O termo parto natural é utilizado para descrever o parto que ocorre naturalmente, sem o uso de analgésicos, medicações ou qualquer outra intervenção médica durante o procedimento.

O parto natural tem sido adotado no mundo todo nos últimos anos com o objetivo de adaptar todo o processo a uma perspectiva menos medicalizada. A tendência acompanha as mudanças no comportamento social e cultural e o maior empoderamento feminino, que levaram a intenção de vivenciar todo o nascimento e participar das decisões relativas ao momento.

Além de geralmente não prever o uso de anestesia ou analgésico, esse tipo de parto também não utiliza hormônios para estimular as contrações, nem prevê qualquer tipo de intervenção médica, como incisões para ampliar o canal de parto ou uso de instrumentação, desde que todo o procedimento seja realizado dentro de parâmetros que proporcionem segurança para a mãe e para o bebê.

A dor é o principal receio das mulheres quando o processo é mais natural. No entanto, ela funciona como uma espécie de orientação para que cada uma possa encontrar a melhor maneira de facilitar o nascimento, entre elas a mudança de posição, que possibilita maior intensidade e eficiência das contrações, incentivando o bebê a se instalar e mover pelo canal.

No último mês de gravidez o colo do útero amadurece. As contrações tornam-se perceptíveis e o bebê se instala na pelve. À medida que elas aumentam, o colo do útero dilata e abre para permitir a passagem. A cada contração a dor envia um sinal para o cérebro e a ocitocina é liberada, aumentando, assim, a intensidade.

As posições e atividades que a mulher escolhe em resposta ao que sente ajudam no progresso. A dor aumenta com o desenvolvimento do trabalho, liberando endorfina, que possui grande potencial analgésico, diminuindo naturalmente a percepção até que ocorra o nascimento.

Ainda que o parto natural possa acontecer em casa ou em qualquer lugar definido pela gestante, idealmente deve ser realizado em ambiente hospitalar ou clínicas especializadas, pois, como em qualquer parto, podem ocorrer complicações durante o procedimento, colocando em risco a vida da mãe e do bebê. Por isso, geralmente é recomendado pelo obstetra apenas nos casos em que a gravidez é de baixo risco.

Por que escolher o parto natural?

Nas últimas décadas, a área obstétrica passou por diferentes mudanças. Até o final do século XX, por exemplo, as mulheres ainda davam à luz em domicílio, com a ajuda das parteiras. A presença do médico era apenas solicitada quando havia complicações.

A evolução da medicina e o surgimento de novas tecnologia contribuíram para criar novas condições de nascimento, com maior segurança para a mãe e para o bebê.

No entanto, o aumento das intervenções durante o parto e o uso excessivo de medicação levaram a um ambiente no qual as mulheres, em boa parte dos casos, são submetidas a procedimentos desnecessários. Tornou-se, por exemplo, comum a internação precoce, associada à falta de informação sobre as intervenções que serão realizadas, a pouca privacidade e impossibilidade de o processo ser acompanhado por pessoas próximas.

São condutas que dificultam os cuidados prestados às mulheres durante o parto e que ignoram seus direitos. Por isso, órgãos como a Organização Mundial de Saúde (OMS) propuseram mudanças que têm como objetivo maiores cuidados com a gestante durante o nascimento, incluindo o retorno ao parto natural e a diminuição de medicamentos ou intervenções desnecessárias.

O uso de anestesia, por exemplo, em alguns casos, pode afetar o trabalho de parto, tornando-o mais lento, ao mesmo tempo que a diminuição ou ausência da percepção deixa a mulher dependente do obstetra para guiá-la no processo.

Assim, entre os fatores que atualmente motivam a escolha pelo parto natural está o maior controle sobre todo o processo de trabalho de parto, incluindo a forma de como lidar com a dor, a relação mais próxima com a experiência e maior lembrança do momento de nascimento do filho.

Como em todos os tipos de parto, a experiência é única para cada mulher. O trabalho pode ser mais rápido ou mais demorado, porém, como não são utilizados medicamentos para acelerar, geralmente o nascimento acontece em um tempo maior.

O parto natural também facilita a alimentação precoce, nas primeiras horas após o nascimento. Os benefícios do primeiro leite para o recém-nascido já foram comprovados por diferentes estudos. Conhecido como colostro, ele contém nutrientes fundamentais para fortalecer o sistema imunológico.

Além disso, o contato imediato com a mãe, chamado pele-a-pele, ao mesmo tempo que estabelece o vínculo beneficia a saúde física e psíquica da mãe e do bebê.

Há riscos no parto natural?

Além da dor, os riscos do parto natural são comuns a qualquer tipo de nascimento. Por outro lado, o procedimento não é indicado quando a gravidez oferece algum risco. De forma geral, ele não é aconselhável nas seguintes situações:

• Mulheres em idade avançada;
• Mulheres com histórico de condições médicas, como diabetes, hipertensão ou problemas de coagulação sanguínea;
• Mulheres submetidas a cirurgias anteriores no útero, entre elas a cesariana;
• Mulheres que tiveram complicações durante a gravidez, como restrição do crescimento fetal ou problemas com a placenta;
• Quando a gravidez é gemelar;
• Uso de álcool ou drogas durante a gravidez.

Alguns sinais podem indicar complicações no parto e indicam a necessidade de procurar auxílio médico com urgência:

• Sangramento vaginal intenso;
• Febre alta;
• Corrimento vaginal abundante e com odor forte;
• Náuseas, vertigens e desmaios;
• Dores de cabeça severas que não cessam com o uso de analgésicos;
• Dor abdominal que piora ao longo do dia ou é intermitente;
• Dor ao urinar;
• Dor e inchaço nas pernas.