada novamente em camadas.

Após ser avaliado, é colocado no abdômen da mãe para o primeiro contato.

Há riscos na cesariana?

Ainda que o parto por cesariana sem razões médicas tenha se tornado uma opção muito comum no mundo todo, assim como todo procedimento cirúrgico, oferece riscos para mãe e para o feto. Veja:

Riscos maternos

  • Perda de sangue;
  • Infecção;
  • Lesões no intestino ou bexiga;
  • Formação de coágulos sanguíneos, que podem, inclusive, resultar em trombose venosa profunda (TVP), geralmente nas pernas, e em embolia pulmonar (EP), condição potencialmente perigosa;
  • Dificuldades em futuras gestações: mulheres que pretendem ter mais filhos podem ter dificuldades com um parto normal no futuro, assim como há um risco aumentado de ruptura da cicatriz em gestações posteriores.

O tempo de recuperação também é maior quando comparada ao nascimento por parto normal.

Riscos para o bebê

  • Problemas respiratórios;
  • Maior risco de obesidade infantil ou adulta;
  • Maior risco de bebês natimortos.

Acompanhamento após o parto por cesariana

Após a cesariana, a mulher permanece internada por mais alguns dias, de acordo com cada caso. Quando passa o efeito da anestesia, é importante movimentar-se para evitar a formação de coágulos sanguíneos e constipação.

Para a primeira amamentação, o bebê será posicionado de forma correta por um profissional, evitando, assim, dores na região em que foi feita a incisão ou mesmo a ruptura dos pontos.

Normalmente é recomendado repouso nas primeiras semanas, ao mesmo tempo que a relação sexual deve ser evitada.

É importante, ainda, beber bastante líquido e ficar atenta a sintomas de infecção, como febre alta, corrimento vaginal com odor forte, sangramento com coágulos ou secreções na incisão. Eles indicam a necessidade de procurar auxílio médico com urgência.

A depressão pós-parto também é mais comum na cesariana quando comparadas ao parto normal. Pode ser sinalizada por alterações no humor, sensibilidade e cansaço extremo. Nesse caso é importante procurar ajuda especializada.

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