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Pré-eclâmpsia: o que fazer nessa situação?

Por Dra. Cristiane Pacheco

Durante as gestações, o organismo da mulher passa por diversas modificações. Na maior parte dos casos, esse processo é saudável, mas, em algumas mulheres, podem surgir doenças gestacionais. Nesse sentido, a pré-eclâmpsia é uma complicação gestacional grave que requer atenção cuidadosa durante o pré-natal.

Caracterizada pela presença de hipertensão arterial após a 20ª semana de gestação em mulheres previamente normotensas, essa condição é frequentemente acompanhada por proteinúria ou disfunções em órgãos vitais, como os rins e o fígado. O reconhecimento precoce e o controle adequado da pré-eclâmpsia são essenciais para prevenir a progressão para eclâmpsia, uma complicação potencialmente fatal.

Quer saber sobre o tema? Acompanhe até o final!

O que é pré-eclâmpsia?

A pré-eclâmpsia é uma doença gestacional que merece muita atenção durante o pré-natal. Ela é definida como a presença de hipertensão arterial a partir da 20ª semana em mulheres com pressão arterial normal previamente. Essa manifestação deve ser também acompanhada de uma das duas alterações a seguir:

  • Proteinúria, que é o excesso de proteínas na urina;
  • Disfunções de órgãos frequentemente acometidos por níveis elevados de pressão, como os rins e os olhos.

Eclâmpsia

O termo “pré” gera muita dúvida nas gestantes, pois sugere que a pré-eclâmpsia é algo que acontece antes da eclâmpsia. A eclâmpsia é uma complicação grave, em que ocorre uma crise convulsiva generalizada ou coma em gestantes acometidas pela pré-eclâmpsia. Felizmente, ela pode ser prevenida com um tratamento adequado da pré-eclâmpsia.

Causas da pré-eclâmpsia

Nos primeiros dias de vida, o embrião se nutre a partir das substâncias presentes na secreção da cavidade uterina. Contudo, à medida que ele se desenvolve, ele precisa de uma quantidade cada vez maior de nutrientes. Para isso, algumas células (células trofoblásticas) do embrião começam a invadir o endométrio uterino para se ligar à circulação da gestante.

Com isso, surge um órgão embrionário chamado de placenta. A placenta, além de intermediar as trocas entre a circulação materna e a circulação fetal, produz diversos hormônios que estimulam o corpo da mulher a se adaptar para garantir o desenvolvimento do feto. A pré-eclâmpsia surge quando a invasão das células trofoblásticas é insuficiente. Assim, a placenta produz substâncias que aumentam a pressão arterial materna e provocam outras alterações.

Como diagnosticar a pré-eclâmpsia?

A pré-eclâmpsia é uma condição investigada ativamente durante o pré-natal. Ou seja, mesmo que uma gestante não apresente sintomas, fazemos a investigação de sinais e alterações laboratoriais sugestivas de pré-eclâmpsia.

Mulheres sem hipertensão arterial

A principal conduta de rastreio é o monitoramento da pressão arterial em toda a consulta de pré-natal. A hipertensão arterial na gestante é definida como valores de pressão sistólica maior ou igual a 140 mmHg e/ou de pressão diastólica maior ou igual a 90 mmHg. Em linguagem popular, pode-se dizer que seria uma pressão maior do que 14 por 9.

Caso a hipertensão arterial seja identificada, será necessário realizar exames complementares para verificar se é um caso de hipertensão gestacional ou de pré-eclâmpsia. O aumento da quantidade de proteínas na urina é a alteração mais comum, indicando disfunção dos vasos renais. Além disso, são solicitados exames para investigar a função de órgãos-alvo, como:

  • Função hepática (fígado);
  • Função renal;
  • Hemograma com contagem de plaquetas.

Se houver alterações na ausculta dos pulmões ou queixas pulmonares, pode ser também solicitada uma radiografia de tórax. Em todo caso, o bem-estar fetal também deve ser monitorado com uma ultrassonografia obstétrica com ecodoppler.

Mulheres com hipertensão arterial prévia

A pré-eclâmpsia pode ocorrer também em mulheres com hipertensão arterial crônica, isto é, que apresentam níveis elevados de pressão arterial antes da 20ª semana de gestação. Nessa situação, o diagnóstico de pré-eclâmpsia sobreposta à hipertensão arterial crônica é feito quando a proteinúria ou a lesão de órgão-alvo surgem ou pioram após a 20ª semana de gestação.

O que fazer quando diagnosticada com pré-eclâmpsia?

A principal medida é o acompanhamento médico regular. Após o diagnóstico da pré-eclâmpsia, o pré-natal envolverá consultas mais frequentes com o médico que acompanha o pré-natal. Assim, poderão ser feitos um monitoramento mais próximo da pressão arterial e a realização de exames periódicos para avaliar lesões de órgão-alvo. Outras medidas são indicadas de forma individualizada, considerando a avaliação detalhada de cada gestante.

Anti-hipertensivos

São medicações utilizadas para reduzir os níveis de pressão arterial. Eles não são indicados para todas as gestantes com hipertensão leve ou moderada, sendo necessário avaliar os riscos e os benefícios em cada caso. Contudo, quando os níveis de pressão arterial estão muito elevados (hipertensão arterial grave), devem ser sempre utilizados.

Sulfato de magnésio

É um medicamento utilizado para prevenir e tratar convulsões relacionadas à eclâmpsia. Por isso, é indicado apenas para casos de iminência de eclâmpsia ou de eclâmpsia. A indicação dessa medicação deve ser feita exclusivamente por um médico. A suplementação com magnésio por conta própria é contraindicada, pois pode trazer efeitos muito negativos e não atingir os níveis necessários para prevenir a eclâmpsia.

Parto

O parto é o tratamento definitivo da pré-eclâmpsia, visto que a retirada da placenta elimina os estímulos hormonais que mantêm a pressão mais elevada. A seguir, está a indicação de conduta para o parto nos casos de eclâmpsia:

  • Pré-eclâmpsia sem sinais de gravidade: parto com 37 semanas (a termo);
  • Pré-eclâmpsia com sinais de gravidade e idade gestacional inferior a 24 semanas: a mortalidade neonatal nesses casos é superior a 80%, enquanto o adoecimento materno grave ou a morte materna ocorrem em 27% a 71% dos casos. Por isso, indica-se a finalização da gestação;
  • Pré-eclâmpsia com sinais de gravidade e idade gestacional entre 24 e 34 semanas: busca-se manter a gestação até a 34ª semana, quando, então, a cesariana é realizada. Caso haja sinais de maior gravidade antes da 34ª semana, a cesariana é antecipada ainda mais;
  • Pré-eclâmpsia com sinais de gravidade e idade gestacional após 34 semanas de gestação: realização de uma cesariana.

O controle adequado da pré-eclâmpsia é fundamental para garantir a segurança da gestante e do feto. Com um pré-natal adequado, é possível identificar precocemente os sinais de agravamento e intervir para evitar complicações mais sérias. Em casos mais graves, a antecipação do parto pode ser necessária para proteger a saúde da mãe e do bebê. Assim, o pré-natal desempenha um papel crucial na prevenção de complicações graves associadas à pré-eclâmpsia.

Quer saber mais sobre a pré-eclâmpsia? Toque aqui!

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